Esquerda marginalizada
Depois da recente ilegalização do novo partido da esquerda independentista basca Sortu, a justiça espanhola, solicitada pelo governo de Zapatero, vetou as listas da coligação Bildu.
A generalidade das forças políticas bascas repudiaram a impugnação
O Supremo Tribunal espanhol proibiu, na segunda-feira, 2, a coligação de esquerda independentista basca Bildu (Reunir) de concorrer às eleições locais de 22 de Maio.
De acordo com a agência EFE, os magistrados aceitaram, com uma maioria de nove votos contra seis, os argumentos do Ministério Público espanhol, segundo o qual a coligação era um estratagema da ETA para concorrer às eleições.
Na semana passada, dia 27, o governo espanhol solicitou ao Supremo Tribunal a impugnação das 254 candidaturas apresentadas pela coligação basca Bildu às eleições locais. O procurador-geral do Estado, Joaquim de Fuentes Bardaji, apresentou o pedido relativo às candidaturas da Bildu e um segundo recurso para impugnar outros 16 grupos de eleitores.
Segundo a procuradoria, a coligação eleitoral representa um «plano B» do círculo político da ETA para ter candidatos nas próximas eleições.
Contudo esta opinião, que nem sequer convenceu todos os magistrados do Supremo, é contestada abertamente pela generalidade das formações políticas bascas, a começar pelo Partido Nacionalista Vasco (PNV), que anunciou o rompimento de toda a colaboração com o governo central na sequência desta decisão.
Com efeito, a coligação Bildu foi constituída pelos partidos Eusko Alkartasuna (Solidariedade Basca), fundado em 1986, e Alternatiba, fundado em 2009, e nacionalistas bascos independentes de esquerda, sobre os quais não pesam quaisquer suspeitas de ligações à organização armada ETA.
Também a Izquierda Unida-Verdes manifestou a sua indignação, considerando que «não faz nenhum sentido impedir a participação de organizações legais e pessoas independentes e livres, em plena posse dos seus direitos cívicos e políticos e que cumpriram todos os requisitos exigidos».
Cinco organizações sindicais bascas anunciaram manifestações em quatro cidades, para amanhã, sexta-feira, dia em que o Tribunal Constitucional se deverá pronunciar sobre o recurso da sentença do Supremo.