- Nº 1945 (2011/03/10)
Ensino profissional em luta

Alunos obrigados a abandonar a escola

Nacional

A Associação de Estudantes da Escola Profissional de Ciências Geográficas entregou, quinta-feira, no Ministério da Educação, um abaixo-assinado em que se exige resposta para os problemas que afectam o ensino profissional.

A acção de luta contou com a presença de largas dezenas de alunos daquela instituição, que, ali, reivindicaram a responsabilização e a intervenção do Governo, de modo a que o ensino profissional garanta os direitos e aspirações dos alunos como a «extinção das propinas», «estágios dignos e remunerados», «implementação da Educação Sexual», «igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior», «mais e melhores condições materiais e humanas» e «desenvolvimento de medidas de apoio através de subsídios de alimentação, transporte, alojamento, e não a sua extinção».

A este protesto juntaram-se, nas suas escolas, os estudantes alentejanos, que prometem continuar a lutar até que os seus problemas sejam resolvidos. Na EPRAL de Évora exige-se, por exemplo, um «ginásio ou um polidesportivo» e o «pagamento do subsídio de alimentação, mesmo quando se falta a uma aula». No pólo de Estremoz, os alunos reclamam a «existência de um horário escolar anual e não diário», a «criação de um refeitório com preços sociais» e «investimento no curso de multimédia. Por seu lado, na INETESE os estudantes exigem o pagamento do «subsídio de alimentação, transporte e alojamento e bolsa de estudantes que está em atraso há dois meses».

No Porto, cerca de 70 alunos da Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE) manifestaram-se à porta da escola contra os atrasos «recorrentes» na entrega dos subsídios para formação, afirmando que há já quem equacione abandonar os estudos. Em silêncio, a maioria dos alunos desta escola vestiram roupa preta e apresentaram artes de rua.

Em declarações à Lusa, Joana Melo afirmou que cerca de 120 alunos da ACE, que frequentam cursos profissionais do 10.º ao 12.º anos, não recebem os subsídios (transporte, alimentação e alojamento) desde Janeiro. «Sempre houve atrasos nos pagamentos, mas nunca como agora», garantiu, informando que «um aluno já abandonou a escola e alguns foram despejados».

Em nota de imprensa, a JCP saudou os alunos que afirmaram, no dia 3 de Março, a «luta como a única forma de resolver os problemas concretos nas suas escolas». «Depois do descontentamento hoje colocado na rua pelos estudantes do ensino profissional, certamente que a luta sairá reforçada e com mais condições de ser ampliada. Luta que hoje e sempre contará com a força da organização revolucionária da juventude, a JCP, na defesa e na conquista de um ensino profissional digno, público, gratuito e de qualidade», afirmam os jovens comunistas.