Estudantes rebelam-se
O protesto dos estudantes, dia 11, saldou-se por 14 feridos e 32 prisões. Os confrontos tiveram lugar junto à sede do partido conservador, no final de uma manifestação pacífica que levou mais de 50 mil jovens até ao parlamento britânico.
Estudantes britânicos realizam o maior protesto desde 1980
As universidades do Reino Unido levantaram-se em massa após o anúncio de aumentos
brutais das propinas. Actualmente, os custos de inscrição nos estabelecimentos de ensino superior não podem ultrapassar as 3290 libras (3777 euros), montante que já hoje representa um enorme encargo para quem frequenta um curso superior.
Porém, na semana passada, dia 10, o governo britânico tornou pública a intenção de permitir que as universidades fixem o valor até ao máximo de nove mil libras, ou seja, quase o triplo do que hoje cobram.
Após desfilarem pela cidade, os estudantes concentraram-se em volta do parlamento, no Palácio de Westminster, onde Nick Clegg, o vice-primeiro-ministro liberal, defendia o programa de austeridade da coligação.
Cá fora soavam os cânticos de dezenas de milhares de estudantes, numa manifestação que o país não conhecia desde 1980, quando o governo de Margaret Thatcher fez uma tentativa semelhante de aumentar as propinas.
O protesto, organizado pela União Nacional de Estudantes (NUS) e pelo sindicato dos professores (UCU), terminou inesperadamente com a invasão da sede do partido conservador situada nas imediações do parlamento.
Grupos de jovens forçaram a entrada partindo as superfícies vidradas do átrio, a que se seguiu uma ocupação em massa do edifício.
O governo aproveitou os incidentes para questionar a legitimidade do protesto e repressão dos manifestantes. «Temos de nos assegurar que este comportamento não ficará impune e que a polícia impedirá cenas semelhantes nas ruas de Londres, declarou o primeiro-ministro, David Cameron.
A própria associação de estudantes se demarcou dos distúrbios, fazendo questão de «condenar totalmente as violências». Todavia, a julgar pelas declarações do presidente da Câmara de Londres, o conservador Boris Johnston, a invasão do edifício foi obra de «uma pequena minoria», não estando excluída a possibilidade de infiltração, como recentemente se verificou nas manifestações da França, de elementos ligados à polícia com fins provocatórios.