Crimes de guerra em Gaza
O recurso ao Conselho de Segurança e ao TPI permitiria exigir a Israel mais informações sobre os incidentes apurados pela missão conduzida pelo juiz Goldstone.
Israel atiça o lume em Jerusalém
O Conselho dos Direitos Humanos da ONU decidiu sexta-feira, em Genebra, adiar, para a sessão de Março de 2010, a votação de uma resolução sobre o relatório do juiz sul-africano Richard Goldstone. Este concluiu que Israel e o Hamas cometeram crimes de guerra, durante a ofensiva militar israelita contra a faixa de Gaza, que teve lugar entre 27 de Dezembro de 2008 e 18 de Janeiro deste ano.
Goldstone dirigiu uma missão da ONU que investigou 36 incidentes, ocorridos durante a ofensiva, e ouviu dezenas de testemunhas palestinianas e israelitas. O relatório, apresentado dias antes, indica que durante a operação morreram 1400 civis palestinianos e três civis e 10 soldados israelitas.
A missão recomendou que, através do Conselho de Segurança, a ONU exigisse que o Estado israelita e as autoridades de Gaza fornecessem informações sobre os inquéritos que realizaram sobre os factos ocorridos naquela altura. Propôs ainda que, caso tal pedido não fosse atendido no prazo de seis meses, a investigação deveria ser transferida para o Tribunal Penal Internacional. «Há muito tempo que prevalece na região uma cultura de impunidade», disse Goldstone, a 29 de Setembro, ao apresentar o relatório, citado pela agência Lusa.
Na quinta-feira, dia 1, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, exortou a ONU a não submeter à avaliação do Conselho de Segurança o relatório sobre a guerra em Gaza, sob pena de sabotar o processo de paz, referiu a agência.
Tensão em Jerusalém
A polícia israelita voltou a mobilizar anteontem milhares de efectivos para Jerusalém, depois de ter detido dezenas de manifestantes palestinianos nos últimos dias. A tensão agravou-se desde que, a 27 de Setembro, um grupo de israelitas acedeu à Esplanada das Mesquitas, contrariando as restrições em vigor e levando a Autoridade Nacional da Palestina a denunciar o aumento da presença de Israel na Cidade Santa e e a tentativa de judaização do terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, após Meca e Medina.
O comunicado do Governo da ANP foi emitido segunda-feira, após a reunião semanal do conselho de ministros, apela à mobilização dos palestinianos e contém igualmente um apelo à comunidade internacional, para suster os planos de Israel, e foi considerado «muito duro» pelas agências que o referiram.
Anteontem, um porta-voz da Organização de Libertação da Palestina, comentando os confrontos recentes, acusou Israel de estar a «acender fósforos», em vez de tomar medidas para repor a normalidade. Saeb Erekat acusou o Estado israelita de esperar que deflagre «um incêndio», para o que «aumenta deliberadamente» a tensão em Jerusalém Oriental, criando uma situação «extremamente perigosa».
O vice-primeiro-ministro de Israel, Sylvan Shalom, terá anteontem declarado, na rádio pública, que «começou a batalha pela soberania de Jerusalém e, em particular, do Monte do Templo», segundo referiram as agências noticiosas.
Local sagrado para judeus e muçulmanos, a Esplanada das Mesquitas (começada a construir pelo califa Omar, no Séc. VII, depois de tomar a cidade) ocupa cerca de 14 hectares, no centro da «cidade velha», no sector anexado por Israel em 1967, e é também designada por Monte do Templo (o Muro das Lamentações é o que resta das ruínas do Segundo Templo, destruído pelos romanos no ano 70 da era cristã, onde se encontrava o «Santo dos Santos», com as Tábuas da Lei recebidas por Moisés) ou Nobre Santuário (Haram al-Sharif, onde se encontram as mesquitas de Al-Aqsa e de Omar, esta sobre o Domo da Rocha).
Goldstone dirigiu uma missão da ONU que investigou 36 incidentes, ocorridos durante a ofensiva, e ouviu dezenas de testemunhas palestinianas e israelitas. O relatório, apresentado dias antes, indica que durante a operação morreram 1400 civis palestinianos e três civis e 10 soldados israelitas.
A missão recomendou que, através do Conselho de Segurança, a ONU exigisse que o Estado israelita e as autoridades de Gaza fornecessem informações sobre os inquéritos que realizaram sobre os factos ocorridos naquela altura. Propôs ainda que, caso tal pedido não fosse atendido no prazo de seis meses, a investigação deveria ser transferida para o Tribunal Penal Internacional. «Há muito tempo que prevalece na região uma cultura de impunidade», disse Goldstone, a 29 de Setembro, ao apresentar o relatório, citado pela agência Lusa.
Na quinta-feira, dia 1, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, exortou a ONU a não submeter à avaliação do Conselho de Segurança o relatório sobre a guerra em Gaza, sob pena de sabotar o processo de paz, referiu a agência.
Tensão em Jerusalém
A polícia israelita voltou a mobilizar anteontem milhares de efectivos para Jerusalém, depois de ter detido dezenas de manifestantes palestinianos nos últimos dias. A tensão agravou-se desde que, a 27 de Setembro, um grupo de israelitas acedeu à Esplanada das Mesquitas, contrariando as restrições em vigor e levando a Autoridade Nacional da Palestina a denunciar o aumento da presença de Israel na Cidade Santa e e a tentativa de judaização do terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, após Meca e Medina.
O comunicado do Governo da ANP foi emitido segunda-feira, após a reunião semanal do conselho de ministros, apela à mobilização dos palestinianos e contém igualmente um apelo à comunidade internacional, para suster os planos de Israel, e foi considerado «muito duro» pelas agências que o referiram.
Anteontem, um porta-voz da Organização de Libertação da Palestina, comentando os confrontos recentes, acusou Israel de estar a «acender fósforos», em vez de tomar medidas para repor a normalidade. Saeb Erekat acusou o Estado israelita de esperar que deflagre «um incêndio», para o que «aumenta deliberadamente» a tensão em Jerusalém Oriental, criando uma situação «extremamente perigosa».
O vice-primeiro-ministro de Israel, Sylvan Shalom, terá anteontem declarado, na rádio pública, que «começou a batalha pela soberania de Jerusalém e, em particular, do Monte do Templo», segundo referiram as agências noticiosas.
Local sagrado para judeus e muçulmanos, a Esplanada das Mesquitas (começada a construir pelo califa Omar, no Séc. VII, depois de tomar a cidade) ocupa cerca de 14 hectares, no centro da «cidade velha», no sector anexado por Israel em 1967, e é também designada por Monte do Templo (o Muro das Lamentações é o que resta das ruínas do Segundo Templo, destruído pelos romanos no ano 70 da era cristã, onde se encontrava o «Santo dos Santos», com as Tábuas da Lei recebidas por Moisés) ou Nobre Santuário (Haram al-Sharif, onde se encontram as mesquitas de Al-Aqsa e de Omar, esta sobre o Domo da Rocha).