
- Nº 1829 (2008/12/18)
Greve geral em Itália
Frente amplia-se
Europa
Centenas de milhares de trabalhadores dos diferentes sectores saíram à rua no dia 12 durante a primeira primeira greve geral em Itália desde as eleições de Março que colocaram os partidos da direita no poder.
Apesar das intensas chuvas que assolavam o país, os trabalhadores italianos vincaram o seu protesto contra as políticas de Berlusconi com expressivas manifestações em 108 cidades.
O maior desfile teve lugar em Bolonha, onde mais de 200 mil pessoas se incorporaram numa marcha que foi encabeçada pelo líder da Confederação Geral Italiana de Trabalhadores (CGIL), Guglielmo Epifani, a única central que convocou a greve geral.
Importantes mobilizações registaram-se ainda em Turim (80 mil manifestantes), Milão e Veneza (50 mil), Roma e Nápoles (40 mil), bem como em Florença, Ancona, Bari, Palermo ou Cagliari, onde desfilaram lado a lado operários, estudantes, funcionários públicos, professores, reformados e desempregados.
A paralisação, que se destinou a exigir «mais emprego, mais salários, mais pensões e mais dreitos», registou uma elevada adesão designadamente na indústria do Norte. Na principal fábrica da Fiat, em Mirafiori, cerca de 50 por cento dos operários cessaram a laboração. Hospitais, escolas, correios e agências bancárias encerraram ou reduziram o seu funcionamento. Nos caminhos-de-ferro e transportes públicos de Roma e Veneza a Central Sindical suspendeu a greve para não agravar as dificuldades da população provocadas pela vaga de mau tempo.
No dia da greve, o governo de Silvio Berlusconi decidiu anunciar o adiamento por um ano da controversa reforma do ensino superior e a anulação das medidas mais gravosas no ensino primário e secundário, nomeadamente a introdução do professor único no primeiro ciclo.
Interpretado como uma vitória da luta popular, este claro recuo do governo demonstra que «a mobilização é útil e necessária porque obriga Berlusconi a rever as suas políticas», afirmou Guglielmo Epifani, sublinhando que «a magnitude da crise forçará o governo a actuar de forma séria e a consensualizar as suas decisões com os sindicatos».
A economia italiana atravessa uma profunda crise e as previsões apontam para uma contracção do PIB em um por cento no próximo ano.