Revolta estudantil no Reino Unido

Conflito aceso

O par­la­mento bri­tâ­nico aprovou, dia 9, o au­mento das pro­pinas uni­ver­si­tá­rias em 300 por cento, pro­vo­cando a ira dos es­tu­dantes e pro­fes­sores que se ma­ni­fes­taram mas­si­va­mente no centro lon­drino.

Es­tu­dantes bri­tâ­nicos vão pros­se­guir a luta

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A ines­pe­rada re­volta dos es­tu­dantes sur­pre­endeu as classes do­mi­nantes do Reino Unido pouco ha­bi­tu­adas a rui­dosas su­ble­va­ções das bases. Na ver­dade, se ex­cluirmos as mo­bi­li­za­ções pro­mo­vidas pelo mo­vi­mento pa­ci­fista, a con­fli­tu­a­li­dade so­cial tem per­ma­ne­cido em sur­dina nas úl­timas duas dé­cadas, fa­zendo es­quecer as in­tensas lutas po­pu­lares contra o im­posto mu­ni­cipal (poll tax) de Mar­garet That­cher em 1990.

Porém, as águas agi­taram-se su­bi­ta­mente com a pri­meira grande ma­ni­fes­tação de es­tu­dantes e pro­fes­sores em 10 de No­vembro. Desde então os pro­testos não têm ces­sado nas uni­ver­si­dades, trans­mi­tindo-se a toda a so­ci­e­dade. Em apenas um mês já se re­a­li­zaram cinco jor­nadas na­ci­o­nais de luta contra o au­mento das pro­pinas, e o mo­vi­mento pode estar apenas no co­meço.

Os seus efeitos são já vi­sí­veis na opi­nião pú­blica, dois terços da qual se pro­nun­ciam contra o au­mento das pro­pinas. Em pa­ra­lelo, a po­pu­la­ri­dade do líder li­beral-de­mo­crata e vice-pri­meiro-mi­nistro, Nick Clegg, está em queda livre.

Clegg, que em Abril foi con­si­de­rado o di­ri­gente mais po­pular desde Winston Chur­chill, perdeu a con­fi­ança de 61 por cento dos in­qui­ridos pela Ipsos MORI. Outra son­dagem in­dica que 46 por cento dos que vo­taram nos li­be­rais-de­mo­cratas não o fa­riam agora.

Os bri­tâ­nicos acusam-no de ter fal­tado à pa­lavra, já que, du­rante a cam­panha elei­toral, pro­meteu não au­mentar as pro­pinas nem fazer cortes na Edu­cação.

De resto, a quebra desta pro­messa di­vidiu a ban­cada li­beral-de­mo­crata. Dos 57 de­pu­tados que a in­te­gram, 21 vo­taram contra o po­lé­mico pro­jecto e oito abs­ti­veram-se.

Por seu lado, os con­ser­va­dores ten­taram apa­zi­guar os es­tu­dantes ga­ran­tindo que as novas pro­pinas só co­me­çarão em 2012 e não serão apli­cadas aos que já ini­ci­aram os seus cursos.

Para além disso, as­se­guram que os mon­tantes pagos me­di­ante a con­tracção de em­prés­timos só terão de ser re­em­bol­sados assim que o es­tu­dante au­ferir um sa­lário mí­nimo anual de 21 mil euros.

Con­tudo, os jo­vens sabem que lhes estão a hi­po­tecar o fu­turo. Os au­mentos apro­vados sig­ni­ficam que, no final dos seus cursos, terão uma dí­vida à banca entre os 30 mil e os 38 mil euros. Um pe­sado en­cargo para quem pro­cura ini­ciar uma vida in­de­pen­dente.

Nas T´shirts de al­guns jo­vens que se ma­ni­fes­taram, no dia 9, em Lon­dres lia-se: «No fu­ture. Too ex­pen­sive» (Não há fu­turo. É de­ma­siado caro.) Para con­quistar esse fu­turo, o mo­vi­mento es­tu­dantil terá de con­ti­nuar a luta.



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