Depois de a Assembleia da República ter sido dissolvida, os organizadores da Marcha pela Educação, marcada para o dia 2, sábado, em Lisboa, decidiram adiar o protesto dos professores, estudantes, trabalhadores não docentes, pais e encarregados de educação, psicólogos, inspectores e cidadãos, por considerarem que deixaram de ter interlocutor político.
«Passamos, agora, a ter destinatários das nossas preocupações e propostas os partidos políticos, que passam a ser protagonistas do tempo que vivemos, um período pré-eleitoral que se prolongará até 5 de Junho», informa, em nota de imprensa, a Plataforma da Educação, que promete realizar a Marcha pela Educação no próximo ano lectivo, «transformando-a num “cartão de visita” a entregar ao governo que sairá das eleições, tendo, naturalmente, em conta a matriz política que escolher para a educação».
«Desde já deixamos claro que rejeitaremos e combateremos opções que desvalorizam a escola pública, que promovam o falso conceito da “liberdade de escolha” ou que adoptem medidas como o “cheque-ensino”», acrescenta o documento.
Defender a escola pública
Até às eleições, a Plataforma da Educação vai ainda reforçar a importância atribuída ao manifesto «Investir na educação, defender a escola pública», assim como incentivar «a sua subscrição institucional, que, neste momento, já atinge 90 adesões» e realizar «bancas de rua» em três momentos: 25 de Abril, 1.º de Maio e 16 de Maio (primeiro dia da semana em que se iniciará a campanha eleitoral).
Na segunda semana de Maio terá ainda lugar um debate nacional sobre a importância dos serviços públicos, para que serão convidados personalidades e partidos políticos, a quem serão entregues propostas para a «Acção Social Escolar», «Rede Escolar», «Gestão das escolas e modelo organizacional», «Recursos das escolas (materiais e humanos) e «Escola Inclusiva».
Medidas necessárias
Ao Governo demissionário a Plataforma da Educação recorda que o mesmo se «encontra em gestão corrente» e que «os que saem deixam as coisas piores e mais desarrumadas», nomeadamente na rede escolar, com os «mega-agrupamentos» e «encerramentos de escolas». Para o próximo governo, frisaram que «há medidas de correcção que obrigatoriamente deverão ser tomadas desde logo» e que passam pela alteração do despacho de organização do ano escolar.
«O que uniu estas vozes da comunidade educativa foi o protesto às políticas e às medidas. Queremos ir para além disso, unindo vozes em torno de propostas concretas que elaboraremos e apresentaremos em breve», afirma a Plataforma, salientando: «esta convergência em torno do que é comum não nos retirará das lutas e da intervenção que é específica».