6.ª Conferência Nacional da Interjovem/CGTP-IN

Fortalecer os sindicatos rejuvenescendo-os

Reflectir sobre os problemas com que se defrontam os jovens trabalhadores e traçar linhas de acção que contribuam para uma ainda maior participação nas lutas laborais é o objectivo da 6.ª Conferência Nacional da Interjovem, sábado próximo, no Teatro Municipal de Almada.

«Mais de 90 por cento dos con­tratos pre­cá­rios são ile­gais»

«Fortalecer os sindicatos, reivindicar trabalho com direitos, mais estabilidade, mais salários» é o lema da conferência, sobre a qual falaram ao , Célia Lopes, co­or­de­na­dora da In­ter­jovem e Valter Lóios, membro do se­cre­ta­riado na­ci­onal da or­ga­ni­zação ju­venil da cen­tral.
Cerca de 300 jo­vens di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais, pro­ve­ni­entes de todo o País e de todos os sec­tores de ac­ti­vi­dade, vão, a partir das 9.30 horas de sá­bado, dia 30, re­flectir e trocar ex­pe­ri­ên­cias que con­tri­buam para o re­forço da par­ti­ci­pação de jo­vens tra­ba­lha­dores nas ac­ções e lutas la­bo­rais, e eleger a di­recção para o pró­ximo man­dato de quatro anos.
Dar pri­o­ri­dade ao com­bate à po­lí­tica de di­reita do Go­verno PS no mundo do tra­balho, de­sig­na­da­mente ao Có­digo do Tra­balho, re­pu­di­ando as di­fi­cul­dades dos jo­vens para ob­terem em­prego com di­reitos e com­ba­tendo a ge­ne­ra­li­zação da pre­ca­ri­e­dade são ob­jec­tivos cen­trais da acção da In­ter­jovem/​CGTP-IN.
À aná­lise sobre as con­di­ções de tra­balho dos jo­vens por­tu­gueses não fal­tará a sua con­tex­tu­a­li­zação na re­a­li­dade po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e la­boral, com a na­tural cons­ta­tação das graves con­sequên­cias da po­lí­tica do Go­verno PS para a ju­ven­tude, também nos do­mí­nios da Se­gu­rança So­cial, da Ha­bi­tação, da Edu­cação e da Saúde.
Sempre so­li­dá­rios com os jo­vens tra­ba­lha­dores de todo o mundo, os de­le­gados apre­ci­arão uma moção de­di­cada à paz e à so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­onal entre povos, con­de­nando, es­pe­ci­fi­ca­mente, o cons­tante ge­no­cídio pra­ti­cado por Is­rael contra o povo pa­les­ti­niano.

Re­ju­ve­nescer a luta

A con­fe­rência «será uma grande de­mons­tração de dis­po­ni­bi­li­dade para a con­ti­nu­ação da luta, através do re­forço da in­ter­venção no mo­vi­mento sin­dical uni­tário», afirmou Valer Lóios, acres­cen­tando que «os de­le­gados re­flec­tirão sobre as formas de me­lhor con­tri­buir para o for­ta­le­ci­mento da CGTP-IN, pros­se­guindo o tra­balho de re­ju­ve­nes­ci­mento dos qua­dros sin­di­cais».
No centro da aná­lise da re­a­li­dade la­boral das jo­vens ge­ra­ções es­tarão o Có­digo do Tra­balho e a nova le­gis­lação la­boral para a Função Pú­blica; a pre­ca­ri­e­dade, o tra­balho tem­po­rário, as do­enças pro­fis­si­o­nais e os baixos sa­lá­rios; as di­fi­cul­dades para obter pri­meiro em­prego e a per­se­guição de que são ví­timas jo­vens tra­ba­lha­dores sin­di­ca­li­zados ou com res­pon­sa­bi­li­dades sin­di­cais, tanto no sector pú­blico como no pri­vado.
A cons­tante re­ti­rada de di­reitos, o en­ca­re­ci­mento do custo de vida, as di­fi­cul­dades cada vez mai­ores para cons­ti­tuir fa­mília, ter uma ha­bi­tação con­digna e uma vida la­boral que per­mita aos jo­vens pers­pec­tivar o fu­turo serão, igual­mente, ma­té­rias em aná­lise que le­varão os de­le­gados a exigir uma ver­da­deira mu­dança de po­lí­tica.

