Crise na Alemanha

Despedimentos depois do voto

O governo alemão tem um acordo tácito com a indústria para evitar despedimentos até às legislativas de 27 de Setembro, mas depois haverá reduções de postos de trabalho.

Patrões admitem despedimentos em massa

«De momento, a Alemanha está preservada contra mudanças, mas depois das eleições a mensagem será outra, o que é normal», reconheceu Hakan Samuelsson, presidente executivo da MAN, uma das 30 maiores empresas germânicas, ao jornal Financial Times Deutschland.
O matutino recorda, na sua edição de segunda-feira, 24, que já nas legislativas de 2005, foram tomados cuidados especiais com a questão do desemprego, embora o governo da altura, liderado pelo social-democrata, Gerhard Schroeder, tenha acabado derrotado nas urnas.
Evitando sobressaltar a opinião pública em vésperas de eleições, empresas como a Siemens, o maior empregador alemão, esperaram que o sufrágio se realizasse para, no dia seguinte, anunciarem o despedimento de milhares de trabalhadores.
O mesmo está a verificar-se neste momento, alerta o FTD, notando que continua a haver um excesso de mão-de-obra e de capacidade de produção, sobretudo na indústria automóvel e na metalomecânica, expoentes da economia germânica e a base das suas exportações.
Recorrer ao regime de trabalho parcial, como já aconteceu em milhares de empresas alemãs, afectando cerca de um milhão de trabalhadores, «não basta, porque as empresas estão a sofrer», disse ao FTD o empresário Reinhold Wuerth, dono da grande fábrica de parafusos com o mesmo nome.
Segundo cálculos da Agência Federal de Trabalho (BA), as empresas alemãs já gastaram este ano entre 4,2 e 6,2 mil milhões de euros para evitar despedimentos e financiar o trabalho parcial, apesar de este regime também ser fortemente apoiado por verbas do Estado.
Porém, as empresas também beneficiam com o trabalho parcial, porque de outra forma teriam de pagar em média indemnizações de sete mil euros para despedir um trabalhador com pouca qualificação e 32 mil euros para despedir um operário especializado, ainda de acordo com o estudo citado pelo jornal alemão.
A agência estatal calcula que ao longo do ano haverá 1,1 milhões de trabalhadores em regime de trabalho parcial e que o número de horas trabalhadas no país diminuirá 38 por cento. Partindo de uma média anual de 1500 horas por trabalhador, tal quebra corresponderá a uma redução de 630 milhões de horas laborais, calculou a agência.


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