Milhares em luta pela soberania e o progresso

Força de Abril com vontade de futuro

Mi­lhares de pes­soas co­me­mo­raram em todo o País a Re­vo­lução. Nas jor­nadas de Lisboa e Porto, o povo saiu à rua para dizer que «não quer aqui o FMI», grito de so­be­rania pau­tado pela de­ter­mi­nação em cons­truir o País justo, fra­terno e de­sen­vol­vido que Abril deixou an­tever.

«Mi­lhares de pes­soas re­pe­tiram “não que­remos aqui o FMI”»

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Vi­eram de todo o dis­trito de Lisboa e Se­túbal e pouco antes do início do des­file eram já mi­lhares os que se aglo­me­ravam no Marquês de Pombal e nas ar­té­rias ad­ja­centes. Tra­ba­lha­dores e tra­ba­lha­doras, na sua mai­oria, mas também jo­vens es­tu­dantes e re­for­mados que não ab­di­caram de descer a Ave­nida da Li­ber­dade ma­ni­fes­tando de viva voz o re­púdio ao fas­cismo e exi­gindo o País justo, fra­terno e de­sen­vol­vido que Abril deixou an­tever.

É uma au­tên­tica epo­peia a re­sis­tência dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses a 35 anos de po­lí­tica de di­reita pro­ta­go­ni­zada por go­vernos PS e PSD, co­li­gados ou não com o CDS. Cer­ta­mente por isso, e con­tra­ri­ando o chavão que manda a culpa morrer sol­teira, muitos foram os que apon­taram o dedo aos res­pon­sá­veis pela grave si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial em que Por­tugal se en­contra.

Fica, como nou­tras gran­di­osas mo­vi­men­ta­ções de massas, o so­noro aviso aos in­cautos para que não con­fiem nas falsas re­ceitas que re­pe­ti­da­mente apre­sentam os que con­du­ziram o País ao de­clínio, tendo ainda a dis­tinta lata de impor agora ao povo a pe­sada fac­tura da po­lí­tica ao ser­viço do grande ca­pital.

Mas mais do que um des­filar de acu­sa­ções e re­volta – le­gí­tima, justa e car­re­gada de razão, su­blinhe-se – entre o Marquês de Pombal e o Rossio ma­ni­festou-se a es­pe­rança, tra­du­zida na rei­vin­di­cação de me­lhores sa­lá­rios e na de­fesa de di­reitos la­bo­rais e so­ciais como fac­tores in­dis­so­ciá­veis da con­dição hu­mana, e na cer­teza de que os ser­viços pú­blicos de saúde, edu­cação ou trans­portes são com­po­nentes de uma so­ci­e­dade de pro­gresso eco­nó­mico e so­cial; ex­pressa na de­ter­mi­nação em pro­por­ci­onar aos jo­vens um fu­turo onde a pre­ca­ri­e­dade não seja o pão nosso que amarga o dia-a-dia, e aos re­for­mados, pen­si­o­nistas e idosos a dig­ni­dade após uma vida in­teira de tra­balho.

Unidos neste de­sígnio contra as falsas ine­vi­ta­bi­li­dades, es­ti­veram as or­ga­ni­za­ções e os mem­bros do mo­vi­mento sin­dical uni­tário, de­mo­crá­tico e de classe, os utentes dos ser­viços pú­blicos, as po­pu­la­ções e o poder local de­mo­crá­tico de muitos dos con­ce­lhos da bacia do Tejo, os eco­lo­gistas do Par­tido «O Verdes», os an­ti­fas­cistas e os ac­ti­vistas da paz e da so­li­da­ri­e­dade para com os povos em luta, os imi­grantes que for­çados a vender a força de tra­balho em terra alheia querem ser re­co­nhe­cidos como iguais, os fi­li­ados nas co­lec­ti­vi­dades de des­porto, cul­tura e re­creio. Es­ti­veram os mi­lhares de mi­li­tantes do PCP e os mem­bros da Ju­ven­tude Co­mu­nista Por­tu­guesa, cuja pre­sença re­força Abril, con­fe­rindo à luta pelo va­lores e pro­jecto da Re­vo­lução, não apenas a cer­teza de con­ti­nui­dade mas a ga­rantia da sua im­ple­men­tação con­se­quente.

 

Não que­remos aqui o FMI

 

Ao longo de quase duas horas de des­file em Lisboa, a Ave­nida es­teve in­va­ri­a­vel­mente re­pleta. Das la­te­rais mais e mais po­pu­lares nu­triam de ar­gu­mentos a ma­ni­fes­tação. E se na In­ter­jovem os «Ho­mens da Luta» se­guiam em ani­mada con­tes­tação se­cun­dada por um grupo de jo­vens, entre a mul­tidão os rostos ves­tidos de con­fi­ança não eram menos en­fá­ticos, so­bre­tudo quando se tra­tava de mi­li­tantes do Par­tido ou da or­ga­ni­zação re­vo­lu­ci­o­nária da ju­ven­tude por­tu­guesa, que tanto e tão forte se fi­zeram ouvir.

A razão talvez re­sida na de­ter­mi­nação com que de­zenas de mi­lhares de pes­soas re­pe­tiram «não que­remos aqui o FMI», ou frases se­me­lhantes com o mesmo sen­tido. A esta afir­mação da so­be­rania, jun­taram-se ou­tras pa­la­vras de ordem que su­bli­nhavam a ne­ces­si­dade da mu­dança de po­lí­tica e a exi­gência de uma ori­en­tação pa­trió­tica e de es­querda.

O mesmo ce­nário re­petiu-se no Porto, entre a an­tiga sede da PIDE, na Rua do He­roísmo, e a Praça da Li­ber­dade. Também ali se mandou em­bora o Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal e afir­maram as so­lu­ções que os tra­ba­lha­dores e as suas or­ga­ni­za­ções de classe con­tra­põem ao co­zi­nhado de mais re­cessão, de­sem­prego, ex­plo­ração e in­jus­tiças so­ciais para os mesmos de sempre, e mais lu­cros à tripa forra para os pre­da­dores do cos­tume.

E que bo­nitas es­ti­veram a Ave­nida e a Praça da Li­ber­dade, cheias da força de Abril com von­tade de fu­turo.



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