A LUTA DE MASSAS É O CAMINHO

«O que o grande ca­pital pre­tende é au­mentar a ex­plo­ração»

Milhares e mi­lhares de tra­ba­lha­dores, em de­zenas de ma­ni­fes­ta­ções re­a­li­zadas por todo o País, as­si­na­laram o 1.º de Maio.

Tratou-se de uma im­pres­si­o­nante jor­nada que, sendo de festa e de co­me­mo­ração do 120º ani­ver­sário do Dia In­ter­na­ci­onal do Tra­ba­lhador, foi igual­mente, como não podia deixar de ser na si­tu­ação ac­tual, uma as­su­mida jor­nada de luta contra a po­lí­tica de di­reita.

Mas foi, acima de tudo, uma inequí­voca afir­mação da dis­po­ni­bi­li­dade dos tra­ba­lha­dores para dar con­ti­nui­dade, in­ten­si­ficar e alargar essa luta.

Com efeito, cons­truídas na sequência de um vasto con­junto de ac­ções – com des­taque para a jor­nada de luta do sector dos trans­portes, mar­cada pelo forte im­pacto das greves do sector fer­ro­viário e de vá­rias em­presas como a Trans­tejo, a So­flusa, os TST, a Transdev – as ma­ni­fes­ta­ções do 1º de Maio, re­a­li­zadas pela CGTP-IN em de­zenas de lo­ca­li­dades, cons­ti­tuíram um sig­ni­fi­ca­tivo ponto de par­tida para novas, mais fortes e mais par­ti­ci­padas lutas.

Lutas que se de­sen­vol­verão nos planos sec­to­riais e de em­presa e que vol­tarão a con­fluir na ma­ni­fes­tação na­ci­onal de 29 de Maio anun­ciada no co­mício da Ala­meda Afonso Hen­ri­ques – e que de­verá ser um mo­mento de con­ver­gência de todas as lutas dos tra­ba­lha­dores e de todos os sec­tores da po­pu­lação ví­timas das con­sequên­cias da po­lí­tica de di­reita.


Sem sur­presa, os média do­mi­nantes tra­taram as ma­ni­fes­ta­ções do 1º de Maio de acordo com os seus cri­té­rios in­for­ma­tivos, isto é, de­sin­for­mando cri­te­ri­o­sa­mente.

Me­no­ri­zando as múl­ti­plas ac­ções pro­mo­vidas pela CGTP-IN e em­po­lando a ini­ci­a­tiva da UGT, deram mais um passo no cum­pri­mento da ta­refa de que estão in­cum­bidos: con­denar, com­bater e pro­curar travar a luta dos tra­ba­lha­dores – ta­refa or­de­nada pelo pa­trão, o grande ca­pital, e cum­prida com igual fi­de­li­dade pelo seu Go­verno e pelos pro­pa­gan­distas de ser­viço à po­lí­tica de di­reita, chamem-se eles He­lena André, Mário So­ares, Passos Co­elho ou Paulo Portas.

Aliás, o medo que os pro­ta­go­nistas da po­lí­tica de di­reita têm da luta de massas, per­cebe-se tanto me­lhor quanto, como os pró­prios sabem, ela cons­titui o prin­cipal obs­tá­culo à con­cre­ti­zação dos seus planos – ou, di­zendo de outra forma: a luta de massas é o ca­minho e a so­lução para pôr termo a essa po­lí­tica ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital, e para im­ple­mentar uma po­lí­tica de es­querda ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.


Uma so­lução que se apre­senta tanto mais ne­ces­sária quanto a si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do País se agrava todos os dias num pro­cesso sem re­torno.

