A guerra xenófoba de Sarkozy

O go­verno francês está de­ci­dido a ini­ciar uma «guerra na­ci­onal» contra a in­se­gu­rança, se­gundo as pa­la­vras do mi­nistro do In­te­rior, Brince Hor­te­feux, que afinam pelo tom do dis­curso feito, dia 30, pelo pre­si­dente francês em Gre­noble.

Ni­colas Sar­kozy anun­ciou nessa oca­sião um pa­cote de novas me­didas para com­bater a cri­mi­na­li­dade, que in­clui a po­lé­mica pro­posta de re­tirar a na­ci­o­na­li­dade fran­cesa aos es­tran­geiros que aten­tarem contra as au­to­ri­dades pú­blicas.

O chefe de Es­tado afirmou que no âm­bito da apli­cação es­ta­riam «todas as pes­soas de origem es­tran­geira que vo­lun­ta­ri­a­mente te­nham aten­tado contra um fun­ci­o­nário da po­lícia, um agente das forças de se­gu­rança (gen­dar­merie) ou outra pessoa de au­to­ri­dade pú­blica».

E nem os me­nores ficam a salvo, já que, caso co­metam algum de­lito, ser-lhes-á re­cu­sada a na­ci­o­na­li­dade de forma au­to­má­tica quando atin­girem a idade adulta.

Hor­te­feux ex­plicou que as me­didas anun­ci­adas por Sar­kozy constam num pro­jecto de lei sobre se­gu­rança in­terna que será apre­sen­tado no Se­nado em 7 de Se­tembro, jun­ta­mente com outro pro­jecto sobre imi­gração.

O dis­curso do pre­si­dente pro­vocou na­tural alarme no país, tendo sido re­pu­diado pela opo­sição de es­querda, no­tando que as me­didas atacam os fun­da­mentos da re­pú­blica fran­cesa.

O pró­prio jornal Le Monde não he­sitou em lem­brar que também du­rante a Se­gunda Guerra Mun­dial, o re­gime co­la­bo­ra­ci­o­nista de Vichy chegou ao ponto de privar da na­ci­o­na­li­dade 15 mil fran­ceses, na sua mai­oria de origem ju­daica. Ac­tu­al­mente a le­gis­lação apenas prevê tal pos­si­bi­li­dade em casos ex­tremos muito con­cretos, como actos de ter­ro­rismo ou de es­pi­o­nagem.

A As­so­ci­ação de Di­reitos Hu­manos con­denou de ime­diato esta de­riva po­pu­lista que qua­li­ficou como «a ex­pressão com­pro­vada da xe­no­fobia».

Su­blinhe-se que esta nova ofen­siva se in­sere num quadro de agra­va­mento da si­tu­ação so­cial, que se tra­duziu re­cen­te­mente na es­piral de vi­o­lência entre ha­bi­tantes de um su­búrbio de Gre­noble de po­pu­lação mai­o­ri­ta­ri­a­mente imi­grante e a po­lícia.

Além disso, estas me­didas somam-se ao anúncio do des­man­te­la­mento de 300 acam­pa­mentos de nó­madas e da ex­pulsão ime­diata de ci­ganos ro­menos e hún­garos que te­nham co­me­tido de­litos.

 



Mais artigos de: Europa

Tensões agravadas

Du­rante uma se­mana os ca­mi­o­nistas gregos pa­ra­li­saram o trans­porte de mer­ca­do­rias em todo o país em pro­testo contra a li­be­ra­li­zação do sector. A luta ficou mar­cada por con­frontos com a po­lícia e pela re­qui­sição civil por parte do go­verno.

Comadres zangadas

O pri­meiro-mi­nistro ita­liano rompeu a ali­ança com Gi­an­franco Fini, seu par­ceiro po­lí­tico desde 1994 e con­fun­dador do par­tido Povo da Li­ber­dade (PDL), pondo em causa a es­ta­bi­li­dade do go­verno.

Um ano de A a Z

Num relance, um ano de trabalho no parlamento europeu. Doze meses de intensa intervenção, apoiada num empenhado e generoso colectivo, aqui muito lacunarmente alinhavados… Agricultura. Sempre na defesa da produção nacional (leiteira, vinícola, horto-frutícola, etc.),...