Contestação social na Argélia

Bouteflika promete melhorias

O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, comprometeu-se, dia 3, a levantar brevemente o estado de emergência e a tomar um conjunto de medidas económicas para responder ao descontentamento na sociedade.

Pela primeira vez, Bouteflika pronunciou-se sobre os tumultos registados entre os dias 4 e 9 de Janeiro, que fizeram cinco mortos e mais de 800 feridos, reconhecendo que houve «excessos lamentáveis».

O chefe de Estado anunciou uma aceleração da construção de habitações e facilidades no acesso ao crédito imobiliário junto dos bancos, 90 por cento dos quais são públicos.

As medidas de estabilização dos preços dos produtos alimentares básicos, já antes tomadas em relação aos cereais e outros, deverão aplicar-se agora igualmente aos legumes secos. Bouteflika prometeu ainda reformar o combate à corrupção, endurecendo a legislação relativa a este tipo de crimes.

Embora cedendo à exigência da oposição de pôr fim ao estado de emergência, o presidente recordou que as manifestações estão proibidas na capital desde 2001. Ora, as forças de oposição agrupadas na Coordenação Nacional para a Mudança e a Democracia já anunciaram que mantêm a convocação para o próximo sábado, 12, de um desfile em Argel, em defesa da democratização e de uma «mudança de sistema».

Por último, Bouteflika deu ainda sinais de abertura política, instruindo os meios audiovisuais para proporcionarem acesso equitativo à oposição: «A televisão e a rádio devem garantir a cobertura das actividades do conjunto dos partidos e organizações nacionais reconhecidas e abrir-lhes equitativamente os seus canais».

Entretanto prosseguem protestos isolados em várias localidades do país, tendo sido registados desde meados de Janeiro mais de duas dezenas de tentativas de imolação pelo fogo por parte de desempregados, frente a sedes municipais e governamentais.



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