
- Nº 1867 (2009/09/10)
Não esquecemos!
Festa do Avante!
O PCP não esquece os seus militantes. Todos eles, por mais insignificante que tenha sido a sua participação, fazem parte da sua história. A homenagem a militantes que se destacaram na vida política e cultural do País e colocaram a sua arte ao serviço do povo, tem sido a forma encontrada para relembrar todos.
Este ano, a Festa do Avante! voltou a escolher a sua área nobre – o Espaço Central – para essas homenagens. Assim, quem entrava neste espaço, via logo à sua esquerda 12 painéis que evocavam a vida e obra de Soeiro Pereira Gomes, figura incontornável de «intelectual, escritor, resistente antifascista, dirigente do PCP», no ano em que se assinala o centésimo aniversário do seu nascimento. Os seus primeiros passos; a travessia pelos difíceis anos 30, quando sobre a Europa crescia a ameaça do fascismo e quando aderiu ao PCP, para cujo Comité Central viria a ser eleito em 1946, no IV Congresso do Partido; a sua acção política e o seu percurso de resistente e associativista, são factos relembrados nesta exposição, que acaba com o registo de algumas das suas importantes obras. Esteiros, dedicado aos «filhos dos homens que nunca foram meninos»; Contos Vermelho, aos «companheiros que, na noite fascista, ateiam clarões»; e Engrenagem, aos «trabalhadores sem trabalho – rodas paradas de uma engrenagem caduca», são alguns dos livros deste pioneiro do neo-realimo aqui referidos.
Mas as homenagens a destacados militantes e vultos da cultura portuguesa estavam um pouco por todo o lado, nomeadamente na Bienal, onde o destaque ia para o pintor Luís Ralha, este ano desaparecido. Ainda no Espaço Central, o Auditório de Projecção dedicou a maior parte do seu programa a nomes grandes como Adriano Correia de Oliveira, Ary dos Santos, Fernando Lopes Graça, José Gomes Ferreira, Michel Giacometti (também homenageado no espaço de Setúbal) e, ainda, Vasco Granja e Bartolomeu Cid dos Santos, também este ano desaparecidos, com a projecção de belos documentários. Ainda neste espaço, através de um ecrã gigante, os visitantes podiam ver Ary dos Santos declamar «As Portas que Abril Abriu» como só ele sabia.