O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, ao lançar o alerta num comunicado que divulgou anteontem, revelou que pediu já uma reunião ao presidente do conselho de gerência da
CP, «para lhe perguntar se foi declarada "guerra" aos ferroviários e suas organizações». Da resposta de Francisco Reis dependerá o tipo de acção a desencadear, em conjunto com a CT, adianta o SNTSF/CGTP-IN. Mas, recorda o sindicato, ainda no dia 5 de Novembro, perante questões colocadas relativamente a impedimentos ao exercício do direito à greve, o vogal do CG da
CP, Ricardo Bexiga, manifestou estranheza e disse que não sabia de nada. Ora, afirma o sindicato, os processos disciplinares foram decididos no dia 30 de Outubro...
Foram enviados pedidos de audiência aos grupos parlamentares e foi feita uma exposição ao ministro da tutela e à secretária de Estado dos Transportes. De Ana Paula Vitorino, o sindicato quer saber se foi esta a resposta que a governante ficou de dar, quando, no dia 11, lhe foi comunicado em reunião o protesto sindical acerca das limitações do direito à greve.
No comunicado, o sindicato recorda que a
CP «continua a manter a sua posição de unilateralmente colocar os trabalhadores em falta injustificada nos dias de greve, a pretexto de considerar o pré-aviso de greve ilegal, apesar de decisão contrária do tribunal». Com a paralisação de 1 de Outubro, inserida no «dia nacional de luta» promovido pela CGTP-IN, a gerência da
CP «decidiu ir mais longe, ao instaurar processos disciplinares, com intenção de despedimento, a um conjunto de dirigentes, delegados e activistas sindicais, membros da Comissão e Sub-Comissão de Trabalhadores».
Estes integraram piquetes de greve e «defenderam o cumprimento da lei, que os responsáveis da empresa estavam a violar». No entanto, «foram confrontados com a acção ilegal da GNR, que interveio para proteger as ilegalidades dos responsáveis da
CP» e «são agora objecto de uma nova escalada na ofensiva contra dos direitos dos trabalhadores», acusa o sindicato, salientando que o ataque contra aqueles nove ferroviários é dirigido contra todos os funcionários da empresa ou até mais alargado. «Será que estamos perante uma declaração de guerra aos direitos dos trabalhadores na
CP, como uma primeira etapa para a estender às restantes empresas do sector?» - questiona o SNTSF, apelando à mobilização de todos para rechaçar este grave ataque.
Um caso na Refer«No dia 1 de Outubro, estive de piquete de greve, com mais três camaradas, da meia noite às oito horas, na estação de Viana do Castelo. Fizeram greve os dois trabalhadores que entravam à meia noite, o que entrava às cinco e o que entrava às seis. O único trabalhador escalado para o serviço e que veio trabalhar entrou às oito horas.
«Às cinco da manhã, aparecem-nos dois fura-greves e um doutor, que resolvem chamar a Polícia e obrigar o piquete de greve a entregar as chaves da estação, para eles porem os comboios a circular, mas eu recusei dar as chaves. O doutor, na presença da Polícia, arromba a pontapé as portas de acesso ao edifício e, pela força, põe os dois fura-greves a trabalhar e tenta pôr os comboios a andar, com uma falta enorme de segurança, que foi por mim transmitida à Polícia.
«Quando, às oito, chegou o trabalhador que estava legalmente autorizado a trabalhar, entreguei-lhe as chaves da estação.
«Ontem, foi-me entregue uma participação, com intenção de processo disciplinar, com factos de responsabilidade que eu legalmente não tenho.»
Relato de um dirigente do SNTSF