- Nº 1855 (2009/06/18)
Novo Hospital do Seixal com serviço de urgência

O fruto da luta

Assembleia da República
A ministra da Saúde assegurou segunda-feira em despacho que o futuro Hospital do Seixal será dotado de «um serviço de urgência básica». Este foi o resultado da luta firme das populações e do PCP que tudo fizeram para travar a perspectiva do Governo que excluía aquela valência essencial da nova unidade de saúde.

Por satisfazer continua porém uma outra reivindicação há muito colocada pela população e que tem a ver com a necessidade de equipar o novo Hospital com camas de internamento. Nada é dito a este respeito pela titular da pasta da Saúde no referido despacho onde esta reconhece a existência de várias condicionamentos nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, entre as quais, como «muito problemáticos», o «acesso ao Hospital Garcia de Orta às horas de ponta e nos períodos estivais».
O certo é que aquelas duas valências - camas de internamento e serviço de atendimento para situações de urgência - desde sempre foram encaradas pelos habitantes da Margem Sul como fundamentais e indispensáveis para uma adequada prestação de assistência hospitalar, capaz de satisfazer as necessidades da população.
E por elas se bateu o PCP que, ainda muito recentemente, recorde-se, viu inviabilizado pelo PS um projecto de resolução da sua autoria no qual o Parlamento recomendava ao Governo que dotasse o futuro Hospital do Seixal com aquelas duas vertentes consideradas indispensáveis. A sua necessidade foi, aliás, reconhecida pela empresa Antares Consulting, em estudo técnico elaborado em 2006 e que o Governo interpretou como sendo de referência técnica para a definição do «perfil» do novo hospital.

Desonestidade política

Não obstante essa identificação, e ao arrepio de todas as opiniões e vozes que vêem na existência daquelas valências a única forma de responder de forma adequada às necessidades da população em termos de assistência hospitalar, a verdade é que o Governo nos últimos tempos vinha apontando para a nova unidade uma perspectiva de tipologia onde era inexistente qualquer referência a camas de internamento e a serviços de urgência. Foi perante a possibilidade de tal cenário que o Grupo comunista entendeu apresentar o seu projecto de resolução, sendo que esse texto levado a plenário, como foi salientado na ocasião em declaração de voto assinada pelos deputados comunistas Francisco Lopes e Bruno Dias, nem sequer era o texto do PCP, mas sim um texto que fora subscrito, apresentado e votado favoravelmente por todos os partidos políticos na Assembleia Municipal do Seixal.
Este acabou por ser mais um caso em que ficou a nu a «atitude de «incoerência, desonestidade política e desrespeito pelas populações e utentes da Saúde da região de Setúbal» por parte do PS que, dando o dito por não dito, veio a votar negativamente no Parlamento o mesmo texto que antes aprovara e subscrevera no Seixal.
A área de influência do novo hospital do Seixal abrange os cerca de 500 mil habitantes dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, que actualmente apenas dispõem do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Este, não obstante o esforço dos seus profissionais, regista dificuldades de resposta, dado ter apenas 312 camas, 20 por cento das quais são ocupadas pelo serviço das urgências.
De acordo com o referido estudo da empresa Antares Consulting, existirá um defice de, pelo menos, 330 camas de hospital de agudos nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra em 2015.