PCP e PS não falaram de alianças em Lisboa

«Não houve nenhuma reunião para esse fim»

Muito se tem dito na imprensa acerca das eleições autárquicas em Lisboa e dos alegados esforços do candidato do PS, António Costa, para estabelecer uma união à esquerda que trave Pedro Santana Lopes. O Avante! falou com Carlos Chaparro, do Comité Central, e responsável pela organização do PCP na cidade de Lisboa para esclarecer o assunto.

Avante! – Re­cen­te­mente, muito se disse acerca das ten­ta­tivas de An­tónio Costa para es­ta­be­lecer ali­anças de es­querda em Lisboa, im­pos­si­bi­li­tadas pelos ou­tros par­tidos, no­me­a­da­mente o PCP. Que co­men­tário te me­rece estas afir­ma­ções?

Carlos Cha­parro – Que isso não corresponde à verdade. Não houve nenhuma reunião com o PS para esse fim, talvez porque António Costa e o PS tiveram consciência de que não era possível haver uma aliança entre os que combatem a política de direita e os que a realizam. Formalmente, a última reunião entre o PCP e o PS ocorreu a seguir às eleições de 2007. Daí para cá podem ter sido proferidas algumas declarações públicas, mas não houve nenhuma reunião entre partidos para discutir esse problema. Nem sequer nenhuma tentativa...

O ar­gu­mento apre­sen­tado por muitos para a ne­ces­si­dade de união «da es­querda» é o pe­rigo de ver no­va­mente a au­tar­quia da ca­pital nas mãos da di­reita e de San­tana Lopes. O que pensa o PCP sobre este «pe­rigo»?

Não podemos ter a memória curta: em 2001, quando Santana Lopes ganhou as eleições, havia uma coligação entre o PCP, o PS e o PEV. Que, por responsabilidade do PS, se desagregou logo no início de 2002. Alguns dos que agora vêm referir a necessidade de combater a política de direita não fizeram absolutamente nada, nessa altura, para esse combate. Aliás, a política de direita só passou porque o PS a deixou passar.
É bom recordar que o PS, que se queixa agora da situação financeira da Câmara, aprovou os planos e orçamentos do PSD no tempo de Santana Lopes. Mas aprovou também os relatórios e contas, a alteração simplificada do Plano Director Municipal (que levou a todas as negociatas na área do urbanismo) e o negócio do Parque Mayer. O que vimos nessa altura foi o PS a sufragar a política de direita quando, juntamente com o PCP, teria uma maioria absoluta na Assembleia Municipal que permitiria travar o seu desenvolvimento. Portanto, quem combateu sozinho a política de direita foi o PCP, foi a CDU.
Além do mais, há que ter presente que Santana Lopes não representa hoje o perigo eleitoral que representava em 2001. Passaram oito anos e Santana Lopes fez a política miserável que fez em Lisboa e no Governo do País.

En­tre­tanto, He­lena Ro­seta, que se can­di­da­tara por um mo­vi­mento de in­de­pen­dentes há dois anos, chegou a acordo com o PS e in­te­grará a sua lista...

Para nós não é surpresa que Helena Roseta integre as listas do PS. Aliás, ela tem já um acordo de gestão com o PS, inclusivamente com vereadores a tempo inteiro na actual Câmara. O facto de haver membros do movimento que integram a lista do PS sem sequer discutir programas mas apenas lugares é revelador do que são alguns destes movimentos que se dizem independentes e que na primeira oportunidade se passam de armas e bagagens para a lista do PS. E é bom não esquecer que o movimento de Helena Roseta fez toda uma campanha contra os aparelhos partidários e os partidos.
Todos aqueles que, pelas razões mais diversas, votaram nas políticas que a lista de Helena Roseta defendia têm uma única alternativa, que é a CDU.


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