Mobilizar energias para a ruptura e para a mudança

«Es­tamos a co­meçar bem.» Foi desta forma que Fran­cisco Lopes re­agiu ao en­tu­si­asmo com que foi re­ce­bido pelos 150 jo­vens apoi­antes que par­ti­ci­param, sá­bado, num jantar em Lisboa. Na vés­pera, no Fun­chal, o can­di­dato à Pre­si­dência da Re­pú­blica jantou com mais de 200 pes­soas. Com esta força, ga­rantiu, «vamos fazer uma grande cam­panha».

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O salão do Centro de Tra­balho Vi­tória en­cheu-se para aco­lher os jo­vens que par­ti­ci­param na­quela que foi uma das pri­meiras ac­ções da cam­panha pre­si­den­cial de Fran­cisco Lopes. Vindos de todo o País, os jo­vens pre­sentes não re­ga­te­aram qual­quer opor­tu­ni­dade para de­mons­trar o seu apoio ao can­di­dato – fosse através de ori­gi­nais can­ções (como Nós só que­remos Fran­cisco a Pre­si­dente ao ritmo do Yellow Sub­ma­rine, dos Be­a­tles) fosse com o com­pro­misso, as­su­mido pela di­ri­gente da JCP Cris­tina Car­doso, de criar co­mis­sões de jo­vens apoi­antes da can­di­da­tura nas es­colas, uni­ver­si­dades e em­presas.

E foi im­pul­si­o­nado pelo que chamou de «aco­lhi­mento afec­tivo e en­tu­siás­tico» que Fran­cisco Lopes tomou a pa­lavra, di­ri­gindo-se aos jo­vens que ali es­tavam e, através deles, à ju­ven­tude por­tu­guesa. Mas não se tratou de um dis­curso pa­ter­na­lista, como tantos ou­tros que por aí se fazem, muito pelo con­trário.

O can­di­dato con­si­derou a ju­ven­tude uma «grande força so­cial» que deu um con­tri­buto fun­da­mental para a mu­dança em mo­mentos cru­ciais da his­tória na­ci­onal. E afirmou que «hoje, uma vez mais, esse apelo de par­ti­ci­pação, essa in­qui­e­tação po­si­tiva e trans­for­ma­dora, essa mo­bi­li­zação de von­tades, força e energia se co­locam». As novas ge­ra­ções, acres­centou Fran­cisco Lopes, «têm a força su­fi­ci­ente para con­se­guir – es­cla­re­cendo, unindo, mo­bi­li­zando e lu­tando – dar um con­tri­buto para que Por­tugal mude e mude para me­lhor».

De­pois de lem­brar que o Pre­si­dente da Re­pú­blica «tem muitos po­deres» e de se com­pro­meter a usá-los todos no sen­tido da mu­dança, Fran­cisco Lopes apelou ao voto na sua can­di­da­tura, con­si­de­rada «in­dis­pen­sável para abrir esse ca­minho para o fu­turo do País». Mas isso por si só não chega, alertou – a mu­dança tem que ser mais pro­funda e só será al­can­çada com a luta dos tra­ba­lha­dores, do povo e da ju­ven­tude.

 

Rasgar os ca­mi­nhos do fu­turo

 

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Os jo­vens por­tu­gueses estão hoje pe­rante uma si­tu­ação di­fícil, que põe em causa o seu fu­turo, cons­tatou Fran­cisco Lopes. Seja nos en­sinos bá­sico e se­cun­dário, onde se as­siste a en­cer­ra­mentos de es­colas, ao au­mento do nú­mero de alunos por turma e dos custos de frequência e à li­mi­tação dos di­reitos de­mo­crá­ticos, uti­li­zando-se o falso ar­gu­mento do com­bate à in­dis­ci­plina; seja no en­sino su­pe­rior, com o au­mento das pro­pinas e o agu­dizar das con­sequên­cias do Pro­cesso de Bo­lonha que, se­gundo Fran­cisco Lopes, não só au­menta custos e agrava a eli­ti­zação como põe mesmo em causa a pró­pria so­be­rania na­ci­onal

No plano do em­prego, acres­centou o can­di­dato, contam-se já em cen­tenas de mi­lhares o nú­mero de jo­vens de­sem­pre­gados, ao passo que a pre­ca­ri­e­dade, que atinge muito par­ti­cu­lar­mente os mais novos, abrange um mi­lhão e 400 mil tra­ba­lha­dores. Também o di­reito à ha­bi­tação está se­ri­a­mente posto em causa o que corta «cada vez mais a pers­pec­tiva de uma vida in­de­pen­dente».

Mas se isto é assim – e os jo­vens que ali es­tavam sabem que é – deve-se a uma acção po­lí­tica vol­tada não para a re­so­lução dos in­te­resses na­ci­o­nais, mas de­nun­ciou Fran­cisco Lopes, para a sa­tis­fação dos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos – os mesmos que nos úl­timos seis anos (os anos da «crise» e do «com­bate ao dé­fice») ame­a­lharam lu­cros a rondar os 32 mil mi­lhões de euros. Ao mesmo tempo, lem­brou, cortou-se nos sa­lá­rios, nos di­reitos e nos ser­viços pú­blicos. Na opi­nião do can­di­dato, estas causas têm de ser am­pla­mente co­nhe­cidas para que seja pos­sível uma mu­dança.

