Apreensões
É notícia de primeira página no Jornal de Notícias: «PJ fez maior apreensão de sempre de pintura falsificada – quadros de da Vinci, Miró, Picasso e Vieira da Silva entre as apreensões».
É pena que a Polícia Judiciária não possa, também, investigar e apreender outras burlas que por aí andam, como a fingida «disputa» entre o PS e o PSD para aprovarem um Orçamento que ambos não apenas querem, como há muito decidiram aprovar...
Acusações
Também é notícia de primeira página, agora no Diário de Notícias: um «ex-deputado do PS acusado de 19 crimes de corrupção». Trata-se de Carlos Lopes, deputado entre 2005 e 2009, que «é suspeito de usar a sua qualidade de parlamentar para angariar dinheiro junto de construtores civis locais, prometendo-lhes obras municipais e acesso a concursos públicos». Isto durante a campanha autárquica de 2005 e 2009. Ainda segundo a acusação, «algumas despesas da campanha do PS foram pagas pela própria autarquia».
É claro que Carlos Lopes já declarou veementemente ao DN que está de «consciência tranquila» e garante que irá rebater em tribunal a acusação. Evidentemente.
Nestes tempos de «guerras do Orçamento» os deputados dos dois «partidos do poder» parecem, também, ter entrado numa outra competição – a dos escândalos. Hoje, foi o deste deputado do PS acusado de corrupção, ontem assistimos à «transferência» directa do deputado do PSD, António Branquinho, da Assembleia da República para a direcção da Ongoing, «por acaso» o grupo que foi alvo de um recente inquérito parlamentar, onde o mesmíssimo António Branquinho foi um acutilante batalhador em nome do «interesse público», acusando nomeadamasnte a Ongoing de ser uma empresa «a soldo do Governo de Sócrates».
Pelos vistos não teve, agora, qualquer rebuço em transitar da defesa do «interesse público» para o interesse privado - e exclusivamente seu -, salvaguardando a honra própria e a lisura pública através da conveniente suspensão de mandato de deputado.
Evidentemente...
Nesta disputa dos dois partidos do «arco do poder» quem ganha são, naturalmente, os respectivos intervenientes. O País e os seus interesses não vêm ao caso, ora essa!
Benefícios
Na sua obsessão predatória a extorquir dinheiro a quem trabalha e a quem menos tem, o Governo de Sócrates decidiu arranjar mais uns cobres retirando os benefícios fiscais concedidos em 2001 às instituições religiosas e às instituições particulares de solidariedade social. Com uma excepção: a Igreja Católica fica de fora deste novo esbulho, mantendo os benefícios fiscais concedidos. E mais: conservará, igualmente, os apoios concedidos pelo Governo desde 1990.
Vivendo-se, como se vive, num Estado laico com clara separação de qualquer religião, a começar pela Católica, este tratamento de privilégio do Governo Sócrates é tão retintamente ilegítimo como escandaloso.
É claro que quem mais uma vez ganha é a própria Igreja Católica. Quanto a Sócrates, decerto também espera ganhar mais uns votos, agora de remoçada «inspiração católica». Ele lá saberá que, neste pântano de traficâncias políticas em que PS e PSD mergulharam o País, não há de facto «almoços grátis»...