Documentos revelados pela Wikileaks acusam

EUA financiam oposição síria

Dois textos con­fi­den­ciais atri­buídos ao de­par­ta­mento de Es­tado dos EUA in­dicam que Washington fi­nancia grupos da opo­sição síria e um canal de te­le­visão com o in­tuito de der­rubar o pre­si­dente Bashar Al-Assad.

«Grupos ar­mados estão a se­mear o caos na Síria, dizem as au­to­ri­dades»

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Foto LUSA

As in­for­ma­ções pu­bli­cadas na edição de se­gunda-feira do Washington Post re­velam os vín­culos que o go­verno norte-ame­ri­cano mantém, desde 2006, com uma emis­sora sa­té­lite com sede em Lon­dres, a Ba­rada, cujas trans­mis­sões se ini­ci­aram em Abril de 2009, e com grupos que têm como ob­jec­tivo pro­vocar a queda do re­gime li­de­rado por Al-Assad.

Nos úl­timos cinco anos, sus­tenta o diário com base em in­for­ma­ções ce­didas pelo Wi­ki­leaks, pelo menos seis mi­lhões de dó­lares terão sido ca­na­li­zados para «apoiar pro­gramas e dis­si­dentes dentro da Síria», em­bora, a pe­dido das au­to­ri­dades norte-ame­ri­canas, o jornal se tenha abs­tido de di­vulgar o nome dos be­ne­fi­ciá­rios.

A te­le­visão tem sido uma das mais en­tu­siás­ticas di­vul­ga­doras dos pro­testos que, desde meio de Março, con­testam a li­de­rança síria, mas o seu di­rector, Malik Al Abdeh, não con­firma o fi­nan­ci­a­mento norte-ame­ri­cano, ad­mi­tindo, apenas, re­ceber fundos de «em­pre­sá­rios in­de­pen­dentes sí­rios».

Os do­cu­mentos re­co­lhidos pelo Wi­ki­leaks surgem pre­ci­sa­mente quando as au­to­ri­dades sí­rias acusam os grupos con­tes­ta­tá­rios de es­tarem ao ser­viço de in­te­resses es­tran­geiros. Para o exe­cu­tivo de Da­masco, os «in­ci­ta­dores da vi­o­lência» são res­pon­sá­veis pela morte de vá­rios civis, e dão como exemplo os acon­te­ci­mentos na pro­víncia de Homs, onde um grupo de ban­do­leiros co­meçou a dis­parar in­dis­cri­mi­na­da­mente contra po­lí­cias e civis até à che­gada de um con­tin­gente do exér­cito.

No final de Março, a Síria de­teve um in­di­víduo de na­ci­o­na­li­dade egípcia e norte-ame­ri­cana que con­fessou ter re­ce­bido di­nheiro para re­co­lher fotos que dessem a imagem da exis­tência de tu­multos no país.

Já a se­mana pas­sada, as au­to­ri­dades sí­rias de­ti­veram três mem­bros de uma su­posta cé­lula ter­ro­rista res­pon­sável pelo caos ge­rado du­rante as ma­ni­fes­ta­ções po­pu­lares. Todos terão con­fes­sado a au­toria de actos de sa­bo­tagem contra edi­fí­cios pú­blicos e o dis­paro de armas de fogo contra civis e agentes da po­lícia.

Os ho­mens terão igual­mente ad­mi­tido que o seu con­tacto era o de­pu­tado li­banês Yamal Al-Yarrah, membro do par­tido de Saed Al-Ha­riri, pri­meiro-mi­nistro do Lí­bano.

Ainda na pas­sada se­mana, franco-ati­ra­dores ma­taram um sol­dado na ci­dade de Ba­nias, onde, tal como em Da­masco ou Deera, de­cor­reram vá­rias ma­ni­fes­ta­ções com mi­lhares de pes­soas contra e a favor do pre­si­dente Al-Assad.

As ini­ci­a­tivas ter­minam quase sempre em con­frontos entre forças re­pres­sivas, par­ti­dá­rios e con­tes­ta­tá­rios ao re­gime. Meios de co­mu­ni­cação in­ter­na­ci­o­nais dão conta de de­zenas de mortos e fe­ridos, mas as au­to­ri­dades sí­rias negam res­pon­sa­bi­li­dades nas ví­timas e alegam que o con­flito está a ser em­po­lado e que a in­to­xi­cação da opi­nião pu­blica é evi­dente.

