UM PCP MAIS FORTE PARA DAR MAIS FORÇA À LUTA

«Foi a maior acção de massas re­a­li­zada de­pois da his­tó­rica greve geral de 24 de No­vembro»

A ma­ni­fes­tação do dia 19 – pela di­mensão que atingiu, pela força que evi­den­ciou e pelo sig­ni­fi­cado de que se re­vestiu – cons­ti­tuiu o acon­te­ci­mento de maior re­le­vância da se­mana que passou.

Tratou-se, sem dú­vida, da maior acção de massas re­a­li­zada desde a his­tó­rica Greve Geral de 24 de No­vembro, facto que é, por si só, re­ve­lador da sua im­por­tância.

Tratou-se, igual­mente, de mais uma con­fir­mação inequí­voca da dis­po­ni­bi­li­dade de luta das massas tra­ba­lha­doras or­ga­ni­zadas na sua cen­tral sin­dical de classe, a CGTP–IN – uma dis­po­ni­bi­li­dade que cons­titui o dado mais po­si­tivo e a mais clara afir­mação co­lec­tiva de que, como gri­taram mi­lhares de tra­ba­lha­dores na Ave­nida da Li­ber­dade, a luta con­tinua.

Com efeito, as cen­tenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores que, vindos de todo o País, des­fi­laram pelas ruas de Lisboa, fi­zeram-no com a cons­ci­ência plena da im­por­tância da sua pre­sença ali e da ne­ces­si­dade im­pe­riosa de dar con­ti­nui­dade à luta no fu­turo ime­diato.

E fi­zeram-no com a cons­ci­ência as­su­mida de que é na luta or­ga­ni­zada que está o ca­minho que le­vará à rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e à cons­trução de um novo rumo para Por­tugal e que só a luta or­ga­ni­zada po­derá dar ex­pressão trans­for­ma­dora ao pro­fundo e amplo des­con­ten­ta­mento pro­vo­cado pela po­lí­tica de di­reita junto da imensa mai­oria dos por­tu­gueses.

Der­rotar a po­lí­tica – que, pra­ti­cada ao longo dos anos por su­ces­sivos go­vernos PS e PSD (com ou sem o CDS/​PP), fez chegar o País à si­tu­ação dra­má­tica em que se en­contra – co­loca-se como questão cru­cial para os tra­ba­lha­dores e o povo. Não basta apenas der­rotar o go­verno, seja ele do PS ou do PSD: é ne­ces­sário der­rotar a po­lí­tica que cada um desses par­tidos pra­tica quando está no go­verno.

Só assim se porá termo a dé­cadas de al­ter­nância dis­far­çada de al­ter­na­tiva, e no de­correr das quais o PS e o PSD se têm re­ve­zado na apli­cação dessa mesma po­lí­tica de di­reita.

 

Da ma­ni­fes­tação do dia 19 há que re­levar o facto de ela ter sido er­guida a pulso pelos di­ri­gentes e ac­ti­vistas sin­di­cais, pe­rante o si­lêncio, quando não a hos­ti­li­dade, da co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante, pro­pri­e­dade do grande ca­pital – a mesma co­mu­ni­cação so­cial que, em re­lação à ma­ni­fes­tação do sá­bado an­te­rior, se des­do­brou numa acção pro­pa­gan­dís­tica sem pre­ce­dentes. E assim foi, igual­mente, no que res­peitou às no­tí­cias no pró­prio dia da ma­ni­fes­tação e nos dias que se lhe se­guiram.

A con­firmar que o que os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros e os seus ho­mens de mão nos go­vernos mais temem, é a luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores, pois é ela que traz con­sigo as se­mentes da mu­dança ne­ces­sária.

Uma luta à qual há que pro­curar atrair todos os des­con­ten­ta­mentos exis­tentes de modo a torná-la mais forte, mais par­ti­ci­pada, mais eficaz na pro­cura do seu ob­jec­tivo es­sen­cial. Uma luta que não se es­gota nas grandes ac­ções de massas, antes é com­ple­men­tada por múl­ti­plas lutas sec­to­riais e de em­presa e pela acção das po­pu­la­ções na de­fesa de ser­viços pú­blicos que cons­ti­tuem um dos alvos pre­fe­ren­ciais do Go­verno.

Exemplo disso são as im­por­tantes lutas le­vadas a cabo e em curso, de­sig­na­da­mente pelos tra­ba­lha­dores do sector dos trans­portes, pelos pro­fes­sores, pelos re­for­mados, pelos mo­vi­mentos de utentes.

Exemplo disso será a ma­ni­fes­tação da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora, con­vo­cada pela In­ter­jovem para o dia 1 de Abril e que, no quadro ac­tual, se re­veste de acres­cida im­por­tância.

En­grossar e tornar mais forte a luta de massas é a me­lhor res­posta ao si­nistro PEC IV e às graves me­didas que com­porta – me­didas que têm em vista acen­tuar a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e pros­se­guir no fa­vo­re­ci­mento dos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.

Um PEC do qual o PSD, ma­no­brando com vista ao seu fu­turo, finge dis­cordar mas si­tu­ando as suas pre­tensas di­ver­gên­cias ex­clu­si­va­mente nas ques­tões for­mais, já que em ma­téria de con­teúdo este PEC, tal como os an­te­ri­ores, é tanto do PS como do PSD.

E o mesmo há que dizer da au­tên­tica de­cla­ração de guerra que o Con­selho Eu­ropeu se pre­para para de­clarar aos tra­ba­lha­dores e aos povos.

 

É neste con­texto de fortes lutas contra a po­lí­tica de di­reita – e dando o seu con­tri­buto de­ci­sivo para o êxito dessas lutas – que o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista pros­segue, por todo o País, as co­me­mo­ra­ções do 90.º ani­ver­sário do PCP – um con­texto que, no plano in­ter­na­ci­onal, é mar­cado pela brutal agressão im­pe­ri­a­lista à Líbia, uma agressão contra a qual o PCP é o único grande par­tido na­ci­onal a ma­ni­festar-se.

Co­me­mo­rando em luta no­venta anos de luta, os co­mu­nistas honram a his­tória do seu Par­tido e afirmam-se como dignos con­ti­nu­a­dores das su­ces­sivas ge­ra­ções de ca­ma­radas que fi­zeram deste Par­tido um caso sin­gular no pa­no­rama par­ti­dário na­ci­onal.

Nas ini­ci­a­tivas le­vadas a cabo têm par­ti­ci­pado mi­lhares de mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do Par­tido, com as­si­na­lá­veis pre­senças de jo­vens – e sempre na­quele am­bi­ente fra­terno e so­li­dário tí­pico dos co­mu­nistas.

Dessas ini­ci­a­tivas é justo su­bli­nhar as que têm con­tado com a pre­sença do Se­cre­tário-geral do Par­tido, ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa, e de que há que des­tacar os al­moços de con­fra­ter­ni­zação em Mora, com 1500 par­ti­ci­pantes e no Fun­chal com mais de um mi­lhar.

Tudo isto a con­firmar, também, as po­ten­ci­a­li­dades exis­tentes de levar por di­ante com pleno êxito a acção «Avante! por um PCP mais forte!» , vi­sando o re­forço or­gâ­nico, in­ter­ven­tivo e ide­o­ló­gico do Par­tido.

O tempo que vi­vemos é de luta – e a luta será tanto mais forte quanto mais forte for o PCP.