Entrevista a Socorro Gomes, Presidente do Conselho Mundial da Paz

«A Paz é uma bandeira avançada dos povos»

Hugo Janeiro

«Só te­remos paz quando des­mon­tarmos essa má­quina de guerra e opressão». As pa­la­vras de So­corro Gomes na en­tre­vista con­ce­dida ao Avante! sin­te­tizam o de­safio que en­frentam os tra­ba­lha­dores e os povos na de­fesa da paz e de um mundo de pro­gresso e jus­tiça, e face ao pe­rigo de novas aven­turas mi­li­tares im­pe­ri­a­listas.

No con­texto da crise do sis­tema, a luta pela paz e contra a ex­plo­ração não podem ser dis­so­ci­adas, ex­pressou ainda a pre­si­dente do Con­selho Mun­dial da Paz, para quem a al­te­ração do con­ceito es­tra­té­gico da NATO, pre­vista para a Ci­meira de No­vembro, em Lisboa, se en­quadra no ob­jec­tivo de per­pe­tuar a do­mi­nação global das grandes po­tên­cias.

«Sem paz é im­pos­sível per­correr ca­mi­nhos so­be­ranos»

 

Image 5711

Avante!: A tua eleição para a pre­si­dência do Con­selho Mun­dial da Paz (CMP) ocorreu num con­texto em que as forças pro­gres­sistas ao nível mun­dial en­frentam grandes de­sa­fios. Um dos mais ime­di­atos é a luta pela paz?

So­corro Gomes: De facto as­sumi res­pon­sa­bi­li­dades no CMP numa época de grandes mu­danças. Desde logo porque a minha eleição para a pre­si­dência ocorreu na pri­meira As­sem­bleia Mun­dial da Paz re­a­li­zada na Amé­rica do Sul, e, não por acaso, em Ca­racas, ca­pital da Ve­ne­zuela, país onde há mais de dez anos são le­vadas a cabo trans­for­ma­ções de cru­cial im­por­tância e que es­ti­mu­laram a eclosão de ou­tras ex­pe­ri­ên­cias se­me­lhantes.

Este novo papel da Amé­rica La­tina, dis­tinto da an­te­rior sub­ser­vi­ência aos EUA, re­sulta de um pro­cesso his­tó­rico ini­ciado com a re­sis­tência às di­ta­duras mi­li­tares e, de­pois, pros­se­guido com a luta contra o mo­delo ne­o­li­beral, cul­mi­nando nas vi­tó­rias ob­tidas pelas forças po­pu­lares em di­versos países e nas con­se­quentes al­te­ra­ções ao mapa geo-po­lí­tico da re­gião.

A re­sis­tência de Cuba, apesar do blo­queio norte-ame­ri­cano, das cam­pa­nhas di­fa­ma­tó­rias e das ten­ta­tivas de des­truição do re­gime e de des­mo­ra­li­zação do povo cu­bano - que pros­se­guem in­clu­si­va­mente pela mão de al­guns países da UE -, foi outro factor de grande im­por­tância.

Re­firo-te isto para su­bli­nhar que atra­ves­samos, de facto, um mo­mento par­ti­cular e um novo con­texto para o CMP, e, so­bre­tudo, que em res­posta também o im­pe­ri­a­lismo re­do­brou a sua agres­si­vi­dade.

Com a in­vasão e ocu­pação do Iraque e a guerra da NATO no Afe­ga­nistão, o im­pe­ri­a­lismo já havia de­mons­trado que quem faz a guerra não quer a paz. Mas no ac­tual con­texto de crise ca­pi­ta­lista, so­bressai o pe­rigo de novas aven­turas mi­li­tares, cujo ob­jec­tivo é atacar os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, au­mentar a ex­plo­ração e abafar a so­be­rania dos povos.

A his­tória de­monstra que o im­pe­ri­a­lismo sempre teve esta na­tu­reza e ím­peto be­li­cista. A des­truição de Hi­roshima e Na­ga­saki pelos EUA, mesmo sa­bendo que o ini­migo já se en­con­trava der­ro­tado, ilustra isso mesmo com toda a cla­reza. Foi uma de­mons­tração de força, uma forma de in­ti­mi­dação dos povos.

Mas é olhando para a re­a­li­dade que vi­vemos que cons­ta­tamos que à crise eco­nó­mica se somou, também, uma crise de fun­da­mentos ide­o­ló­gicos e mo­rais do ca­pi­ta­lismo. En­ga­naram os povos du­rante anos com a con­versa fiada da pro­moção da de­mo­cracia, da de­fesa do meio am­bi­ente, dos be­ne­fí­cios in­fin­dá­veis e ines­go­tá­veis da eco­nomia de mer­cado. Os povos sen­tiram-se de­frau­dados e re­a­giram. Ora o im­pe­ri­a­lismo não aceita que os povos re­ajam.