 

Agressão im­pe­ri­a­lista gera
crise hu­ma­ni­tária na Líbia

 

Os bom­bar­de­a­mentos da NATO contra a Líbia estão a criar uma si­tu­ação hu­ma­ni­tária ex­tre­ma­mente grave, diz o grupo in­ter­na­ci­onal «Mãos Fora da Líbia». Em con­fe­rência de im­prensa di­vul­gada pela Te­lesur, os ac­ti­vistas ape­laram ainda aos meios de co­mu­ni­cação so­cial in­ter­na­ci­o­nais para que digam a ver­dade sobre os acon­te­ci­mentos no país.

No do­mingo, exem­pli­fi­caram, a Ali­ança Atlân­tica bom­bar­deou áreas ha­bi­ta­ci­o­nais numa lo­ca­li­dade a 50 qui­ló­me­tros da ca­pital Tri­poli. Dias antes, a Uni­ver­si­dade de Tri­poli foi igual­mente alvo dos ata­ques aé­reos, dis­seram.

Si­mul­ta­ne­a­mente, acusam as mesmas fontes, os re­beldes lí­bios estão a re­crutar me­nores para os com­bates, go­zando da com­pla­cência das po­tên­cias ca­pi­ta­listas que res­pon­sa­bi­lizam o re­gime de Mu­ammar Kha­dafi pela morte de civis.

No ter­reno, os in­sur­gentes foram no­va­mente re­pe­lidos pelo exér­cito re­gular na ci­dade de Aj­da­biya, jus­ta­mente no mo­mento em que in­for­ma­ções davam conta do avanço dos ho­mens de Ben­gazi, in­di­cando mesmo estar em curso uma ope­ração que só pa­raria na ci­dade pe­tro­lí­fera de Brega.

Já em Mis­ratah, a si­tu­ação é caó­tica para a po­pu­lação, apa­nhada no meio dos com­bates entre re­beldes, apoi­ados pelos raides da NATO, e as tropas go­ver­na­men­tais.

A guerra de agressão contra a Líbia in­ten­si­fica-se quando altos res­pon­sá­veis im­pe­ri­a­listas ad­mitem que, in­clu­si­va­mente ao ar­repio da re­so­lução apro­vada pelo Con­selho de Se­gu­rança das Na­ções Unidas, o ob­jec­tivo é ex­pulsar Kha­dafi do país.

No do­mingo, foi o ti­tular do Con­selho da Eu­ropa, Herman Van Rompuy, a ad­miti-lo, re­pro­du­zindo, aliás, o con­teúdo do co­mu­ni­cado con­junto di­vul­gado an­te­ri­or­mente pelos pre­si­dentes dos EUA, Ba­rack Obama, da França, Ni­colas Sar­kozy, e da Grã-Bre­tanha, David Ca­meron, para quem a pressão se vai manter custe o que custar.

Para der­rubar Kha­dafi, os meios não pa­recem cons­ti­tuir um pro­blema, e Obama foi claro quando con­firmou que o Qatar «não está apenas a apoiar di­plo­ma­ti­ca­mente os re­beldes, mas também mi­li­tar­mente». Para além do Qatar, também a In­gla­terra, a Itália e a França têm for­ne­cido ins­tru­tores, ar­ma­mento e ma­te­rial de co­mu­ni­ca­ções aos re­beldes, con­fessou ao canal sau­dita Al-Arabia o chefe mi­litar do au­to­de­no­mi­nado Con­selho Na­ci­onal de Tran­sição líbio.

As forças da NATO terão à sua dis­po­sição mais aviões para pros­se­guirem as ini­ci­a­tivas de de­vas­tação da Líbia, e a UE, em co­or­de­nação com a Ali­ança Atlân­tica, pre­para uma «ope­ração hu­ma­ni­tária» para ajudar os re­beldes na sua luta contra Kha­dafi, me­didas pre­o­cu­pantes cujas con­sequên­cias dra­má­ticas para o povo líbio só agora se co­meçam a vis­lum­brar.


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