A BATALHA ELEITORAL

«As elei­ções de­cor­rerão num ce­nário mar­cado por forte ofen­siva ide­o­ló­gica»

A si­tu­ação in­ter­na­ci­onal con­tinua mar­cada pela brutal agressão im­pe­ri­a­lista à Líbia, na­quilo que cons­titui mais um crime in­se­rido na es­tra­tégia de do­mínio ab­so­luto do pla­neta pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano e pra­ti­cado pelos mesmos de sempre contra um país e um povo so­be­ranos.

Ao con­trário do que «in­formam» os ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nantes, os bom­bar­de­a­mentos ditos «ci­rúr­gicos» e «hu­ma­ni­tá­rios» são tudo menos isso. Na ver­dade, as bombas des­pe­jadas sobre a Líbia pelos EUA, a Grã-Bre­tanha, a França, estão a des­truir a in­fra­es­tru­tura pro­du­tiva do país e a sua rede de co­mu­ni­ca­ções, ao mesmo tempo que ar­rasam bairros re­si­den­ciais, hos­pi­tais, clí­nicas, se­me­ando a des­truição e a morte de ho­mens, mu­lheres e cri­anças ino­centes.

A hi­po­crisia dos res­pon­sá­veis pelo mas­sacre – Obama e os seus cães ames­trados eu­ro­peus: Sar­kozy, Ca­meron, Ber­lus­coni… – in­vo­cando a «de­mo­cracia», a «li­ber­dade» e os «di­reitos hu­manos» para des­truir e matar bár­bara e de­su­ma­na­mente, cons­titui um au­tên­tico in­sulto à in­te­li­gência e à sen­si­bi­li­dade dos ci­da­dãos.

Por tudo isto, a luta contra a agressão im­pe­ri­a­lista à Líbia impõe-se como ta­refa para todos os que não de­sistem de se bater pela paz, pela de­mo­cracia, pela li­ber­dade, pelos di­reitos hu­manos.

O PCP, único grande par­tido na­ci­onal que con­dena ine­qui­vo­ca­mente a agressão, ocu­pará, como lhe com­pete, a pri­meira fila dessa luta – hon­rando os 90 anos da sua his­tória he­róica.

 

Enquanto isso, por cá os par­tidos da po­lí­tica de di­reita – todos co­ni­ventes com a agressão cri­mi­nosa ao povo líbio, su­blinhe-se – pre­param-se para mais uma ope­ração vi­sando criar con­di­ções para darem se­gui­mento à po­lí­tica de di­reita que, pra­ti­cada por eles, e só por eles, ao longo de trinta e cinco anos, con­duziu Por­tugal à dra­má­tica si­tu­ação em que se en­contra.

Na sequência da de­missão do Go­verno PS/​José Só­crates, a pre­texto do chumbo do si­nistro PEC IV, es­tamos a cerca de dois meses da re­a­li­zação de elei­ções an­te­ci­padas.

Re­giste-se, no en­tanto, que são bem di­fe­rentes as ra­zões que le­varam o PSD e o PCP, por exemplo, a votar contra o PEC IV.

Do lado do PCP tratou-se de um voto contra mais um passo em frente na cru­zada do Go­verno contra os di­reitos e in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo, uma cru­zada que os co­mu­nistas têm en­fren­tado e com­ba­tido – nas em­presas, nas lo­ca­li­dades, nas ruas, no Par­la­mento – como ne­nhuma outra força po­lí­tica o fez.

Quanto ao voto contra do PSD é outra coisa e bem di­fe­rente: vo­tando contra mas con­cor­dando com o PEC IV – como con­cordou com os PEC III, II e I e com todos os or­ça­mentos do Es­tado apon­tando no mesmo sen­tido – o PSD votou a pensar no poder; a pensar na al­ter­nância dis­far­çada de al­ter­na­tiva; a pensar em cum­prir o seu turno como exe­cu­tante da po­lí­tica de di­reita; a pensar na­quela que, para ele, é a me­lhor forma de pros­se­guir a po­lí­tica de di­reita – a pensar no «pote», enfim.

 

As elei­ções an­te­ci­padas de­cor­rerão num ce­nário mar­cado por uma forte ofen­siva ide­o­ló­gica. Uma ofen­siva na qual pro­li­feram – e chegam todos os dias a todo o lado, através dos po­de­rosos média do­mi­nantes – as falsas ideias das «fa­ta­li­dades» e das «ine­vi­ta­bi­li­dades», com­ple­men­tadas pelos «medos» – «medos» ci­rur­gi­ca­mente di­rec­ci­o­nados, «medos» de tudo o que não seja a «tran­qui­li­dade» da pros­se­cução da po­lí­tica de di­reita… – e pela ma­ni­pu­lação e mis­ti­fi­cação em torno da al­ter­na­tiva real.

Uma ofen­siva a que há que dar um com­bate de­ter­mi­nado e es­cla­re­cido, dei­xando claro junto das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares que estas elei­ções cons­ti­tuem, em pri­meiro lugar, uma grande opor­tu­ni­dade para pe­na­lizar de­vi­da­mente quem deve ser pe­na­li­zado: os res­pon­sá­veis, todos os res­pon­sá­veis, pela si­tu­ação ac­tual, todos os res­pon­sá­veis pelo sis­te­má­tico e brutal ataque, ao longo de dé­cadas, aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

As pró­ximas elei­ções po­derão cons­ti­tuir, também, um passo em frente no ca­minho da rup­tura e da mu­dança, tra­du­zidas na subs­ti­tuição desta po­lí­tica de di­reita e an­ti­pa­trió­tica, ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital, por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, ao ser­viço dos in­te­resses de Por­tugal e da imensa mai­oria dos por­tu­gueses.

Li­bertar o País do beco sem saída no qual a po­lí­tica de di­reita e os seus exe­cu­tantes – PS, PSD e CDS-PP – querem en­cerrá-lo de­fi­ni­ti­va­mente, apre­senta-se como um im­pe­ra­tivo a que as pró­ximas elei­ções po­derão dar um forte im­pulso.

 

É ne­ces­sário, para isso, que o elei­to­rado per­ceba o que, de facto, está em jogo.

Que o elei­to­rado per­ceba que aqueles que há mais de três dé­cadas têm tido o poder e fi­zeram chegar o País à si­tu­ação em que está, já mos­traram que não servem e que não dis­põem de con­di­ções mí­nimas para re­solver ne­nhum dos pro­blemas por eles cri­ados – e que as re­pre­sen­ta­ções a que se en­tregam, sa­cu­dindo a água do ca­pote em re­lação às res­pon­sa­bi­li­dades que têm; fin­gindo-se ad­ver­sá­rios mas, na re­a­li­dade, sendo com­parsas; apre­sen­tando-se, todos, como sal­va­dores para me­lhor es­con­derem o papel de afun­da­dores do País, essas re­pre­sen­ta­ções não passam da re­pe­tição da farsa a que todos eles se en­tregam há mais de trinta anos.

Que o elei­to­rado per­ceba que há uma al­ter­na­tiva a esta po­lí­tica – e que essa al­ter­na­tiva só é con­cre­ti­zável com o PCP, cujo re­forço elei­toral se co­loca como a questão maior nas elei­ções que se apro­ximam.

Para o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista, as elei­ções que aí vêm são mais uma ba­talha a travar – com o em­pe­nha­mento, a con­fi­ança e a con­vicção ha­bi­tuais. Uma ba­talha que deve ser vista como uma ex­pressão da luta de massas – a luta que não pode parar mesmo em tempo de elei­ções.

Porque ela é o ca­minho de­ci­sivo para dar a volta a isto.