Continuando

José Casanova

Nos média do­mi­nantes, pros­segue a ope­ração de cen­sura à ac­ti­vi­dade do PCP.

Es­panta que assim seja? Não: sendo esses média pro­pri­e­dade do grande ca­pital e sendo o PCP o par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores, é normal que sobre este re­caia a cen­sura de classe da­queles.

A in­sis­tência, aqui, na de­núncia dessa cen­sura visa, tão so­mente, não deixar passar im­pune a hi­po­crisia desses média ao apre­sen­tarem-se como in­de­pen­dentes, plu­rais, isentos, im­par­ciais...

Eis al­guns factos.

Nas de­zenas de ini­ci­a­tivas de fim-de-se­mana, em que o PCP co­me­morou o seu 89º ani­ver­sário, ne­nhuma rádio es­teve pre­sente e os jor­nais e te­le­vi­sões que foram a duas delas, foi pra­ti­ca­mente como se lá não ti­vessem es­tado, pois sobre o acon­te­ci­mento dis­seram... nada.

O co­mício na Aula Magna, com o se­cre­tário-geral do Par­tido, ou foi pura e sim­ples­mente ig­no­rado; ou foi cri­te­ri­o­sa­mente ocul­tado em meia dúzia de li­nhas só lo­ca­li­zá­veis através de atu­rada busca; ou foi ar­ru­mado em nota de ro­dapé cir­cu­lante isto, não obs­tante ter sido, de longe, a maior re­a­li­zação par­ti­dária do fim-de-se­mana (e da se­mana, e das se­manas...)

Outro caso: o Pú­blico que co­me­mora o seu 20.º ani­ver­sário e tem dado voz a uma série de pa­ne­gi­ristas que não se cansam de lhe des­co­brir e louvar qua­li­dades in­de­pen­dentes, plu­rais, de isenção e de im­par­ci­a­li­dade c. não está pre­sente em qual­quer ini­ci­a­tiva do PCP desde as úl­timas elei­ções au­tár­quicas que, como uma boa me­mória nos dirá, ocor­reram em Ou­tubro do ano pas­sado...

En­tre­tanto, no que res­peita às ac­ti­vi­dades dos ou­tros par­tidos, o plu­ra­lismo, a im­par­ci­a­li­dade, o blá-blá-blá, fun­ci­onam ple­na­mente: o CDS/​PP está todos os dias na ri­balta; ao PSD e à cor­reria a que os três gé­meos se en­tregam, é con­ce­dido todo o es­paço e todo o tempo ne­ces­sá­rios para que os gé­meos - que são um finjam que são três, cada um fa­lando como se fosse três.

Isto para não falar do BE, que, na sua qua­li­dade de filho que­rido dos média do grande ca­pital, está todos os dias em todos eles, a cores, com fotos, sor­risos e mú­sica de fundo.

Por isso o agra­de­cido Louçã, aos brindes no ani­ver­sário do órgão da Sonae, de­clamou: «O Pú­blico é um jornal de opi­nião livre».

Favor com favor se paga.



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