Norte-americanos sofrem impacto da crise capitalista

Mais de metade perdeu emprego, salário e poder de compra

A mai­oria dos tra­ba­lha­dores norte-ame­ri­canos afirma que ficou sem em­prego, viu o seu ren­di­mento baixar ou foi obri­gado a aceitar re­dução de ho­rário ou tra­balho a tempo par­cial.

«48 por cento das pes­soas clas­si­fi­caram a sua si­tu­ação como muito pior»

De acordo com um es­tudo re­a­li­zado pela Pew, mais de 55 por cento dos norte-ame­ri­canos fi­caram sem o res­pec­tivo posto de tra­balho, viram a sua re­mu­ne­ração baixar ou foram em­pur­rados para si­tu­a­ções de tra­balho a tempo par­cial. No texto, di­vul­gado pela agência EFE, afirma-se ainda que 1 em cada 6 in­qui­ridos se viu cons­tran­gido a fazer cortes nas des­pesas cor­rentes.

A quebra do poder de compra é, aliás, um dos dados mais re­le­vantes que re­sulta das en­tre­vistas efec­tu­adas pela Pew a pro­pó­sito das con­sequên­cias da crise ca­pi­ta­lista entre os tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação dos EUA.

Cerca de 48 por cento das pes­soas clas­si­fi­caram a sua si­tu­ação como muito pior que antes da eclosão da crise, e ou­tros tantos en­tendem que a «re­cu­pe­ração eco­nó­mica» vai ser bas­tante longa. Apro­xi­ma­da­mente ¼ dos norte-ame­ri­canos con­si­deram que os seus fi­lhos terão um nível de vida pior que o deles.

O do­cu­mento da Pew su­blinha também que, apesar do de­sem­prego (não agrí­cola) ter es­ta­bi­li­zado em torno dos 9,5 por cento, cerca de 16,6 por cento dos tra­ba­lha­dores da Amé­rica do Norte la­boram a tempo par­cial ou en­con­tram-se à pro­cura de outro pa­trão a quem vender a força de tra­balho.

Outro factor que re­sulta da crise é a du­ração do de­sem­prego. Ac­tu­al­mente, o pe­ríodo médio situa-se nos 23,2 se­manas, o maior ja­mais re­gis­tado, e quase o dobro da média de 12,3 se­manas no final da II Grande Guerra Mun­dial, quando o fim do con­flito im­pe­ri­a­lista atirou mi­lhões de tra­ba­lha­dores das fá­bricas de ar­ma­mento para o de­sem­prego.

O fla­gelo…

Já após a di­vul­gação do es­tudo da Pew, o De­par­ta­mento de Tra­balho dos EUA con­firmou que, na se­mana que ter­minou a 26 de Junho, o total de pe­didos de sub­sídio de de­sem­prego au­mentou em 13 mil, o que, so­mado aos mais 43 mil pe­didos re­gis­tados na se­mana an­te­rior (ter­mi­nada a 19 de Junho), faz o nú­mero de norte-ame­ri­canos de­pen­dentes da­quela pres­tação so­cial ul­tra­passar os 4,7 mi­lhões.

Os dados re­la­tivos aos be­ne­fi­ciá­rios de sub­sídio de de­sem­prego não in­cluem os abran­gidos por ou­tros apoios pagos ao nível es­tatal findas as 26 se­manas de sub­sídio de de­sem­prego. Para o De­par­ta­mento de Tra­balho, estes são mais 3,3 mi­lhões de pes­soas, as quais ar­riscam ficar sem qual­quer au­xílio caso o Con­gresso não aprove a pror­ro­gação dos sub­sí­dios so­ciais com ca­rácter de ur­gência.


e a ocul­tação


Se quanto aos dados ofi­ciais do de­sem­prego es­tamos con­ver­sados, quanto à ocul­tação da sua real di­mensão ainda fica algo por dizer.

A no­tícia no final da se­mana pas­sada era a da queda da taxa de de­sem­prego nos EUA em duas dé­cimas - de 9,7 por cento em Maio, para 9,5 por cento em Junho. Ora, para além deste in­di­cador não con­ta­bi­lizar a des­truição do em­prego agrí­cola, es­tima-se que cerca de 600 mil pes­soas te­nham pura e sim­ples­mente dei­xado de ser con­ta­bi­li­zadas por ale­ga­da­mente terem dei­xado de pro­curar em­prego. Isto é, estão entre os que não contam para o De­par­ta­mento de Es­tado, mas contam para o avo­lumar do fla­gelo.


Eco­nomia de­pri­mida


Si­mul­ta­ne­a­mente, o Ins­ti­tuto para Gestão da Oferta dos EUA di­vulgou um con­junto de in­di­ca­dores que ilus­tram a de­pressão em que se en­contra a eco­nomia do país. De Maio para Junho, todos os ín­dices caíram: a ac­ti­vi­dade in­dus­trial de­cresceu de 59,7 para 56,2,; o em­prego cedeu de 59,8para 57,8; os preços pas­saram de 77,5 para 57; as novas en­co­mendas su­cum­biram de 65,7para 58,5; a pro­dução re­cuou de 66,6 para 61,4. Cres­ci­mento, so­mente nos stocks de bens e mer­ca­do­rias, que cres­ceram li­gei­ra­mente de 45,6 para 45,8.

Se­gundo in­for­ma­ções vei­cu­ladas pela Dow Jones, o De­par­ta­mento do Co­mércio es­tima em 0,2 por cento a quebra nos gastos com a cons­trução civil entre Abril e Maio. As vendas pen­dentes de imó­veis, por seu lado, re­cu­aram 30% em Maio, o pri­meiro mês de­pois do fim do pro­grama de in­cen­tivo fiscal lan­çado pelo Go­verno, acres­centa a nota da agência fi­nan­ceira que re­porta dados da As­so­ci­ação Na­ci­onal de Agentes Imo­bi­liá­rios.


Crise sobre rodas


Os dados con­jun­tu­rais di­vul­gados no final de Junho e início de Julho de­mons­tram, igual­mente, que no sector au­to­móvel a crise ca­pi­ta­lista con­tinua a fazer-se sentir.
Ford, Ge­neral Mo­tors, Toyota ou Chrysler re­gis­traram quedas nas vendas entre os 12 e os 14 por cento.

No pólo oposto ao das mul­ti­na­ci­o­nais cuja mai­oria dos mo­delos se des­tinam às massas la­bo­ri­osas, estão as grandes marcas cons­tru­toras de gamas au­to­mó­veis altas ou de luxo.

A im­por­ta­dora e dis­tri­bui­dora de mo­delos des­por­tivos Porsche Cars North Ame­rica, Inc., anun­ciou que em Junho de 2010 o total de uni­dades ven­didas cresceu 137 por cento em com­pa­ração com o mesmo pe­ríodo de 2009. Todos os mo­delos da marca des­fru­taram de um só­lido cres­ci­mento, diz a em­presa, e em re­lação ao mo­delo Pa­na­mera, as vendas nunca foram tão boas.

No mesmo re­gisto, a Mer­cedes-Benz USA in­formou que as usas vendas cres­ceram 25,4 por cento no mês de Junho e 25,7 por cento no acu­mu­lado do ano. Al­guns dos seus mo­delos ven­deram mesmo mais 75 a 153,8 por cento, con­fir­mação de que a grande bur­guesia acu­mula ca­pital com a crise ou sem ela, e, por isso, não se poupa aos «mimos» pró­prios de quem vive da de­pre­dação.



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