Greve dos magistrados em França

A gota de água

Os 192 tri­bu­nais fran­ceses en­cer­raram pra­ti­ca­mente na to­ta­li­dade, dia 10, de­vido a uma greve iné­dita dos ma­gis­trados, que saíram às ruas em pro­testo nas prin­ci­pais ci­dades.

O maior pro­testo de­correu sim­bo­li­ca­mente em Nantes, ci­dade onde, no dia 3, o pre­si­dente Sar­kozy acusou a classe de «erros» e «dis­fun­ções graves» a pro­pó­sito do as­sas­si­nato es­ca­broso de uma jovem de 18 anos, cujo ca­dáver foi en­con­trado dentro de um saco no fundo de um lago.

O caso chocou a opi­nião pú­blica e Sar­kozy não he­sitou em ex­plorar o facto de o prin­cipal sus­peito do crime ser um ca­das­trado de longa data, para pôr em causa a ido­nei­dade dos pro­fis­si­o­nais da Jus­tiça e ameaçá-los com san­ções.

Com efeito, o ar­guido Tony Mai­lhon, de 31 anos, fora preso pela pri­meira vez aos 17 anos por um de­lito se­xual, pas­sando mais de 12 anos nas pri­sões, quase sempre por roubo ou de­so­be­di­ência às au­to­ri­dades. Foi li­ber­tado pela úl­tima vez em Fe­ve­reiro do ano pas­sado, sob con­dição de ser se­guido por um es­pe­ci­a­lista em in­serção so­cial. Mas isso não se ve­ri­ficou.

To­davia, re­jei­tando ser o bode ex­pi­a­tório, os juízes de­nun­ci­aram os cortes no or­ça­mento da Jus­tiça, con­si­de­rando que, em vez de ame­aças, Sar­kozy devia ga­rantir-lhes os meios ne­ces­sá­rios para o cum­pri­mento da sua missão.

Aliás, como ex­plica o Journal du di­manche (13.02), o acom­pa­nha­mento so­cial não foi efec­tuado de­vido à falta de pes­soal do ser­viço de in­te­gração, que só dispõe de 27 pro­fis­si­o­nais para se­guir quatro mil pes­soas. Por isso é obri­gado a se­lec­ci­onar os casos mais graves, e Mai­lhon não era um deles.



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