LUTAR, LUTAR SEMPRE

«O povo e o País não estão con­de­nados à eter­ni­zação desta po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal»

Seguindo uma som­bria tra­dição ini­ciada há 34 anos pela po­lí­tica de di­reita, os bancos anun­ciam os seus lu­cros. Fazem-no com a ar­ro­gância tí­pica de quem se sente dono disto tudo, do se­nhor que exibe pe­rante os servos, de forma ame­a­ça­dora, a sua força, o seu poder, o seu mando.

Trata-se de lu­cros fa­bu­losos, a con­firmar a marca de classe da po­lí­tica que os pro­por­ciona e que des­montam, de forma inequí­voca, a pa­tranha am­pla­mente di­fun­dida pelos exe­cu­tantes e apoi­antes da po­lí­tica de di­reita de que «a crise toca a todos».

Trata-se de lu­cros que cons­ti­tuem um in­sulto para os por­tu­gueses – para a imensa mai­oria dos por­tu­gueses – bru­tal­mente fla­ge­lados por uma po­lí­tica que todos os dias lhes rouba e viola di­reitos hu­manos fun­da­men­tais e lhes agrava as con­di­ções de tra­balho e de vida.

Com efeito, en­quanto os bancos, in­so­lentes, anun­ciam os seus lu­cros, mi­lhões de por­tu­gueses vêem os seus sa­lá­rios serem-lhes re­du­zidos, con­ge­ladas as suas re­formas e pen­sões e rou­bados apoios so­ciais in­dis­pen­sá­veis; vêem-se ati­rados para o de­sem­prego – re­giste-se que a pró­pria banca, a dos lu­cros fa­bu­losos, des­pede e dis­pensa tra­ba­lha­dores e aplica cortes sa­la­riais e de di­reitos; so­frem as con­di­ções de­su­manas do em­prego pre­cário e a ameaça real da sua ge­ne­ra­li­zação; vêem agravar-se a sua si­tu­ação com os bru­tais au­mentos dos preços dos bens es­sen­ciais; so­frem na pele as con­sequên­cias de uma dis­tri­buição da ri­queza na­ci­onal que os trata como pá­rias e que, acen­tu­ando dras­ti­ca­mente as in­jus­tiças so­ciais, gera cada vez mais po­breza, mais mi­séria, mais fome.

Lu­cros fa­bu­losos dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, de um lado; e sa­cri­fí­cios, in­jus­tiças e de­gra­dação da vida da imensa mai­oria dos por­tu­gueses, do outro lado: eis o es­tado a que 34 anos de po­lí­tica de di­reita pra­ti­cada pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, con­du­ziram o País – e que, na si­tu­ação ac­tual, o Go­verno de José Só­crates, no cum­pri­mento do seu turno de ser­viço e em ser­viço com­bi­nado com os seus par­ceiros tra­di­ci­o­nais, se pre­para para agravar ainda mais.

 

Alterar ra­di­cal­mente esta si­tu­ação, subs­ti­tuindo a po­lí­tica ao ser­viço dos in­te­resses de uma imensa mi­noria por uma po­lí­tica que sirva os in­te­resses da imensa mai­oria, co­loca-se de forma cada vez mais pre­mente como questão es­sen­cial para Por­tugal e para os por­tu­gueses.

Como o PCP tem in­sis­ten­te­mente su­bli­nhado, o povo e o País não estão con­de­nados à eter­ni­zação desta po­lí­tica de de­clínio e de afun­da­mento, de avil­ta­mento da in­de­pen­dência e da so­be­rania na­ci­o­nais, de ig­no­mi­ni­osas in­jus­tiças so­ciais: é ne­ces­sária e é pos­sível a cons­trução de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva e de uma al­ter­na­tiva po­lí­tica, que res­ti­tuam ao povo e ao País a dig­ni­dade e a jus­tiça de Abril, a pos­tura que fez de Por­tugal um país so­be­rano e in­de­pen­dente, o res­peito pelos di­reitos e in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País, con­sa­grados na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

Para a con­cre­ti­zação de tal ob­jec­tivo, a luta de massas apre­senta-se como o ca­minho certo a se­guir. É ela, en­quanto ex­pressão da força or­ga­ni­zada da classe ope­rária e res­tantes tra­ba­lha­dores, a res­posta à po­lí­tica de classe le­vada a cabo pelos go­vernos que não passam de con­se­lhos de ad­mi­nis­tração dos in­te­resses do grande ca­pital – pelo que a sua in­ten­si­fi­cação e o seu alar­ga­mento cons­ti­tuem ta­refa cru­cial para os tra­ba­lha­dores e o povo.

Nesse sen­tido, as ac­ções le­vadas a cabo, em todas as ca­pi­tais de dis­trito, de 24 a 29 de Ja­neiro, in­te­gradas na se­mana de luta con­vo­cada pela CGTP-IN, cons­ti­tuíram um muito po­si­tivo en­saio para novas, mais par­ti­ci­padas e mais fortes lutas no fu­turo ime­diato, a co­meçar já no mês de Fe­ve­reiro, en­vol­vendo de­sig­na­da­mente tra­ba­lha­dores Fer­ro­viá­rios, dos CTT, da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, do Metro, da Trans­tejo, dos TST, da Carris.

Também a di­na­mi­zação das lutas em torno da de­fesa dos ser­viços pú­blicos – saúde, edu­cação, trans­portes pú­blicos, etc. – cons­ti­tuirá pre­cioso con­tri­buto para o cres­ci­mento da luta das massas po­pu­lares.

 

Foi à luz dessa ne­ces­si­dade, e da con­si­de­ração da luta de massas como factor de­ter­mi­nante para a rup­tura e para a cons­trução de um novo rumo para Por­tugal, que o Co­mité Cen­tral apelou ao em­pe­nha­mento forte e con­fi­ante das or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do Par­tido, vi­sando a in­ten­si­fi­cação e o alar­ga­mento da luta, atraindo a ela novos seg­mentos das massas tra­ba­lha­doras, de­sig­na­da­mente os jo­vens tra­ba­lha­dores, alvos pre­fe­ren­ciais do grande ca­pital e dos que o servem no Go­verno.

E é nessa mesma pers­pec­tiva – e dando o seu con­tri­buto para o es­cla­re­ci­mento das causas e dos cau­sa­dores da si­tu­ação dra­má­tica em que o País se en­contra, e para a busca de so­lu­ções que po­nham termo a essa si­tu­ação – que o CC de­cidiu dar con­ti­nui­dade à acção Por­tugal a Pro­duzir, le­vando-a junto dos tra­ba­lha­dores, dos pe­quenos pro­du­tores, de todos os de­mo­cratas e pa­tri­otas in­con­for­mados com a po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal que PS, PSD e CDS querem impor ao País – afir­mando o valor es­tra­té­gico da pro­dução na­ci­onal e da sua dis­tri­buição, para a cri­ação de em­prego, para o com­bate à de­pen­dência ex­terna, para o de­sen­vol­vi­mento, para a jus­tiça so­cial.

Tudo isto no quadro do sempre ne­ces­sário re­forço do Par­tido, num ano que fi­cará mar­cado pelas co­me­mo­ra­ções do seu 90.º ani­ver­sário – as quais, como afirmou o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa no co­mício de Lisboa, para além de in­te­grarem a luta contra a po­lí­tica de di­reita, de­verão con­tri­buir para uma ampla di­vul­gação da his­tória he­róica do Par­tido, «das suas pro­postas, do pro­jecto do so­ci­a­lismo como exi­gência da ac­tu­a­li­dade e do fu­turo e da sua iden­ti­dade co­mu­nista».