Con­tratos ile­gais

A con­tra­tação a prazo para o de­sem­penho de fun­ções per­ma­nentes viola fla­gran­te­mente a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, «que obriga à efec­ti­vação do con­trato nestas si­tu­a­ções», re­cordou Célia Lopes, sa­li­en­tando que este prin­cípio não é, se­quer, cum­prido no sector pú­blico, onde o pa­trão é o Go­verno.
Por esse mo­tivo, «ac­tu­al­mente, mais de 90 por cento destes con­tratos são ile­gais, de facto», acusou, re­cor­dando haver si­tu­a­ções ainda mais «aber­rantes», em que «o tra­ba­lhador, antes de ser des­pe­dido, é obri­gado a dar for­mação ao que o vai subs­ti­tuir».
Outro grave pro­blema para os jo­vens tra­ba­lha­dores é a le­gis­lação re­la­tiva ao con­trato de pri­meiro em­prego. São con­tra­tados a termo du­rante os pri­meiros 18 meses, mas a Se­gu­rança So­cial en­tende que só é tra­ba­lhador à pro­cura de pri­meiro em­prego quem não tem mais de seis meses de des­contos, em­bora a ju­ris­pru­dência con­tinue a con­si­derar que tra­ba­lhador à pro­cura de pri­meiro em­prego é todo o que não tem vín­culo efec­tivo.
«É um cú­mulo dos cú­mulos, com gra­vís­simas con­sequên­cias, porque pro­por­ciona haver con­tra­tados a prazo du­rante muitos anos que, quando ve­ri­fi­camos o con­trato, mantém o es­ta­tuto dos que con­se­guem o pri­meiro em­prego», re­velou Célia Lopes, re­cor­dando que também há já
em­presas «a aplicar, mesmo antes da sua en­trada em vigor, al­gumas das graves me­didas ins­critas na ac­tual re­visão do Có­digo do Tra­balho, no­me­a­da­mente o banco de horas e a adap­ta­bi­li­dade dos ho­rá­rios».

28 de Março contra a pre­ca­ri­e­dade

Com o pro­pó­sito de com­bater a pre­ca­ri­e­dade, a In­ter­jovem re­for­çará, na Con­fe­rência Na­ci­onal, o apelo à par­ti­ci­pação na ma­ni­fes­tação na­ci­onal de jo­vens tra­ba­lha­dores, no dia 28 de Março, em Lisboa.
«Desde 2006 que esta ma­ni­fes­tação, no Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude, tem tido uma cres­cente par­ti­ci­pação de jo­vens tra­ba­lha­dores que, este ano, vol­tarão a re­pu­diar, nas ruas, todos os vín­culos que com­pro­metem a es­ta­bi­li­dade ne­ces­sária para po­derem pers­pec­tivar um fu­turo com di­reitos», afirmou Valter Lóios.
Re­flec­tindo o tra­balho de­sen­vol­vido pela cen­tral e a In­ter­jovem no com­bate à pre­ca­ri­e­dade, «no úl­timo man­dato au­mentou a sin­di­ca­li­zação de jo­vens con­tra­tados a prazo, de­sig­na­da­mente no sector do co­mércio e ser­viços, porque co­meça a des­mis­ti­ficar-se a ideia de que o tra­ba­lhador con­tra­tado não se pode sin­di­ca­lizar», in­formou Célia Lopes.
A In­ter­jovem, com a CGTP-IN, tem con­se­guido, por via da sin­di­ca­li­zação, mo­bi­lizar jo­vens tra­ba­lha­dores com con­tratos pre­cá­rios para a luta, for­çando o pa­tro­nato a efec­tivar con­tratos, pe­rante a pressão dos sin­di­catos.
Exemplo de que vale sempre a pena lutar foi o dado pelos jo­vens sub­con­tra­tados, por via de em­presas de tra­balho tem­po­rário, na Por­tucel de Se­túbal, du­rante a greve geral de 30 de Maio de 2007, quando con­se­guiram pa­ra­lisar a em­presa, obter 40 por cento de au­mento sa­la­rial e mai­ores pe­ríodos de des­canso.
Também no âm­bito da quin­zena de ac­ções contra a pre­ca­ri­e­dade, pro­mo­vida pela CGTP-IN, entre 10 e 20 de No­vembro úl­timos, des­tacou-se a luta dos tra­ba­lha­dores da TMN, no Call-center da Ve­dior, que exi­giram os mesmo di­reitos con­sa­grados aos tra­ba­lha­dores do quadro.
«O tra­ba­lhador com vín­culo pre­cário deve sempre sin­di­ca­lizar-se», acon­se­lhou a di­ri­gente sin­dical, «porque é quase sempre o pri­meiro a não ver re­no­vado o con­trato quando ca­duca e, por isso, ne­ces­sita re­al­mente dos apoios pres­tados pelo sin­di­cato, sob pena de não ter quem o ajude».


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