Bem vindos ao Avanteatro 2009!

Onde os sonhos sobem ao palco

Durante dois dias e meio, 19 espectáculos de 16 companhias de teatro para todos os gostos e idades, e ainda dança, homenagens e muita música terão lugar num espaço cada vez mais acolhedor onde prima a grande qualidade dos trabalhos apresentados.
Prova disso são os melhoramentos efectuados no palco, explicaram Pedro Lago e Manuel Mendonça, responsáveis pela construção e por toda a logística de um Avan­te­atro cada vez mais aprazível.
Este ano, a novidade estrutural é a implantação de uma laje em cimento armado, como chão de palco, permitindo melhores condições de trabalho não só para quem actua como para quem constrói o Avan­te­atro, revelou Pedro Lago, membro do secretariado da Festa do Avante!.
Com um programa tão vasto poder-se-ia pensar que entre os espectáculos pouco tempo haveria para os visitantes se recomporem para a actuação seguinte, mas não é assim. «Apesar da complexidade a que obriga o multifacetado programa, sobra sempre tempo, entre espectáculos, para se comentar o que se viu, conviver, ir ao bar e voltar à plateia», garante Manuel Mendonça.
Difícil é sempre a selecção dos trabalhos que se candidatam à Festa, porque «o que não falta são trabalhos com grande qualidade, em todas as vertentes artísticas», acrescentou.
Outra prioridade nunca esquecida é trazer grupos de regiões mais interiores do País e, por isso, menos divulgados e conhecidos. Este ano, vão estar na Festa companhias provenientes da Guarda e do Pinhal Novo.

O ano de Darwin

No ano em que por todo o mundo se celebram 200 anos do nascimento de Charles Darwin, o Grupo de Teatro A Bar­raca regressa à Festa, na noite de sexta-feira, com O ano de Darwin, peça encenada por Hélder Costa. A presença de Darwin deve-se também a «toda uma série de consequências políticas provocadas pelas descobertas de Darwin e que foram referência e justo motivo de preocupação para Karl Marx, que lhe ofereceu o primeiro volume de O Ca­pital, lembra Manuel Mendonça.
A peça subordina-se à influência que teve sobre Darwin uma tertúlia realizada na universidade de Cambridge pelo seu professor, John Henslow, e pretende demonstrar como «no mundo tudo se transforma», como escreveu Darwin, citando Heráclito.

Can­ções de Brecht e A co­média mos­queta

Proveniente da autarquia de maioria CDU onde decorre um dos mais importantes festivais de teatro do mundo que, segundo Manuel Mendonça, «nunca é tratado na comunicação social com as mesmas honras proporcionadas a eventos teatrais de menor importância», a Com­pa­nhia de Te­atro de Al­mada levará a cena A Co­média Mos­queta e Can­ções de Brecht, interpretadas por Teresa Gafeira, acompanhada ao piano, domingo à noite, por Francisco Sasseti.
O trabalho do fortemente comprometido encenador comunista alemão, Bertold Brecht, no período da ascensão nazifascista, na Alemanha dos anos 30, dá corpo e alma a esta peça com textos de Brecht musicados pela primeira vez em português, numa típica farsa do cabaret berlinense daqueles tempos.
Encenada por Mário Barradas, a Co­média Mos­queta do dramaturgo italiano do século XVI, Ângelo Beolco é a recriação da peça estreada em 1972 pelo grupo Os bo­ne­creiros, nascido no início daquela década. Desta forma, a Festa do Avante! «homenageará», sábado, ao início da noite, todos os camaradas do grupo original, alguns já malogrados como Fernanda Alves ou José Gomes, e outros ainda connosco, como Mário Jacques», sublinhou Manuel Mendonça. A recriação é feita com o mesmo cenário e a mesma encenação da peça original, graças à colaboração do encenador e do cenógrafo Chrisitian Rätz.

Três ho­me­na­gens pós­tumas

No ano em que Vasco Granja nos deixou, o homem e militante comunista, parte indivisível da sua vida que muitas biografias omitem propositadamente, será homenageado na Festa. Vasco Granja ensinou miúdos e graúdos a fascinar-se com a, na altura desconhecida, qualidade do cinema de animação feito na Europa socialista de leste e não só.
Ce­leste Amorim foi uma incansável militante comunista e antifascista, membro do Coro Lopes Graça desde a sua criação, intérprete de voz invejável e profundamente comprometida com as mais nobres causas humanistas. A justa homenagem que lhe vai ser postada destacará os aspectos mais marcantes da sua actividade.
Nascido na capital do Norte e falecido em Outubro passado, Carlos Porto, crítico de teatro consagrado, poeta, tradutor e militante comunista será igualmente recordado como combatente decidido e corajoso lutador pela liberdade teatral, a inovação e o profissionalismo.

