Tunísia

Desemprego gera protestos

Três pes­soas mor­reram du­rante os pro­testos que ocor­reram em vá­rias ci­dades tu­ni­sinas na úl­tima quin­zena de De­zembro. Tudo co­meçou quando Mohamed Bou­a­zizi, li­cen­ciado de 26 anos sem em­prego, ateou fogo a si pró­prio na sequência de uma rusga po­li­cial à banca de fruta e le­gumes ilegal com que sus­ten­tava a fa­mília.

Ao in­ci­dente de dia 17, em Sidi Bouzid, se­guiram-se ma­ni­fes­ta­ções em vá­rias ci­dades do país, tais como Sa­fakes, Sousse, Mednin, Kai­ruan, Bem Guer­dane e Gafsa. As forças re­pres­sivas ten­taram im­pedir con­cen­tra­ções sin­di­cais e mar­chas po­pu­lares ati­çando a re­volta que, em al­guns casos, de­ge­nerou em tu­multos. Na ca­pital, Tunes, os ad­vo­gados des­fi­laram contra a de­gra­dação das con­di­ções de vida e a brutal vi­o­lência das au­to­ri­dades.

Nos pro­testos, um jovem de 18 anos e um homem de 44 aca­baram por su­cumbir aos dis­paros da po­lícia. A ter­ceira ví­tima da vaga in­sur­rec­ci­onal foi um rapaz de 24 anos, igual­mente de­sem­pre­gado, que num acto de de­ses­pero subiu a um poste de alta tensão aca­bando elec­tro­cu­tado.

Apesar do blo­queio que o go­verno tu­ni­sino impôs aos jor­na­listas, im­pe­dindo-os de chegar às ci­dades em pol­vo­rosa e sus­pen­dendo mesmo a pu­bli­cação dos dois jor­nais que no­ti­ci­aram os pro­testos, in­for­ma­ções vei­cu­ladas por agên­cias in­ter­na­ci­o­nais in­dicam que de­zenas de pes­soas terão sido presas.

Na Tu­nísia, onde me­tade da po­pu­lação é menor de 25 anos e a mai­oria dos 80 mil li­cen­ci­ados que todos os anos saem das uni­ver­si­dades não en­contra co­lo­cação, o de­sem­prego atingiu, em 2009, os 14 por cento.

A isto acrescem um pro­grama de pri­va­ti­za­ções de em­presas pú­blicas e cortes nos sub­sí­dios es­ta­tais aos bens de pri­meira ne­ces­si­dade, le­vados a cabo pelo exe­cu­tivo.

En­tre­tanto, o pre­si­dente, Zine al-Abi­dine Ben Ali, anun­ciou um pro­jecto de apoio aos jo­vens li­cen­ci­ados e de­mitiu o mi­nistro das Co­mu­ni­ca­ções, mas a ini­ci­a­tiva não pa­rece ter con­tido a re­volta e, no fecho da nossa edição, a AFP no­ti­ciava que os es­tu­dantes vol­taram às ruas de Sidi Bouzid num pro­testo no­va­mente re­pri­mido pela po­lícia com re­curso a gra­nadas de gás la­cri­mo­géneo.



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