Aler­tando para a cres­cente de­pen­dência do País face ao es­tran­geiro, in­clu­si­va­mente em ques­tões es­sen­ciais para a sua so­bre­vi­vência, Fran­cisco Lopes lem­brou que ao mesmo tempo que isto su­cede há muitos mi­lhares de jo­vens sem em­prego que po­de­riam dar o seu con­tri­buto para o de­sen­vol­vi­mento e, ao mesmo tempo, me­lhorar as suas con­di­ções de vida. Mas para tal, alertou, é ne­ces­sário que no plano po­lí­tico haja uma «in­versão de rumo que res­ponda às as­pi­ra­ções dos jo­vens, ou seja, que res­ponda às ne­ces­si­dades do País».

 

Uma can­di­da­tura di­fe­rente

 

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Para lá das causas, Fran­cisco Lopes lem­brou que a po­lí­tica que en­ca­mi­nhou o País para o de­clínio tem igual­mente res­pon­sá­veis. A co­meçar pelo ac­tual Pre­si­dente da Re­pú­blica, que du­rante 15 dos úl­timos 25 anos as­sumiu as mais ele­vadas res­pon­sa­bi­li­dades po­lí­ticas.

En­quanto pri­meiro-mi­nistro, sa­li­entou, Ca­vaco Silva pro­moveu a eli­ti­zação do en­sino e a ge­ne­ra­li­zação da pre­ca­ri­e­dade. «Mas também aqui não fa­lamos só do pas­sado: o que sig­ni­fi­caria a re­e­leição de Ca­vaco Silva? Al­guém acre­dita que dali sairia algo de po­si­tivo? Sig­ni­fi­caria, mais do que a con­ti­nu­ação, o agra­va­mento da si­tu­ação do País.» Daí ser fun­da­mental, na opi­nião do can­di­dato, con­tri­buir para im­pedir a sua re­e­leição, em­bora, res­salvou, o nosso prin­cipal ob­jec­tivo seja a afir­mação de um «ca­minho novo e di­fe­rente para o País». E só esta can­di­da­tura o pode fazer, re­alçou Fran­cisco Lopes, por ser a única que «não tem com­pro­missos com o rumo que con­duziu o País à si­tu­ação em que se en­contra».

Já Ma­nuel Alegre, «in­de­pen­den­te­mente das de­cla­ra­ções a que sempre nos ha­bi­tuou, pa­rece pre­o­cu­pado so­bre­tudo em criar con­di­ções para que a po­lí­tica do ac­tual Go­verno possa não só con­ti­nuar, mas con­ti­nuar com o agra­va­mento que agora re­sulta de en­ten­di­mentos cada vez mai­ores com o PSD».

Re­a­fir­mando o ca­rácter único da can­di­da­tura que as­sume, Fran­cisco Lopes apelou à cri­ação de uma grande di­nâ­mica em torno dela e adi­antou que o seu pro­grama bem que po­deria ser se­me­lhante ao ju­ra­mento feito pelo Pre­si­dente da Re­pú­blica: de­fender, cum­prir e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

 

Grande jantar na Ma­deira    

 

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No jantar do Fu­nhal, Fran­cisco Lopes pro­nun­ciou-se «ine­qui­vo­ca­mente pela afir­mação do valor das au­to­no­mias re­gi­o­nais no quadro da uni­dade e so­be­rania na­ci­o­nais que é ne­ces­sário pre­servar». Para o can­di­dato, a au­to­nomia po­lí­tico-ad­mi­nis­tra­tiva das re­giões au­tó­nomas, al­can­çada com a Re­vo­lução de Abril e con­sa­grada na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica em 1976, «cons­titui um ele­mento de­mo­crá­tico es­sen­cial da or­ga­ni­zação do Es­tado e cor­res­ponde a uma con­cepção des­cen­tra­li­zada da or­ga­ni­zação do poder po­lí­tico in­dis­pen­sável para res­ponder às es­pe­ci­fi­ci­dades re­gi­o­nais e po­ten­ciar a par­ti­ci­pação e en­vol­vi­mento das suas po­pu­la­ções».

Con­tudo, re­alçou, a au­to­nomia não chega para ga­rantir o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e o pro­gresso so­cial das re­giões. Estes são in­se­pa­rá­veis das ori­en­ta­ções e op­ções po­lí­ticas do go­verno da Re­pú­blica e dos go­vernos re­gi­o­nais. Assim, cons­tatou, as «di­fi­cul­dades que a Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira en­frenta, são con­sequência não da in­su­fi­ci­ência do mo­delo au­to­nó­mico, mas sim de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita e de er­radas op­ções quanto ao de­sen­vol­vi­mento re­gi­onal que con­so­lidam pro­fundas fra­gi­li­dades e de­pen­dên­cias da base eco­nó­mica re­gi­onal».

Antes, Edgar Silva, do Co­mité Cen­tral do PCP, ape­lara já a todos os pre­sentes no sen­tido do seu «pleno em­pe­nha­mento nesta ba­talha elei­toral, con­cre­ti­zando os ob­jec­tivos desta can­di­da­tura na Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira e afir­mando o seu com­pro­me­ti­mento com os tra­ba­lha­dores, o povo e o País».



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