Coro afinado

O de­pu­tado José So­eiro, in­ter­pe­lando o líder da ban­cada do PSD, Mi­guel Ma­cedo, que mo­mentos antes te­cera duras crí­ticas ao Go­verno, con­frontou-o com o des­fa­sa­mento entre o dis­curso hostil por este pro­fe­rido e o apoio, de facto, à po­lí­tica de di­reita.

E lem­brou, a pro­pó­sito, que o Go­verno é o cul­pado pela si­tu­ação que vi­vemos, no­me­a­da­mente pelos 730 mil de­sem­pre­gados, muitos deles sem di­reito ao res­pec­tivo sub­sídio, pelos dois mi­lhões de po­bres, pelo fluxo de cem mil emi­grantes anuais, pelas di­fi­cul­dades com que se de­batem as fa­mí­lias, as em­presas e o País.

Daí ter ques­ti­o­nado se a ati­tude do PSD, «ao deixar ar­rastar esta si­tu­ação e dar a mão ao Go­verno», com os olhos postos em elei­ções daqui por um ano – ati­tude que ape­lidou de «cal­cu­lismo po­lí­tico» – não está a con­denar o País para uma si­tu­ação que diz cri­ticar mas que na ver­dade subs­creve.

Mi­guel Ma­cedo, na res­posta, jus­ti­ficou a re­cusa da sua ban­cada em acom­pa­nhar a moção de cen­sura ale­gando o cí­nico ar­gu­mento de que as suas «con­sequên­cias ins­ti­tu­ci­o­nais» - a queda do Go­verno, en­tenda-se – le­va­riam a uma maior des­pro­tecção dos já des­pro­te­gidos e a um agra­va­mento da si­tu­ação eco­nó­mica. Mais uma voz afi­nada no muito re­pe­tido coro do PS e PSD de que seria «juntar uma crise po­lí­tica à crise fi­nan­ceira e eco­nó­mica».



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