UM PARTIDO DIFERENTE

«Hoje, como nos úl­timos no­venta anos, os co­mu­nistas ocupam a pri­meira fila da luta»

Come­mo­ramos o 90.º ani­ver­sário do PCP. Em luta, como é pró­prio de um par­tido que fez das suas nove dé­cadas de exis­tência um tempo de luta cons­tante, tra­vada em todas as cir­cuns­tân­cias e en­fren­tando todos os obs­tá­culos – assim se afir­mando como um caso ímpar no quadro par­ti­dário na­ci­onal.

Na ver­dade, com a fun­dação, em 6 de Março de 1921, do Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês – cor­res­pon­dendo a uma ne­ces­si­dade his­tó­rica da so­ci­e­dade por­tu­guesa – nascia um par­tido de novo tipo, com ca­rac­te­rís­ticas es­pe­cí­ficas, di­fe­rente de todos os exis­tentes à al­tura.

Di­fe­rente, desde logo, pelo seu ob­jec­tivo su­premo – a cons­trução de uma so­ci­e­dade sem ex­plo­ra­dores nem ex­plo­rados, a so­ci­e­dade so­ci­a­lista e co­mu­nista – e, por isso mesmo, di­fe­rente no as­sumir das exi­gên­cias que tão am­bi­cioso ob­jec­tivo com­porta.

Di­fe­rente, sempre, na prá­tica e na pos­tura em todos os mo­mentos e si­tu­a­ções – e de forma inequí­voca quando, face à ordem sa­la­za­rista de dis­so­lução de todos os par­tidos po­lí­ticos, foi o único a dizer «não» e a optar pela re­sis­tência ao fas­cismo, vindo a sa­grar-se como o grande par­tido da re­sis­tência e da uni­dade an­ti­fas­cistas.

Di­fe­rente quando, no tempo novo de Abril, foi força mo­triz do pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário que, com as suas grandes con­quistas, viria a trans­formar pro­funda e po­si­ti­va­mente a re­a­li­dade na­ci­onal.

Di­fe­rente – nestes 35 anos de contra-re­vo­lução – na sua pos­tura face à po­lí­tica de di­reita: no seu em­penho na mo­bi­li­zação para a luta pela rup­tura e por um novo rumo para Por­tugal; na apre­sen­tação de pro­postas vi­sando com­bater as con­sequên­cias dessa po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal nas con­di­ções de tra­balho e de vida da imensa mai­oria dos por­tu­gueses; na sua in­ter­venção em de­fesa da so­be­rania e da in­de­pen­dência na­ci­o­nais; na luta por uma de­mo­cracia avan­çada ins­pi­rada nos va­lores e nos ideais de Abril.

E se su­bli­nhar esta di­fe­rença é sempre im­por­tante – mais ainda o é quando, como acon­tece ac­tu­al­mente, se de­sen­volve uma in­tensa ope­ração vi­sando a acei­tação da ideia de que «os par­tidos são todos iguais», com isso se pre­ten­dendo ocultar a sin­gu­la­ri­dade do PCP, o facto por de­mais evi­dente de ele ser, como os seus 90 anos de vida e de luta mos­tram, um par­tido di­fe­rente dos que são todos iguais.

 

Come­mo­ramos o 90.º ani­ver­sário do PCP num tempo em que aos mi­li­tantes co­mu­nistas se co­loca um con­junto de im­por­tantes e in­con­tor­ná­veis ta­refas, res­pei­tantes quer à ne­ces­si­dade de dar res­posta firme à po­lí­tica de di­reita e aos danos que pro­voca aos tra­ba­lha­dores, ao povo e ao País; quer no que res­peita à ne­ces­si­dade de re­forço do Par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores.

Num tempo, também, em que, como a ex­pe­ri­ência tem vindo a de­mons­trar, a luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores se apre­senta como o único ca­minho para dar a volta a isto e para cons­truir a mu­dança.

Às im­por­tantes e po­de­rosas lutas dos úl­timos meses – das quais emerge como mo­mento maior a his­tó­rica Greve Geral de 24 de No­vembro, er­guida por mais de três mi­lhões de tra­ba­lha­dores – há que dar a con­ti­nui­dade ne­ces­sária, pros­se­guindo-as, in­ten­si­fi­cando-as e atraindo a elas novos seg­mentos das massas tra­ba­lha­doras, de modo a torná-las mais efi­cazes com vista à con­cre­ti­zação dos ob­jec­tivos de­se­jados.

Nesse sen­tido, é fun­da­mental fazer da jor­nada de luta de 19 de Março uma muito grande ma­ni­fes­tação, fa­zendo desse dia o dia da in­dig­nação e do pro­testo, da con­ver­gência de todos os des­con­ten­ta­mentos e in­sa­tis­fa­ções, da exi­gência de mu­dança e de um novo rumo para Por­tugal – uma muito grande ma­ni­fes­tação que será pos­sível com um in­tenso e amplo tra­balho pre­pa­ra­tório, es­cla­re­cendo e mo­bi­li­zando os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções, de­mons­trando-lhes que, ao con­trário do que dizem os pro­pa­gan­distas do grande ca­pital, a luta não só vale a pena como é in­dis­pen­sável para travar o de­clínio e o afun­da­mento do País.

E hoje, como ao longo dos úl­timos no­venta anos, os mi­li­tantes co­mu­nistas ocupam a pri­meira fila da luta – com isso mar­cando a di­fe­rença em re­lação a todos os ou­tros par­tidos.

 

Come­mo­ramos o 90.º ani­ver­sário do PCP no mo­mento em que o nosso grande co­lec­tivo par­ti­dário leva por di­ante a im­por­tante acção «Avante! Por um PCP mais forte!», vi­sando o re­forço or­gâ­nico, in­ter­ven­tivo e ide­o­ló­gico do Par­tido.

Com a cons­ci­ência de que quanto mais forte for o Par­tido, mais forte será a luta – da mesma forma que o re­forço da luta conduz ao re­forço do Par­tido.

E o Par­tido re­força-se jun­tando mais e mais mi­li­tantes ao nosso grande co­lec­tivo par­ti­dário – de­sig­na­da­mente jo­vens mi­li­tantes; am­pli­ando e tor­nando mais es­treita a sua li­gação às massas – re­for­çando as cé­lulas já exis­tentes nas em­presas e lo­cais de tra­balho e cri­ando-as ali onde elas não existem; as­se­gu­rando a ac­ti­vi­dade dos or­ga­nismos par­ti­dá­rios, no quadro do seu fun­ci­o­na­mento de­mo­crá­tico e do tra­balho co­lec­tivo; ele­vando a cons­ci­ência po­lí­tica e ide­o­ló­gica dos mi­li­tantes e dos qua­dros; dando con­ti­nui­dade à luta le­vada a cabo por su­ces­sivas ge­ra­ções de co­mu­nistas ao longo das úl­timas nove dé­cadas e que, no mo­mento ac­tual, tem como ob­jec­tivo pri­meiro pôr fim à po­lí­tica de di­reita e cons­truir a al­ter­na­tiva, sempre tendo no ho­ri­zonte o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo – enfim, afir­mando e de­fen­dendo a iden­ti­dade co­mu­nista do Par­tido, sua fonte de força es­sen­cial e sua marca dis­tin­tiva.

Muitas são as ra­zões para nos sen­tirmos or­gu­lhosos por estes no­venta anos de vida e de luta que agora co­me­mo­ramos – e para as­su­mirmos o com­pro­misso de, hon­rando o exemplo das ge­ra­ções de co­mu­nistas que nos an­te­ce­deram, sermos seus dignos con­ti­nu­a­dores.