É, por­tanto, um de­safio no sen­tido em que nos vemos na ne­ces­si­dade de mo­bi­lizar cada vez mais e mai­ores forças na de­fesa da Paz, uma ban­deira avan­çada dos tra­ba­lha­dores, das mu­lheres, dos jo­vens, em suma, dos povos por­quanto que sem paz é im­pos­sível per­correr ca­mi­nhos so­be­ranos.

Este é o de­safio do CMP - in­ten­si­ficar a mo­bi­li­zação, au­mentar o nosso con­tin­gente no mo­mento em que as forças fa­vo­rá­veis ao pro­gresso dos povos, ao lado de quem luta pela in­de­pen­dência e a jus­tiça não são de­mais.

Mas esse pro­cesso de que fa­lavas de re­acção do im­pe­ri­a­lismo vem desde 2001, a pre­texto do 11 de Se­tembro e da guerra ao ter­ro­rismo…

De acordo. E o des­montar do im­pe­ri­a­lismo como ini­migo da paz, dos di­reitos hu­manos e res­pon­sável por crimes de lesa hu­ma­ni­dade teve mo­mentos altos com o re­púdio das guerras do Iraque e do Afe­ga­nistão; com o co­nhe­ci­mento das tor­turas em Abu Gh­raib e das de­ten­ções em Guan­ta­namo; com a de­núncia dos voos ile­gais que trans­por­tavam para pri­sões se­cretas si­tu­adas em vá­rios países do mundo sus­peitos de «ter­ro­rismo» e opo­si­tores in­có­modos na cha­mada guerra ao ter­ro­rismo; com a re­ve­lação de mas­sa­cres como o de Fal­lujah.

Em cada uma dessas oca­siões, o im­pe­ri­a­lismo foi per­dendo a más­cara. Para muitos mi­lhões de pes­soas foi-se des­ven­dado como sis­tema de opressão e guerra li­de­rado pelos EUA.

Im­pe­ri­a­lismo des­mas­ca­rado

E a eleição de Ba­rack Obama foi uma ten­ta­tiva de voltar a «limpar a face»?

O im­pe­ri­a­lismo pro­curou ma­qui­lhar-se ven­dendo-nos Ba­rack Obama. Até puxou pelas suas ori­gens e pela pos­tura sim­pá­tica. Mas a ver­dade é que essa cos­mé­tica não é capaz de ocultar o sis­tema de do­mi­nação. Vê que Obama as­sumiu logo como suas as guerras de Ge­orge W. Bush.

Na Amé­rica La­tina, por exemplo, Ge­orge W. Bush lançou a IV Frota, con­junto de na­vios de guerra que com­portam in­clu­si­va­mente a pos­si­bi­li­dade do uso de armas nu­cle­ares.

Os EUA pro­cu­raram fazer crer que se tra­tava de um con­tin­gente para exe­cutar mis­sões hu­ma­ni­tá­rias, e che­garam mesmo a dizer que se tra­tava de um sinal de ami­zade para com os go­vernos da re­gião. Mas essa ar­gu­men­tação caiu pela base. Era in­sus­ten­tável.

Pri­meiro porque não fa­laram com ne­nhum go­verno da re­gião antes de re­ac­ti­varem a IV Frota. Isto é, fi­zeram-no nas costas dos go­ver­nantes eleitos de­mo­cra­ti­ca­mente, o que re­pre­senta um sinal de hos­ti­li­dade e não de ami­zade.

De­pois, dis­seram que era um sinal apenas para os go­vernos con­trá­rios à po­lí­tica ex­terna dos EUA, leia-se para os go­vernos que buscam um ca­minho in­de­pen­dente e so­be­rano como os li­de­rados por Chávez, Evo Mo­rales, Ra­fael Correa, ou o go­verno de Cuba.

A IV Frota mantem-se com ca­pa­ci­dade para operar em toda a ex­tensão da Amé­rica La­tina, in­cluindo nos rios do sub­con­ti­nente. O ob­jec­tivo é vi­giar, in­ti­midar, ater­ro­rizar e, no li­mite, atacar os povos.

De­pois disso já de­pu­seram Ma­nuel Ze­laya…

Jus­ta­mente. E fi­zeram-no porque ele pro­curou acabar com as bases mi­li­tares norte-ame­ri­canas nas Hon­duras. Esse ob­jec­tivo valeu-lhe a des­ti­tuição num golpe apoiado pelos EUA.

Mas eu dizia que os ar­gu­mentos do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano caíram por terra na Amé­rica La­tina e, acres­cen­taria, em boa parte do mundo. Qual é o ob­jec­tivo de mais de 800 bases mi­li­tares es­pa­lhadas pelos quatro cantos do globo? Qual a função de de­zenas de frotas que con­trolam mares e oce­anos, os céus e con­ti­nentes in­teiros, que têm de­baixo de olho todo o fluxo co­mer­cial mun­dial?

