Um ano de resistência

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Durante o ano de 2010, mi­lhões de por­tu­gueses en­fren­taram a po­lí­tica de di­reita e de­fen­deram um Por­tugal de pro­gresso e jus­tiça so­cial que re­tome o rumo de Abril. Muitos fi­zeram-no pela pri­meira vez, ven­cendo o medo, as ame­aças e a re­pressão, in­te­grando a luta num tempo em que a ide­o­logia das classes do­mi­nantes pro­paga a re­sig­nação e re­toma a re­tó­rica do «pen­sa­mento único» re­su­mido numa pa­lavra: ine­vi­ta­bi­li­dade.

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Esta tor­rente teve a classe ope­rária e os tra­ba­lha­dores na pri­meira fila, mas alargou-se a ou­tras ca­madas e es­tratos so­ciais atin­gidos pela sanha an­ti­po­pular do Go­verno PS/​Só­crates, im­posta com o apoio do PSD e sob o pa­tro­cínio do Pre­si­dente da Re­pú­blica, Ca­vaco Silva.

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Ao agra­va­mento das con­di­ções de vida; ao de­sem­prego e pre­ca­ri­e­dade ga­lo­pantes; ao roubo dos sa­lá­rios, re­formas, pen­sões e pres­ta­ções so­ciais; à pri­va­ti­zação de ser­viços pú­blicos e des­res­pon­sa­bi­li­zação do Es­tado; ao au­mento da ex­plo­ração e ao ataque aos di­reitos la­bo­rais e so­ciais; ao des­man­te­la­mento do sector pro­du­tivo e à ali­e­nação da so­be­rania em prol dos in­te­resses do im­pe­ri­a­lismo, res­pon­deram os tra­ba­lha­dores e os sec­tores la­bo­ri­osos em geral com vi­go­rosas ac­ções de re­púdio.

 

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Face aos PEC e ao Or­ça­mento do Es­tado – tra­du­ções prá­ticas da po­lí­tica de classe – as formas rei­vin­di­ca­tivas foram di­versas: luta nas em­presas e lo­cais de tra­balho por ob­jec­tivos con­cretos, apre­sen­tação de ca­dernos rei­vin­di­ca­tivos, tri­bunas pú­blicas, con­cen­tra­ções e des­files, bu­zi­nões, ac­ções de es­cla­re­ci­mento e con­tacto, grandes mo­vi­men­ta­ções de massas, al­gumas das quais com ní­veis de adesão iné­ditos, e uma greve geral.

 

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Ficou, para muitos, a cer­teza de que a luta é o único ca­minho, e só pela luta os ex­plo­rados podem travar o passo à con­so­li­dação do do­mínio da grande bur­guesia na­ci­onal e es­tran­geira sobre o poder po­lí­tico.

 

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Du­rante todo o pro­cesso de re­sis­tência, os tra­ba­lha­dores e o povo con­taram com o mo­vi­mento sin­dical uni­tário, de­mo­crá­tico e de classe – obra co­lec­tiva dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses que este ano cum­priu 40 anos – e com o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária que sem re­buços ou he­si­ta­ções se co­loca ao lado de quem produz e cria ri­queza, e que no ano em que as­si­nala 90 anos de vida con­ti­nuará a cum­prir o seu papel, afir­mando que não cabe aos tra­ba­lha­dores e ao povo pagar a fac­tura da crise ca­pi­ta­lista, e que a so­lução para o rumo de de­clínio em que o nosso País se en­contra não está no pros­se­gui­mento da mesma po­lí­tica mas na rup­tura e na mu­dança, na cons­trução de uma de­mo­cracia avan­çada que pers­pec­tive o So­ci­a­lismo, pro­jecto eman­ci­pador que, des­truindo o sis­tema de­pre­dador ba­seado num modo de pro­dução ir­ra­ci­onal e in­justo, põe fim às causas dos fla­gelos que hoje es­magam a imensa mai­oria a favor de uma es­cassa, cada vez mais es­cassa, mi­noria.

 

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As fotos que neste nú­mero pu­bli­camos são uma forma, ne­ces­sa­ri­a­mente in­su­fi­ci­ente, de ilus­trar a am­pli­fi­cação da luta no ano que agora ter­mina, e também, as­su­mi­da­mente, um es­tí­mulo ao pros­se­gui­mento e de­sen­vol­vi­mento da luta no ano que agora vamos ini­ciar.

 

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Na luta que con­tinua



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Roubo garantido

Em vez de um sa­lário mí­nimo na­ci­onal de 500 euros, como ficou acor­dado em 2006, mais de 500 mil tra­ba­lha­dores têm apenas a ga­rantia de que, a partir de 1 de Ja­neiro e até uma data in­de­fi­nida em 2011, vão re­ceber menos 15 euros.