Te­atro in­fantil

Os ma­cacos a correr e os me­ninos a aprender é uma brincadeira de crianças de que muitos estarão recordados e que dá o nome a esta peça «do tempo em que os animais falavam», que fará as delícias dos mais pequenos, sábado pela manhã, interpretada pelo Grupo de Teatro Intervalo, no palco do Avan­te­atro.
Logo depois, Conto-te Abril, no exterior, vai explicar aos miúdos a importância e o significado da Revolução de 25 de Abril de 1974 e da liberdade. A peça repete domingo à tarde.
His­tória de uma gai­vota e do gato que a en­sinou a voar, do Grupo Art'i­magem e escrita por Luís Sepúlveda contará às crianças, na manhã de domingo, como é sempre possível realizar-se objectivos que parecem, à partida, impossíveis, através de uma rábula entre uma gaivota apanhada pela poluição que vai aprender com o gato que pode e deve voar.

Te­atro de rua e ani­ma­ções
Hu­manum fatum

Sexta-feira e sábado à noite a Co­o­pe­ra­tiva PIA, Pro­jectos de In­ter­venção Ar­tís­tica, sediada no Pinhal Novo traz o teatro de rua com o espectáculo Hu­manun Fatum. Com a chegada de uma nova era, o destino vem ligar o homem à máquina num engenho universal movido por correias de sentimentos.

Sobre Rodas

Sobre rodas é um espectáculo de dança, teatro, música e circo, interpretado, sábado à noite, pela CIM - Com­pa­nhia In­te­grada Mul­ti­dis­ci­plinar que vem demonstrar como a integração e a reabilitação de crianças com paralisia cerebral, que o interpretam, é não só possível como recomendável. É uma deliciosa história onde curiosas personagens promovem um encontro entre um homem e uma mulher, e uma parceria entre a As­so­ci­ação Vo'Arte, a As­so­ci­ação de Pa­ra­lisia Ce­re­bral de Lisboa e o Centro de Re­a­bi­li­tação de Pa­ra­lisia Ce­re­bral Ca­louste Gul­ben­kian.

Ma­capi

Com a presença animada de uma marioneta gigante simbolizando o Zé Povinho, o Grupo Mo­vi­mento Ani­mação Cul­tural Arte Po­pular Ibé­rica, Ma­capi garante que vai animar as ruas da Festa durante os três dias.

Do­cu­men­tário sobre o SAAL
Elogio ao ½

O jovem realizador Pedro Sena Nunes aventurou-se a explicar como os «filhos da meia-praia», como carinhosamente os apelidou José Afonso, do bairro 25 de Abril, junto a Lagos, converteram as palhotas onde viviam em casas construídas por si próprios depois da Revolução de Abril. É uma retrospectiva do plano arquitectónico SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, e do que dele ficou por fazer apesar de muitas promessas, transportando-nos desses tempos à actualidade.

Mais es­pec­tá­culos

Trio ani­mato

Durante os três dias, este grupo musical formado em 2005 por três estudantes do curso de instrumento que se conheceram em estágios de orquestra promete animar o bar do Avan­te­atro, com um repertório que vai desde o século XVIII até aos dias de hoje.

Quiné – da côr da ma­deira

Quine misturará, na noite de sexta-feira, também no bar do Avan­te­atro, percussões e um xilofone africano, a m'­bila. «Da côr da madeira» significa música colorida expressa em ligações culturais e migrantes entre os povos através da música, numa simbiose de ritmos tradicionais portugueses com ritmos do mundo.

Po­emas da minha vida

Interpretados por Io Apol­loni, Po­emas da minha vida sobe ao palco pela meia-noite de sábado. «Estes poetas são a minha alma gémea», considera a actriz cujos pergaminhos não requerem apresentações. Apolloni recitará, com música de fundo, poemas italianos, portugueses, umbros, romanos e um napolitano.

Nas­rudin

É uma personagem popular da cultura árabe. Nas­rudin, um escritor de contos será interpretado, na noite de sexta-feira pela Com­pa­nhia Gato que ladra. Encenada por Pedro Alvarez Ossorio, esta peça musicada resulta de vários intercâmbios teatrais internacionais de origem ibérica e pretende ser uma viagem onde as histórias são contadas sem nunca nos ser revelado o mistério por detrás delas.

An­tónio Palma e con­vi­dados

O bar do Avan­te­atro vai ter animação, no fim da noite de sábado, com o Jazz do músico de Portimão, An­tónio Palma e con­vi­dados.

Sín­tese

Pro­ve­ni­ente da Guarda, este grupo de música contemporânea envolverá, domingo à tarde, intérpretes e compositores que buscam novos universos sonoros tendo como referências clássicos contemporâneos, misturando sonoridades que vão do instrumento solo à pouco ortodoxa electro-acústica.

O me­nino é Lindo

Grupo musical e de grande animação, O me­nino é lindo terá, pela segunda vez, a responsabilidade de encerrar os espectáculos do Avan­te­atro, domingo, no bar.