Os EUA são co­nhe­cidos pelos povos como os prin­ci­pais pro­ta­go­nistas de um sis­tema de opressão e morte, cujo fito é muito claro: con­trolar todas as fontes de re­cursos na­tu­rais, como as áreas ricas em bi­o­di­ver­si­dade (a Ama­zónia, por exemplo), mi­né­rios, água e pe­tróleo. Para cum­prir esse fim e em nome desse ob­jec­tivo es­tra­té­gico, o im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano é capaz de qual­quer coisa.

Por isso in­sis­timos que só te­remos paz quando des­mon­tarmos essa má­quina de guerra e opressão. Quando as bases e a NATO, ins­tru­mentos da do­mi­nação mun­dial pelas prin­ci­pais po­tên­cias ca­pi­ta­listas, forem des­man­te­ladas.

Apesar dos pe­rigos e di­fi­cul­dades que isso com­porta, ob­ser­vamos com op­ti­mismo os povos e os tra­ba­lha­dores que estão em luta e re­sistem.

Então con­si­deras que essa cons­ci­ência dos povos, essa re­sis­tência de­sen­ca­deada é contra o mo­delo po­lí­tico e so­cial do­mi­nante?

É contra o mo­delo de saque e do­mi­nação global. É mo­ti­vada pela evi­dência de que a saída ca­pi­ta­lista para a crise passa por au­mentar os lu­cros e a ex­plo­ração. No Brasil, por exemplo, avan­çámos muito, muito. Mas os bancos con­ti­nuam a ga­nhar como sempre. Para eles não há crise.

O que su­blinho é que esse cres­ci­mento da cons­ci­ência dos povos sobre o que é o im­pe­ri­a­lismo, sobre a sua na­tu­reza, está li­gado às ques­tões con­cretas dos crimes e das guerras, mas também à de­núncia do mi­li­ta­rismo no quadro do au­mento da ex­plo­ração.

Vol­tando à Amé­rica La­tina para que se per­ceba a ideia, nós, or­ga­ni­za­ções do mo­vi­mento em de­fesa da paz, es­tamos em cam­panha contra as bases mi­li­tares norte-ame­ri­canas na re­gião. Con­nosco estão, nessa mesma luta, todas as prin­ci­pais cen­trais sin­di­cais, es­tru­turas de cam­po­neses e ou­tras or­ga­ni­za­ções so­ciais e po­lí­ticas. Então esse mo­vi­mento não está cir­cuns­crito aos co­lec­tivos pela paz.

Con­cluímos, assim, que é ampla a com­pre­ensão de que a partir da Colômbia os EUA podem in­tervir em qual­quer um dos países do Cone Sul e que isso é con­trário aos in­te­resses de todos os tra­ba­lha­dores. Só com­pre­en­dendo isto se per­cebe a ali­ança da luta contra a ex­plo­ração e da luta pela paz.

 Re­forçar a luta pela dis­so­lução da NATO

Image 5713


Du­rante a tua es­tadia em Por­tugal ti­veste opor­tu­ni­dade de es­ta­be­lecer con­tactos no âm­bito das tuas res­pon­sa­bi­li­dades?

 

Sim, par­ti­ci­pámos em con­versas e de­bates com vá­rios par­tidos co­mu­nistas e pro­gres­sistas par­ti­ci­pantes na Festa do Avante!, bem como com o mo­vi­mento da Paz. Na­tu­ral­mente, também nos en­con­trámos com o PCP.

Fa­zendo o ba­lanço, posso dizer que foi muito pro­du­tivo. Dis­cu­timos a cam­panha pela paz e contra a NATO que está em curso a pro­pó­sito da Ci­meira da ali­ança atlân­tica, que se re­a­liza em No­vembro, em Lisboa.

Es­tamos a acom­pa­nhar a ac­ti­vi­dade do CPPC e das mais de cem or­ga­ni­za­ções que in­te­gram a cam­panha «Paz Sim! NATO Não!», e sa­bemos que estão todos a fazer um enorme es­forço para am­pliar o re­púdio à NATO e a exi­gência do des­man­te­la­mento desta des­co­munal má­quina de guerra, opressão e morte ao ser­viço das grandes po­tên­cias.

Achas que a al­te­ração do con­ceito es­tra­té­gico da NATO, pre­visto para a Ci­meira de Lisboa, vai acen­tuar o papel agres­sivo da­quela or­ga­ni­zação?

