Determinação no plenário da Frente Comum

Aprofundar a luta

Centenas de representantes sindicais da Administração Pública foram anteontem a São Bento, onde deixaram claro que só o aprofundamento da luta dos trabalhadores impedirá o agravamento das condições de vida.

Uma grande acção terá lugar em Fevereiro

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Foto LUSA

Nas notícias sobre o plenário de dirigentes, delegados e activistas das diferentes estruturas da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública acabou por destacar-se a violência policial, nos minutos que se seguiram ao final da reunião, nas imediações da residência oficial do primeiro-ministro. Mas a resistência aos empurrões, bastões, ameaças e prisões – e que prosseguiu na manifestação de solidariedade, ontem de manhã, no Campus de Justiça de Lisboa – foi tão somente a expressão concreta do descontentamento e da indignação que alastram entre os trabalhadores e que foram explicadas e justificadas abundantemente nas intervenções de Francisco Braz, Mário Nogueira, Ana Avoila e Manuel Carvalho da Silva.

«Só o aprofundamento da luta dos trabalhadores permitirá estancar o agravamento brutal das suas condições de vida e das camadas desfavorecidas da população e perspectivar a sua inversão», reitera-se na resolução aprovada pelos cerca de 700 participantes nos momentos finais do plenário. No documento, ficou expressa «total concordância com a realização de uma grande acção nacional de luta, na segunda quinzena de Fevereiro», a par da «disponibilidade para criar nos locais de trabalho a dinâmica necessária à realização da mesma». A data, em concreto, deverá ser decidida a 8 de Fevereiro, numa cimeira de sindicatos da Frente Comum. Até lá, mantêm-se os combates nas várias frentes, incluindo a jurídica, contra o roubo nos salários, e também a participação nas acções distritais da CGTP-IN na próxima semana (ver pág. 23).

Na resolução o Governo é acusado de não se preocupar em reduzir os verdadeiros desperdícios, apontando-se um exemplo da «externalização de serviços»: «nos últimos cinco meses, o Governo pagou à Accenture, por trabalhos de informática em outsourcing, 5,3 milhões de euros». «Os trabalhadores recusam que se atire o peso da crise económica do capitalismo para as suas costas, enquanto os seus causadores e beneficiários continuam a acumular lucros, com benefícios fiscais escandalosos, e a aumentar o custo dos seus serviços», salienta-se na resolução.

Também anteontem, ao final da tarde, centenas de investigadores da Polícia Judiciária concentravam-se no Terreiro do Paço, frente ao Ministério da Justiça, após um plenário da sua associação sindical (Asfic/PJ), em que decidiram agravar a luta pelo caderno reivindicativo apresentado em Dezembro de 2009. Desde 15 de Dezembro de 2010, com muito elevados níveis de adesão, têm recusado todo o trabalho para além do horário normal. Agora, a greve passa a abranger todos os regimes de descanso e folgas, como a hora de almoço.


Francisco Lopes saúda


«São muitas e justas as razões de vossa luta: cortes nos salários e pensões; destruição do vínculo público; destruição das carreiras profissionais, polivalência e mobilidade especial; privatização de serviços públicos, com a sua inerente degradação», afirma o candidato do PCP, na mensagem que endereçou ao plenário da Frente Comum. Francisco Lopes saudou «a intensificação da vossa intervenção» e apelou aos trabalhadores da Administração Pública para que «usem o seu voto no próximo domingo, não só para demonstrar o seu protesto e indignação contra os candidatos responsáveis por esta brutal ofensiva contra os trabalhadores e os serviços públicos, mas também para afirmarem a exigência de uma outra política que defenda o emprego, o aumento dos salários, promova a produção nacional e os serviços públicos, garanta um Portugal com futuro».

 

Violência policial


A violência policial ocorreu já depois de terminado o plenário e teve por objectivo político intimidar e conter os justos protestos dos trabalhadores, como denunciaram no local vários dirigentes da Frente Comum e também o dirigente comunista Bernardino Soares, que em solidariedade acorreu ao local, tal como muitos outros camarada.



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