Milhões de trabalhadores hondurenhos realizaram, terça-feira, uma greve geral em defesa de aumentos salariais e contra os projectos de lei que visam precariezar as relações laborais e privatizar os recursos soberanos.

A recusa do governo golpista em aumentar o salário mínimo dos actuais 289 para 447 dólares, bem como a possibilidade de contratação à hora e a privatização do património natural – caso da entrega dos cursos de água à lógica do lucro -, mobilizaram milhares de pessoas na capital, Tegucigalpa, e noutras cidades do país onde ocorreram manifestações e concentrações populares.

Nas iniciativas de massas não se registaram incidentes com a polícia, mas no dia da paralização, 17 trabalhadores foram mortos e outros 3 resultaram feridos na sequência de um ataque contra uma fábrica de sapatos em São Pedro de Zula.

As autoridades hondurenhas prenderam, entretanto, sete membros de uma quadrilha acusando-os da autoria do massacre. Em causa estaria a disputa de território com outro grupo local, o Salvatrucha, ao qual alegadamente pertenciam algumas das vítimas.

Sendo habitual o uso de grupos criminosos para matar, reprimir e intimidar os trabalhadores em luta ou organizados nos partidos e sindicatos das Honduras, o caso pode vir a revelar contornos diferentes dos inicialmente difundidos pela versão oficial.