Expulsão dos palestinianos dos seus territórios

Israel continua «limpeza étnica»

Dez pes­soas foram presas du­rante um pro­testo em Je­ru­salém contra a ex­pulsão de pa­les­ti­ni­anos dos bairros da zona Ori­ental da ci­dade. In­di­fe­rente ao di­reito in­ter­na­ci­onal, Is­rael pros­segue a co­lo­ni­zação dos ter­ri­tó­rios ocu­pados.

 

«Os co­lo­natos ocupam 42 por cento do total da terra da Cis­jor­dânia»

Os ma­ni­fes­tantes, de­tidos sexta-feira da se­mana pas­sada, pre­ten­diam mar­char pa­ci­fi­ca­mente pelo bairro de Sheikh Jarrah, no Leste de Je­ru­salém, ob­jecto da po­lí­tica de «lim­peza ét­nica» pro­mo­vida por Is­rael, mas a po­lícia im­pediu que as cerca de três cen­tenas de par­ti­ci­pantes cum­prissem o per­curso.

Se­gundo in­for­ma­ções di­vul­gadas pelo Par­tido Co­mu­nista de Is­rael, uma das or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras da ini­ci­a­tiva, as au­to­ri­dades im­pe­diram o pro­testo vi­o­lando, uma vez mais, o acórdão de um tri­bunal is­ra­e­lita que au­to­riza a sua re­a­li­zação. Em causa está a ex­pulsão das fa­mí­lias pa­les­ti­ni­anas da­quela zona his­tó­rica da ci­dade e a de­mo­lição de al­gumas das ha­bi­ta­ções ali exis­tente há dé­cadas.

Si­tu­ação se­me­lhante vive-se no bairro de Silwan, onde ha­bitam cerca de 45 mil pa­les­ti­ni­anos. Nos úl­timos 20 anos, o quar­teirão tem es­tado na mira dos go­vernos cen­trais e lo­cais is­ra­e­litas, que pro­jectam ins­talar co­lo­natos ju­deus na­quela par­cela. Já em 2008, ali foram de­mo­lidas 88 casas, muitas das quais cons­truídas antes da fun­dação do Es­tado de Is­rael.

Por outro lado, as ins­tân­cias ju­di­ciais não são re­curso para quem se en­contra ame­a­çado pelos bul­do­zers si­o­nistas. A pro­ba­bi­li­dade de um pa­les­ti­naino ga­nhar uma acção mo­vida contra o Es­tado de Is­rael é de menos de 5 por cento.

Acresce que as au­to­ri­dades is­ra­e­litas somam a estas au­tên­ticas ope­ra­ções de «lim­peza ét­nica» um dado no mí­nimo per­verso. De­fen­dendo que as cons­tru­ções pa­les­ti­ni­anas em Je­ru­salém Leste são ile­gais, con­ti­nuam, no en­tanto, a co­brar im­posto mu­ni­cipal aos mo­ra­dores que querem des­pejar.

Ban­tus­tões

Neste con­texto, falar em po­lí­tica de «lim­peza ét­nica» não é exa­ge­rado. So­mente nos ter­ri­tó­rios pa­les­ti­ni­anos ocu­pados por Is­rael desde 1967 – na Faixa de Gaza, Cis­jor­dânia e Je­ru­salém Leste – já foram de­mo­lidas cerca de 25 mil ha­bi­ta­ções.

As co­ló­nias ju­dias ocupam ac­tu­al­mente 42 por cento do total da terra da Cis­jor­dânia, diz um es­tudo re­a­li­zado pela or­ga­ni­zação de di­reitos hu­manos is­ra­e­lita Bet’­selem. 21 por cento dos co­lo­natos estão em terras que o pró­prio Es­tado de Is­rael re­co­nhece como ter­renos pri­vados pa­les­ti­ni­anos.

Nos co­lo­natos, a po­pu­lação cresce sem parar. Sem contar com Je­ru­salém Ori­ental, o nú­mero de ju­deus re­si­dentes em ter­ri­tó­rios antes ocu­pados por pa­les­ti­ni­anos são já mais de 300 mil. Se os pro­jectos de cons­trução de cerca de 40 mil novos fogos ha­bi­ta­ci­o­nais forem por di­ante, em breve a po­pu­lação de origem judia na Cis­jor­dânia su­pe­rará o meio mi­lhão, em­pur­rando os pa­les­ti­ni­anos para os ban­tus­tões que Is­rael quiser manter.

Ma­nobra si­o­nista

Pa­ra­le­la­mente, o exér­cito is­ra­e­lita abriu fogo de forma in­dis­cri­mi­nada e sem aviso prévio sobre casas na Faixa de Gaza. O ataque não pro­vocou ví­timas entre a po­pu­lação, mas lo­grou per­pe­tuar o clima de pâ­nico e terror no ter­ri­tório.

Esta nova in­ves­tida sobre Gaza ocorreu en­quanto o pri­meiro-mi­nistro is­ra­e­lita, Ben­jamin Ne­tanyahu, era re­ce­bido na Casa Branca por Ba­rack Obama. Es­ten­dendo-lhe a pas­sa­deira ver­melha, o pre­si­dente norte-ame­ri­cano su­bli­nhou que os laços entre os EUA e Is­rael são «in­que­brá­veis» e que Ne­tanyahu é um líder sério quando afirma pre­tender di­a­logar com as au­to­ri­dades pa­les­ti­ni­anas.

Ne­tanyahu con­se­guiu em Washington o que pro­cu­rava: a adopção por parte da ad­mi­nis­tração Obama de uma pos­tura de ul­ti­mato à Au­to­ri­dade Na­ci­onal Pa­les­ti­niana para que passe a ne­go­ciar di­rec­ta­mente com Is­rael, isto apesar dos temas e ob­jec­tivos do re­fe­rido «diá­logo» não serem ainda claros.

Acresce que en­quanto Ne­tanyahu se en­con­trava na ca­pital norte-ame­ri­cana, um membro do seu go­verno ga­rantia a uma rádio is­ra­e­lita que os as­sen­ta­mentos de co­lonos vão con­ti­nuar na Cis­jor­dânia de­pois de ex­pi­rada a mo­ra­tória que im­pede Is­rael de avançar.

A mo­ra­tória es­pira a 26 de Se­tembro. Obama quer que as partes ini­ciem as ne­go­ci­a­ções antes dessa data.

 



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