Futuro para as calendas
Os comunistas da Península de Setúbal discordam da decisão do Governo, apoiado pelo PSD e pelo CDS-PP, de adiar as grandes obras públicas, nomeadamente a ponte Barreiro-Chelas, a alta velocidade ferroviária e o novo aeroporto.
Nas eleições de 2009, o PS fez campanha em torno destes projectos
Num comunicado de dia 13, o Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP considera que, a concretizar-se este adiamento, o Governo somará à ofensiva que lançou contra os trabalhadores e as populações os cortes no investimento público, «tão necessário à vida das populações e à economia do País». Com estes cortes, acrescenta-se, agravam-se as injustiças sociais e desfere-se um novo e profundo golpe na capacidade produtiva nacional.
Esta decisão, precisam os comunistas, vem pôr em causa o desenvolvimento regional e a qualidade de vida da população da região e da Área Metropolitana de Lisboa. Mas, alertam, «está em causa também o próprio desenvolvimento nacional».
Segundo o PCP, a «necessidade da construção da ponte Barreiro-Chelas, com valências rodo-ferroviárias, é há anos reivindicada pelo PCP, pelo poder local democrático e pelas populações da região de Setúbal». E contribuirá, garante, para um «mais equilibrado ordenamento do território na Área Metropolitana de Lisboa, a melhoria das acessibilidades inter e intra-regionais e a qualidade de vida das populações de ambas as margens».
Já a decisão de fazer parar a linha de alta velocidade ferroviária vinda de Madrid no Poceirão é «grave para o presente e o futuro do País», destaca o PCP. As «soluções» vindas a público, no sentido de colocar os passageiros da alta velocidade – e presume-se que também as mercadorias –, no «já sobrelotado eixo ferroviário norte-sul actualmente explorado pela Fertagus» são, para o PCP, irrealizáveis e inaceitáveis.
Quando ao novo aeroporto, o PCP recorda que sempre defendeu que a sua construção deveria obedecer a um «rigoroso planeamento, execução e fiscalização, de investimento público e de valorização do papel da ANA e da TAP». Os comunistas destacam que um maior lapso de tempo até ao início da sua construção «não pode prejudicar mais ainda as populações afectadas pelas gravosas medidas preventivas aplicadas há quase dois anos».
No comunicado, o PCP lembra que o PS assentou, na região, a sua campanha para as três eleições realizadas no ano passado na «manipulação oportunista» destas obras. Na altura, os comunistas denunciaram que o PS só obrigado pela luta das populações e pelas condições criadas pelo poder local democrático tomou estas decisões, «adiadas tempo demais».