Escalada militar prepara guerra

Venezuela alvo do império

O presidente Hugo Chávez alertou para a preparação de uma agressão norte-americana contra o seu país. As movimentações militares da Colômbia e dos EUA confirmam a ameaça.

Sete novos ba­ta­lhões mi­li­tares foram mo­bi­li­zados pela Colômbia

Depois de ter permitido a instalação no seu território de sete bases militares dos EUA, «a Colômbia está a mover unidades terrestres junto à fronteira [com a Venezuela]», disse Chávez no programa semanal «Alô Presidente». Estas manobras, explicou, juntam-se à campanha de identificação da revolução bolivariana com o fornecimento de armas à guerrilha colombiana, às constantes declarações hostis de altos mandatários de Bogotá (ministro da Defesa, vice-presidente e presidente), à entrada de paramilitares colombianos em território da Venezuela, aos exercícios aéreos e navais dos EUA em Aruba e Curaçau (ilhas sob soberania holandesa situadas a 70 quilómetros da Venezuela para onde os norte-americanos deslocaram uma esquadrilha de F-16) e à incursão no país de aviões espiões não-tripulados (drones) enviados pelo Pentágono.
«Temos de estar alerta. Estão a prepara o terreno», considerou Chávez, para quem a Colômbia está a ser instrumentalizada pelos EUA como plataforma para a agressão.
No mesmo discurso, citado pela VTV, o presidente venezuelano detalhou que a aeronave comandada à distancia – com capacidade para transportar e lançar mísseis, e cujas operações se têm apurado com sucesso no Iraque, Afeganistão e Paquistão, representando, no orçamento militar dos EUA para o próximo ano, 36 por cento do total das missões aéreas a realizar em 2010 – foi avistada em Fuerte Mara, no Estado de Zulia, e esclareceu já ter dado ordens para que aparelhos deste tipo sejam derrubados.

Re­forço ame­a­çador

Os alertas de Hugo Chávez surgem depois do governo colombiano ter decidido instalar uma nova base militar em Guajira, na fronteira com o Estado venezuelano de Zulia. As instalações vão ser financiadas pelos EUA e construídas com o auxílio logístico daquele país, confirmou o ministro da defesa da Colômbia, Gabriel Silva.
O executivo de Álvaro Uribe também confirmou a activação de sete novos batalhões das forças armadas, seis dos quais são unidades aéreas, e um de operações especiais. Dois vão ficar estacionados junto à fronteira com a vizinha nação latino-americana, revelam informações divulgadas pela EFE. Dos restantes, um vai ficar acantonado no estado de Guaviare, e quatro integram duas das bases militares norte-americanas usadas pelos EUA.
Este reforço ameaçador – ao qual acresce ainda a transferência de material militar e armamento dos EUA para a Colômbia no âmbito do acordo recentemente assinado entre ambos – é consistente com os tambores de guerra que o imperialismo e os seus Estados vassalos têm vindo a troar contra a Venezuela e os demais países que no subcontinente empreendem processos progressistas, democráticos e de soberania nacional.
Desde 2006, Washington realiza jogos de guerra em Aruba e Curaçau envolvendo centenas de porta-aviões e vasos de guerra, aviões de combate e helicópteros, submarinos nucleares e milhares de soldados. A Venezuela já protestou junto da Holanda e pretende que a UE tome posição.
Em 2008 o Pentágono reactivou a IV Frota da Armada, encarregue de defender os interesses norte-americanos na América Latina. A IV Frota foi desactivada na década de 50 do século passado e a sua recolocação ao serviço mereceu da parte dos países da América Latina o mais vivo repúdio e veementes pedidos de explicações junto de Washington.
Para mais, a Venezuela tem sido apontada pela Casa Branca como um Estado não-cooperante para com o «combate ao narcotráfico» e o «terrorismo internacional», e só a dependência dos EUA face ao petróleo venezuelano impediu George W. Bush de incluir o país no famoso grupo de nações do «eixo do mal».
Já a semana passada, a secretária de Estado Hillary Clinton fez saber à Venezuela, Bolívia, Brasil, e Nicarágua que «devem pensar nas consequências» do estreitamento de laços económicos com o Irão e «aconselhou» os chefes de Estado respectivos a «pensarem duas vezes antes de o fazerem».


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