Desemprego aumenta e apoios diminuem

CGTP-IN nega «estagnação»

A si­tu­ação do mer­cado de em­prego é muito grave e é falsa a tese da es­tag­nação do de­sem­prego, que au­mentou em 82 mil pes­soas, en­quanto o Go­verno corta nos apoios so­ciais, re­alçou a CGTP-IN, re­a­gindo à di­vul­gação dos dados do INE.

É ur­gente repor as me­didas de apoio aos de­sem­pre­gados

Image 5465

O de­sem­prego é ele­vado e voltou a au­mentar no se­gundo tri­mestre de 2010, face ao mesmo pe­ríodo do ano pas­sado, co­meça por as­si­nalar a cen­tral, num co­mu­ni­cado de an­te­ontem à tarde. Re­por­tando-se aos nú­meros que o INE di­vul­gara horas antes, a In­ter­sin­dical re­gista que 82 mil pes­soas per­deram o em­prego (um au­mento de 16,2 por cento, de 507 700 para 589 800 de­sem­pre­gados); a taxa de de­sem­prego ofi­cial de 10,6 por cento re­pre­senta mais 1,5 pontos per­cen­tuais que no tri­mestre ho­mó­logo e «é a taxa de de­sem­prego mais ele­vada desde que há re­gistos».

Aos de­sem­pre­gados que o INE con­ta­bi­liza devem juntar-se os que são clas­si­fi­cados como «inac­tivos dis­po­ní­veis» e o su­bem­prego, o que cor­res­ponde a 730 mil pes­soas sem tra­balho e a uma taxa de de­sem­prego real de 12,9 por cento.

O de­sem­prego de longa du­ração (mais de 12 meses) au­mentou 38,7 por cento desde 2009, abran­gendo já 55 por cento dos de­sem­pre­gados (326 mil). «Pelo im­pacto so­cial pro­fun­da­mente ne­ga­tivo que esta si­tu­ação pro­voca, exige-se que o Go­verno re­ponha as me­didas ex­cep­ci­o­nais de apoio aos de­sem­pre­gados, no­me­a­da­mente o pro­lon­ga­mento do sub­sídio so­cial de de­sem­prego», de­fende a CGTP-IN, lem­brando que já há cerca de 200 mil de­sem­pre­gados sem qual­quer sub­sídio.

«É falsa» a afir­mação do Go­verno de que as suas po­lí­ticas per­mi­tiram a es­tag­nação do de­sem­prego, pro­testa a cen­tral, no­tando que «em re­lação ao tri­mestre an­te­rior há, de facto, a ma­nu­tenção da taxa de de­sem­prego, já de si muito ele­vada, mas tal ficou a dever-se à di­mi­nuição da po­pu­lação ac­tiva em 19 400 in­di­ví­duos».

O em­prego «teve uma quebra tanto em termos ho­mó­logos (menos 84 600 pes­soas), como em termos tri­mes­trais (menos 17 100)». A di­mi­nuição do nú­mero de tra­ba­lha­dores as­sa­la­ri­ados é agra­vada pelo recuo dos con­tratos per­ma­nentes (menos 51 mil) e pelo au­mento dos con­tratos a prazo (mais 65 100). A pre­ca­ri­e­dade «atinge pelo menos 23 por cento dos tra­ba­lha­dores» e, além de ser um dos fac­tores do au­mento do de­sem­prego, pro­voca também a re­dução dos sa­lá­rios, «bem vi­sível no abai­xa­mento do sub­sídio médio de de­sem­prego, que é neste mo­mento de 524 euros, quando a média de 2009 se si­tuava nos 532 euros».

Para a Inter, «estes dados são tanto mais graves quando es­tamos num con­texto em que o Go­verno PS/​Só­crates di­minui a pro­tecção so­cial, por via da al­te­ração do con­ceito de em­prego con­ve­ni­ente e dos cri­té­rios de atri­buição do sub­sídio so­cial de de­sem­prego – al­te­rando o con­ceito de agre­gado fa­mi­liar e de ca­pi­tação dos ren­di­mentos – bem como au­men­tando o pe­ríodo de ga­rantia para acesso ao sub­sídio de de­sem­prego, e cor­tando ainda nos apoios ao em­prego, como acon­teceu re­cen­te­mente com a Ini­ci­a­tiva Em­prego 2010».

De­pois de avisar que «a apli­cação das me­didas do PEC, de­fen­didas pelo Go­verno e vi­va­mente apoi­adas pelo PSD, podem vir a agravar a si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do País nos pró­ximos tempos», a cen­tral pro­pugna «a in­versão da po­lí­tica até agora se­guida», de modo a «dar res­posta às ne­ces­si­dades e an­seios dos tra­ba­lha­dores e da po­pu­lação em geral», com «me­didas ur­gentes que pro­movam o cres­ci­mento eco­nó­mico, di­na­mizem e mo­der­nizem o te­cido pro­du­tivo, as­se­gurem mais e me­lhor em­prego e ga­rantam a me­lhoria dos sa­lá­rios reais, com vista a uma justa dis­tri­buição do ren­di­mento».


Emer­gência

 

É ur­gente a adopção de me­didas que mi­ni­mizem o efeito de es­piral do de­sem­prego, não há saída sem in­ves­ti­mento no te­cido pro­du­tivo e o Go­verno deve adoptar um plano de emer­gência para o Al­garve - afirmou o Se­cre­ta­riado da Di­recção Re­gi­onal do PCP. O INE situa na re­gião «a taxa de de­sem­prego mais ele­vada do País» (12,2 por cento, a par do Norte) e mostra o de­sem­prego a crescer, tanto face ao tri­mestre ho­mó­logo, como ao tri­mestre pre­ce­dente.

Con­firmam-se assim os alertas e as pre­o­cu­pa­ções do PCP, quanto à de­gra­dação da si­tu­ação so­cial na re­gião, e con­firma-se também que os efeitos da sa­zo­na­li­dade já não con­se­guem travar a su­bida do de­sem­prego no Verão. Fica ainda claro que «os grupos eco­nó­micos do tu­rismo in­ten­si­fi­caram o grau da ex­plo­ração, pro­cu­rando fazer o mesmo com menos tra­ba­lha­dores», como re­sulta da «con­tra­dição entre os dados di­vul­gados da afluência tu­rís­tica e o au­mento do de­sem­prego».



Mais artigos de: Trabalhadores

O preço das «restrições»

A vi­gi­lância das flo­restas, a Edu­cação, a Saúde, a Se­gu­rança So­cial e a Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho são apon­tadas por sin­di­catos da CGTP-IN como áreas onde são no­tó­rios os pre­juízos das «res­tri­ções or­ça­men­tais».

<i>SN Seixal</i> culpada

Teria sido possível evitar o acidente de trabalho de sábado, na SN Seixal, e outros que ali têm acontecido, se, da parte da Administração e das suas chefias, existisse compreensão e respeito por quem ali trabalha e o efectivo cumprimento das regras legais e constitucionais. Mas...