Acordo «Swift» ameaça privacidade

PE volta atrás

Uma mai­oria de eu­ro­de­pu­tados aprovou, dia 8, o cha­mado acordo «Swift», apesar de há apenas quatro meses o ter re­jei­tado por não con­for­mi­dade com as leis eu­ro­peias re­la­tivas à pro­tecção de dados. 

Vaga se­cu­ri­tária afronta li­ber­dades pú­blicas

Esta po­sição do Par­la­mento Eu­ropeu foi con­si­de­rada «inad­mis­sível» pela de­pu­tada do PCP, Ilda Fi­guei­redo, su­bli­nhando que o acordo com os EUA «não ga­rante a se­gu­rança e a pri­va­ci­dade»

«A troca e acesso às bases de dados, quer pelas au­to­ri­dades dos EUA quer pelas agên­cias da UE, re­vela-se de grande in­cer­teza, acar­re­tando pe­rigos não con­tro­lá­veis. Cri­mi­nosos e ino­centes, sus­peitos e in­sus­peitos, todos en­tram num pro­cesso que não as­se­gura, como vem sendo de­mons­trado, a sua efi­cácia».

A de­pu­tada de­nun­ciou que a «vaga se­cu­ri­tária que afronta as li­ber­dades pú­blicas e os di­reitos e ga­ran­tias fun­da­men­tais dos ci­da­dãos, em­po­bre­cendo ainda mais a de­mo­cracia que temos.» 

«Não acei­tamos trocar a li­ber­dade por mais se­gu­rança, porque, no final, per­de­remos ambas. De­fen­demos antes uma so­ci­e­dade mais se­gura com am­plos di­reitos e li­ber­dades de­mo­crá­ticas.»

O acordo apro­vado per­mi­tirá aos EUA ter acesso, já a partir de 1 de Agosto, aos dados da em­presa belga Swift, através da qual tran­sitam or­dens de pa­ga­mentos de trans­fe­rên­cias ban­cá­rias efec­tu­adas por 8300 bancos em 2008 países.

A uti­li­zação ilegal destes dados por parte da CIA veio a pú­blico em 2006. Su­ce­deram-se vá­rios inqué­ritos, mas os EUA con­ti­nu­aram a es­piar im­pu­ne­mente os fluxos fi­nan­ceiros eu­ro­peus a pre­texto da «guerra contra o ter­ro­rismo».

Acção ex­terna mi­li­ta­ri­zada

Na mesma sessão do Par­la­mento Eu­ropeu, os de­pu­tados do PCP opu­seram-se igual­mente à cri­ação do Ser­viço Eu­ropeu para a Acção Ex­terna, que cons­titui um dos pontos cen­trais do Tra­tado de Lisboa e uma peça fun­da­mental no fe­de­ra­lismo da União Eu­ro­peia.

Re­gis­tando que este ser­viço irá en­volver mais de cinco mil pes­soas nas em­bai­xadas da UE nos di­versos países do mundo, Ilda Fi­guei­redo de­nun­ciou a re­cusa da mai­oria do Par­la­mento Eu­ropeu de vá­rias pro­postas do Grupo Es­querda Uni­tária/​Es­querda Verde Nór­dica do Par­la­mento Eu­ropeu, de­sig­na­da­mente as que de­fen­diam que as es­tru­turas mi­li­tares da UE não de­ve­riam fazer parte do Ser­viço Eu­ropeu para a Acção Ex­terna nem se­quer de­ve­riam ter qual­quer li­gação ins­ti­tu­ci­onal, tal como as es­tru­turas de in­for­ma­ções se­cretas da UE.

A de­pu­tada do PCP con­si­derou ainda par­ti­cu­lar­mente pre­o­cu­pante que tenha sido re­jei­tada a pro­posta que con­vi­dava o Con­selho a cessar o de­sen­vol­vi­mento e a abolir as es­tru­turas mi­li­tares e civis-mi­li­tares sob a sua com­pe­tência, bem como a cessar o fi­nan­ci­a­mento de ac­ti­vi­dades mi­li­tares e civis-mi­li­tares.



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