Faltavam alguns minutos para a meia-noite, quando o piquete saído da União de Sindicatos do Porto chegou à Estação de São Bento da CP. Aos trabalhadores ferroviários que ali se encontravam, por terem sido requisitados para serviços mínimos, o piquete conseguiu demonstrar que não eram obrigados a cumpri-los, devido a ilegalidades no processo desencadeado pela CP. Os elementos do piquete mantiveram como objectivo assegurar que a greve naquele local de trabalho decorria sem atropelos, mas esta tarefa viria a revelar-se nada fácil...
Uma vez criadas as condições para que os trabalhadores pudessem fazer greve sem pressões ilegítimas por parte da empresa, o resultado só poderia ser aquele que se veio a verificar: dali não partiu nenhum «comboio dos serviços mínimos».
Não havendo mais que fazer na estação, durante umas horas, o piquete saiu para a sede da União de Sindicatos. Quando regressaram a São Bento, os trabalhadores depararam-se com um cordão policial que lhes barrou a entrada na estação.
Durante umas duas horas, os membros do piquete travaram-se de razões com os polícias, denunciando a ilegalidade que estava a ser por estes cometida, ao não permitirem o acesso de um piquete de greve, devidamente credenciado, a um local de trabalho. Mas a PSP persistiu na prepotência.
O dispositivo policial só acabou por ceder quando chegou ao local o camarada Jorge Machado e se identificou como deputado do PCP na Assembleia da República, exigindo que o direito do piquete fosse respeitado e que os polícias permitissem o acesso do piquete ao local onde iria continuar a exercer as suas funções legítimas e legais.