O de­sem­prego con­tinua a au­mentar, e a pro­posta do Go­verno em re­lação aos de­sem­pre­gados, só agrava a já gra­vís­sima si­tu­ação exis­tente, visto que, para além de re­duzir o sub­sídio de de­sem­prego, pro­move a baixa dos sa­lá­rios, a pre­ca­ri­e­dade e os des­pe­di­mentos - e a pre­ca­ri­e­dade alastra, ame­a­çando ge­ne­ra­lizar-se; e os des­pe­di­mentos mul­ti­plicam-se com a luz verde do Go­verno ao pa­tro­nato para fazer o que quer e lhe ape­tece, e com o en­cer­ra­mento de em­presas de­cor­rente de uma po­lí­tica de des­truição do apa­relho pro­du­tivo. Re­do­bram as ame­aças de con­ge­la­mento dos sa­lá­rios e in­ten­si­fica-se o ataque às pen­sões e apoios so­ciais. Cresce o nú­mero de tra­ba­lha­dores com sa­lá­rios em atraso. Paira, ame­a­ça­dora, a si­nistra pers­pec­tiva de corte dos sub­sí­dios de fé­rias e de Natal - apre­sen­tada por go­ver­nantes e ou­tros pro­pa­gan­distas da po­lí­tica de di­reita como ne­ces­sária, ine­vi­tável e, por­tanto, normal.

Tudo isto ge­rando, ou acen­tu­ando, os graves pro­blemas de sub­sis­tência que fla­gelam um nú­mero cres­cente de fa­mí­lias.

Tudo isto ge­rando, ou acen­tu­ando, a acu­mu­lação de lu­cros dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.


A na­tu­reza da po­lí­tica de di­reita, o seu con­teúdo anti-so­cial, anti-pa­trió­tico e anti-na­ci­onal é bem vi­sível na re­acção do Go­verno e do seu pri­meiro-mi­nistro – de­vi­da­mente co­ad­ju­vados pelos res­tantes re­pre­sen­tantes po­lí­ticos dos in­te­resses da classe do­mi­nante - face ao ataque de que o nosso País está a ser alvo por via das «clas­si­fi­ca­ções» das agên­cias de no­tação – um ataque cujo con­teúdo re­vela cla­ra­mente o papel su­bal­terno e ser­viçal de­sem­pe­nhado por Por­tugal na União Eu­ro­peia do grande ca­pital.

In­ca­pazes de re­agir às or­dens hu­mi­lhantes dos chefes com a dig­ni­dade pa­trió­tica que a si­tu­ação exigia e im­punha, José Só­crates e Passos Co­elho te­le­fo­naram-se, jun­taram-se e fi­zeram… o que sabem fazer: de có­coras, ju­raram obe­decer aos di­tames dos cen­tros de de­cisão do grande ca­pital; obe­di­entes, ju­raram pros­se­guir e in­ten­si­ficar o ataque às con­di­ções de vida e aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e acen­tuar mais e mais a ex­plo­ração; fi­de­lís­simos, ju­raram pros­se­guir a po­lí­tica de di­reita comum aos dois – po­lí­tica de de­sastre eco­nó­mico e so­cial - e que tão bem serve os in­te­resses do grande ca­pital; ras­te­jantes, ju­raram de­po­sitar fi­el­mente os in­te­resses de Por­tugal, a sua in­de­pen­dência e so­be­rania, nas garras pre­da­doras do grande ca­pital na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal; sub­ser­vi­entes, apre­sen­taram o PEC, ou seja, o com­pro­misso de fazer pagar aos tra­ba­lha­dores as con­sequên­cias da crise pro­vo­cada pelo ca­pital.

E com tudo isso con­firmam, afinal, a fal­si­dade das in­ten­ções pro­cla­madas pelo grande ca­pital de «ajudar» ou «apoiar» as eco­no­mias mais de­bi­li­tadas. E as­sumem que, como os mais re­centes acon­te­ci­mentos e de­ci­sões mos­tram – e o caso da Grécia cla­ra­mente pa­ten­teia – o que o grande ca­pital pre­tende é, apenas e só, au­mentar a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e dos povos e po­ten­ciar os seus lu­cros. Con­tando para isso com a co­la­bo­ração ac­tiva de go­vernos sub­missos - como o Go­verno PS/​José Só­crates.