Com cer­teza. É mais uma afi­nação na má­quina be­li­cista, cujo raio de acção, sendo se­guidas as re­gras e normas vi­gentes, en­contra-se cir­cuns­crito aos países mem­bros. Ora o que se pre­tende é pre­ci­sa­mente alargar o es­paço de acção da NATO e, ao mesmo tempo, pre­pará-la para in­te­grar mais e mais na­ções, pro­mo­vendo, ainda, a con­so­li­dação da união das po­tên­cias im­pe­ri­a­listas sob co­mando mi­litar norte-ame­ri­cano.

O que pro­curam com esse tal novo con­ceito é pre­parar a NATO para atacar em qual­quer al­tura e em qual­quer ter­ri­tório.

A Ali­ança Atlân­tica foi criada com o pre­texto de conter a «ameaça co­mu­nista». Na ver­dade, já na­quela época e sempre sob a li­de­rança dos EUA, a NATO foi criada para impor a do­mi­nação norte-ame­ri­cana.

Então isto a que chamam de novo con­ceito es­tra­té­gico não passa de um salto qua­li­ta­tivo, obe­de­cendo à mesma ori­en­tação es­tra­té­gica: servir o sis­tema ca­pi­ta­lista para do­minar, sa­quear e ga­rantir a he­ge­monia norte-ame­ri­cana sobre os povos e os tra­ba­lha­dores.

Nesse novo con­ceito acenam com a ameaça do ter­ro­rismo nu­clear. Mas quem são os de­ten­tores das armas nu­cle­ares? Quem as usou im­pu­ne­mente em Hi­roshima e Na­ga­saki? Então o ter­ro­rismo nu­clear vem de quem não tem armas nu­cle­ares? É uma fa­lácia.

Tal como é um logro o ar­gu­mento da de­fesa do meio am­bi­ente. Então que moral têm as po­tên­cias im­pe­ri­a­listas para falar em pre­ser­vação do meio am­bi­ente no quadro da NATO? Logo elas que pelas guerras que de­sen­ca­deiam e de­sen­ca­de­aram, car­regam um rasto de con­sequên­cias am­bi­en­tais em re­sul­tado do uso de armas de des­truição em massa e ra­di­o­ac­tivas em re­giões in­teiras, do uso de agente la­ranja ou de fós­foro branco. Que moral têm para falar em pro­tecção do meio am­bi­ente?


Festa do Par­tido de van­guarda

Image 5712

Vi­si­taste pela pri­meira vez a Festa do Avante!. O que é que achaste?

É ar­re­ba­ta­dora e con­ta­gi­ante. Su­perou em muito as ex­pec­ta­tivas que tinha. Im­pres­si­onou-me o facto da ju­ven­tude par­ti­cipar em tudo.

De­pois ob­serva-se a ge­ne­ro­si­dade, o ca­rácter vo­lun­tário, a ali­ança entre o con­teúdo ar­tís­tico e cul­tural e a cons­ci­ência po­lí­tica.

É de facto uma ini­ci­a­tiva ex­tra­or­di­nária, ainda para mais porque com­porta uma forte com­po­nente in­ter­na­ci­o­na­lista. A vossa Festa é, sem dú­vida, o local onde se en­con­tram e dis­cute com co­mu­nistas de vá­rios países, com di­fe­rentes ori­gens e cul­turas. Só pode, de facto, ser re­a­li­zada por um Par­tido de van­guarda.



Mais artigos de: Temas

Governo usa SNS para reduzir défice

A uti­li­zação do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS) para re­duzir o dé­fice or­ça­mental, as­so­ciada a uma pri­va­ti­zação cres­cente dos ser­viços de saúde pú­blicos, está a pro­vocar a de­gra­dação dos ser­viços de saúde em Por­tugal. Um dos ins­tru­mentos mais efi­cazes para des­truir o SNS é através do seu es­tran­gu­la­mento fi­nan­ceiro. É pre­ci­sa­mente isso o que têm feito os go­vernos de Só­crates. E não será o sú­bito amor de Só­crates pelo Es­tado So­cial, por puro opor­tu­nismo po­lí­tico para assim con­vencer a opi­nião pú­blica de que é di­fe­rente de Passos Co­elho, que pode e deve ocultar esta ver­dade.

Falta vontade política para a batalha da produção

Ao prin­cípio foi o dé­fice or­ça­mental que jus­ti­ficou, por im­po­sição do acordo PS/​PSD, a re­gressão so­cial nas fun­ções so­ciais do Es­tado e no in­ves­ti­mento pú­blico.

Agora o es­tri­bilho é outro. São as con­sequên­cias da dí­vida pú­blica de­ri­vadas não só da amor­ti­zação do «ca­lote» por­tu­guês aos agi­otas, como do pa­ga­mento dos res­pec­tivos juros a taxas cada vez mais ele­vadas.

A este res­peito sur­giram re­centes es­tudos de na­tu­reza aca­dé­mica a prever, num curto es­paço de tempo, uma quebra de cerca de 1,75% no valor no­minal do nosso pro­duto in­terno.