DUAS RESPOSTAS NECESSÁRIAS

«Na rua e nas em­presas, a hora é de luta»

Um dos traços ca­rac­te­rís­ticos dos go­vernos da po­lí­tica de di­reita – sejam eles do PS, ou do PSD, ou dos dois de braço dado e com o CDS/​PP atre­lado - é a sua sub­missão total, o seu ser­vi­lismo ras­te­jante face aos di­tames do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e da sua su­cursal eu­ro­peia.

É certo e sa­bido que todas as de­ci­sões vindas desses qua­drantes en­con­tram os go­ver­nantes por­tu­gueses na sua po­sição tra­di­ci­onal: de có­coras, sub­ser­vi­entes, as­su­midos como cri­ados para todos os ser­viços, en­tre­gando aos ban­didos o ouro da in­de­pen­dência e da so­be­rania na­ci­onal – esses go­ver­nantes que, não por acaso, são os mesmos que há 34 anos vêm afun­dando Por­tugal e o fi­zeram chegar à dra­má­tica si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial hoje exis­tente.

Tal como o go­verno de Durão Bar­roso aco­lheu, nas Lajes, a ci­meira do terror, que de­cidiu a in­vasão do Iraque e o bár­baro mor­ti­cínio que se lhe se­guiu, o Go­verno de José Só­crates acolhe, agora, em Lisboa – com or­gulho, se­gundo diz - a ci­meira da NATO, na qual, entre ou­tras graves de­ci­sões, vai ser re­for­mu­lado o con­ceito es­tra­té­gico desta or­ga­ni­zação cri­mi­nosa, no sen­tido de lhe per­mitir in­tervir mi­li­tar­mente onde e quando quiser, que o mesmo é dizer, onde e quando os in­te­resses do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano o exi­girem.

Nesse sen­tido, a NATO que – é bom não es­que­cermos – foi su­porte es­sen­cial do re­gime fas­cista, de­sem­penha hoje idên­tico papel em re­lação ao re­gime de po­lí­tica de di­reita.

Daí a im­por­tância e o sig­ni­fi­cado da ma­ni­fes­tação – Paz, sim; NATO, não – con­vo­cada por mais de uma cen­tena de or­ga­ni­za­ções – entre elas o PCP - para o pró­ximo sá­bado e que, cons­ti­tuindo a ne­ces­sária e pa­trió­tica res­posta à ci­meira da NATO, é também um mo­mento da luta contra a po­lí­tica de di­reita e de exi­gência de um novo rumo para Por­tugal.

E é tendo em vista esses dois ob­jec­tivos que mi­lhares de ma­ni­fes­tantes irão des­filar entre o Marquês de Pombal e os Res­tau­ra­dores – ven­cendo o medo, ven­cendo a ofen­siva po­lí­tica em curso e com a qual o poder do­mi­nante e os seus pro­pa­gan­distas, através da men­tira, da ma­ni­pu­lação, da in­to­xi­cação ide­o­ló­gica, do apa­rato se­cu­ri­tário, pro­curam en­fra­quecer a ma­ni­fes­tação, ao mesmo tempo que en­saiam e «jus­ti­ficam» me­didas e mé­todos re­pres­sivos para o fu­turo.

No dia 20, é na rua que lu­tamos.

 

Entre­tanto – e a con­firmar que isto anda tudo li­gado - a si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do País agrava-se todos os dias.

E tudo se agra­vará ainda mais e mais pro­fun­da­mente logo que aos si­nis­tros PEC’s e às suas me­didas adi­ci­o­nais se juntar a en­trada em vigor do te­ne­broso Or­ça­mento de Es­tado.

Para os tra­ba­lha­dores e para o povo, o que aí vem é pior, muito pior, do que o muito mau que já cá está. Em todos os as­pectos - do de­sem­prego e dos sa­lá­rios, aos di­reitos la­bo­rais, às pen­sões e re­formas, aos apoios so­ciais – as pers­pec­tivas de agra­va­mento da si­tu­ação para a imensa mai­oria dos por­tu­gueses apre­sentam-se como um in­ferno à vista.

Porque na re­a­li­dade, e ao con­trário do que pro­palam os go­ver­nantes e os seus pro­pa­gan­distas, a crise não toca a todos, os sa­cri­fí­cios não são para todos – como o com­provam os es­can­da­losos lu­cros que os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros con­ti­nuam a ar­re­cadar e dos quais, sem ver­gonha nem pudor e num in­sulto à imensa mai­oria dos por­tu­gueses, se van­glo­riam em grandes pa­ran­gonas nos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial de que são pro­pri­e­tá­rios.

E a ideia da «grande co­li­gação» que, nos úl­timos dias voltou à baila – e que outra coisa não é do que a for­ma­li­zação da união exis­tente há 34 anos entre os par­tidos da po­lí­tica de di­reita – visa apenas des­viar as aten­ções das ver­da­deiras causas da si­tu­ação a que o País chegou, ilibar a po­lí­tica e di­reita das suas res­pon­sa­bi­li­dades e criar con­di­ções para pros­se­guirem essa po­lí­tica ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital.

É contra tudo isso que se de­sen­volve e cresce e se am­plia a luta de massas, su­bli­nhando, como questão maior da si­tu­ação ac­tual, a ne­ces­si­dade im­pe­riosa da rup­tura e da mu­dança.

 

São esses, de facto, os grande ob­jec­tivos dos tra­ba­lha­dores e do povo.

Em vez da po­lí­tica que con­duziu o País à des­graça ac­tual, uma po­lí­tica que tenha no au­mento da pro­dução na­ci­onal e numa justa dis­tri­buição da ri­queza pro­du­zida as suas re­fe­rên­cias pri­o­ri­tá­rias. Em vez desta po­lí­tica de di­reita, velha de 34 anos de idade, e sempre ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital, uma po­lí­tica nova, apon­tando para o fu­turo e ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

E para al­cançar esses ob­jec­tivos, a luta de massas apre­senta-se como o único ca­minho.

Como acen­tuou o se­cre­tário geral do PCP no co­mício da Ama­dora, «a Greve Geral do pró­ximo dia 24 é, no ime­diato, a grande res­posta dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses à ofen­siva que o Go­verno do PS, com o apoio do PSD e o in­cen­tivo de Ca­vaco Silva, de­sen­volve contra os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, agra­vando in­jus­tiças e de­si­gual­dades e com­pro­me­tendo o fu­turo do País».

É ali, nas em­presas e lo­cais de tra­balho – onde a ex­plo­ração de tra­balho pelo ca­pital se con­cre­tiza e onde nasce a luta de classes - que a Greve Geral se ma­te­ri­a­liza. E se cons­trói, pros­se­guindo a re­a­li­zação de ple­ná­rios de tra­ba­lha­dores, es­cla­re­cendo e mo­bi­li­zando, iden­ti­fi­cando as ori­gens dos pro­blemas com que os tra­ba­lha­dores de de­batem, elu­ci­dando sobre as reais con­sequên­cias do Or­ça­mento de Es­tado nas con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e das suas fa­mí­lias, su­pe­rando os obs­tá­culos, trans­for­mando o amplo apoio às ra­zões da greve numa forte adesão à greve., e for­mando os in­dis­pen­sá­veis pi­quetes de greve.

No dia 24, é nas em­presas e lo­cais de tra­balho que lu­tamos.

Na rua e nas em­presas a hora é de luta.