Festa e luta por todo o País

Nas ruas do 1.º de Maio

De Norte a Sul, na Ma­deira e nos Açores, mi­lhares e mi­lhares de pes­soas res­pon­deram ao apelo da CGTP-IN e trou­xeram para as ruas as suas justas ra­zões de des­con­ten­ta­mento e pro­testo e a de­ter­mi­nada exi­gência de uma rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, que não pode dar so­lução aos pro­blemas graves que ela mesma criou, pela acção de go­ver­nantes e de­pu­tados do PS, do PSD e do CDS.

Os pro­blemas e as lutas dos tra­ba­lha­dores ga­nharam vi­si­bi­li­dade e apoio

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Em Lisboa, a ma­ni­fes­tação subiu a Ave­nida Al­mi­rante Reis, mo­lhada quase desde o início por um agua­ceiro que acabou por dar es­pe­cial vigor às pa­la­vras de ordem gri­tadas du­rante o per­curso, por mi­lhares de tra­ba­lha­doras e tra­ba­lha­dores dos mais di­versos sec­tores, dos con­ce­lhos da Área Me­tro­po­li­tana, mo­bi­li­zados pelas uniões de sin­di­catos dos dis­tritos de Lisboa e Se­túbal.

Um «cordão», quase con­tínuo, de gente a saudar e aplaudir os ma­ni­fes­tantes es­tendeu-se junto aos pré­dios, de­baixo de toldos, va­randas e ou­tros abrigos. Muitas destas pes­soas aca­bavam por se juntar ao des­file, acom­pa­nhando amigos ou ca­ma­radas.

Na ma­ni­fes­tação e no co­mício sin­dical, na Ala­meda D. Afonso Hen­ri­ques, eco­aram pa­la­vras de ordem como «Não que­remos aqui o FMI», «FMI nem na Grécia nem aqui», «CGTP uni­dade sin­dical», «É pre­ciso, é ur­gente, uma po­lí­tica di­fe­rente», «Maio está na rua, a luta con­tinua», «O País não se en­di­reita com po­lí­ticas de di­reita», «O voto é uma arma, quem tra­balha não de­sarma», «É mesmo ne­ces­sário o au­mento do sa­lário». No palco, ins­ta­lado como ha­bi­tu­al­mente no topo da Ala­meda, junto à Fonte Lu­mi­nosa, des­ta­cavam-se as men­sa­gens que a CGTP-IN mais va­lo­rizou: «Lutar, votar, para mudar de po­lí­tica», «Contra o roubo da UE/​FMI» e «Em­prego, sa­lário,di­reitos».

O Se­cre­tário-geral do PCP, Je­ró­nimo de Sousa, e al­guns ou­tros di­ri­gentes e de­pu­tados, cons­ti­tuíram uma de­le­gação que, mais ou menos a meio do per­curso, trans­mitiu aos di­ri­gentes da Inter a so­li­da­ri­e­dade e o apoio ac­tivo do PCP aos ob­jec­tivos do mo­vi­mento sin­dical uni­tário e, de­pois, saudou por al­guns mo­mentos a pas­sagem da ma­ni­fes­tação (e foi sau­dada ca­lo­ro­sa­mente por muitos dos par­ti­ci­pantes), aca­bando por se in­te­grar no des­file. Foi clara a forte mo­bi­li­zação de muitos ou­tros co­mu­nistas e sim­pa­ti­zantes do Par­tido.

A chuva fez-se sentir também em Aveiro, onde a ma­ni­fes­tação desceu a Ave­nida Dr. Lou­renço Pei­xinho até ao Largo do Rossio.

Uma tarde de sol ajudou a fazer no Porto um grande 1.º de Maio, com mi­lhares de pes­soas a acor­rerem à con­cen­tração ini­cial, na Praça da Li­ber­dade, onde João Torres, da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN, enun­ciou al­guns dos mais de­sas­trosos re­sul­tados da po­lí­tica de di­reita no dis­trito, com des­taque para o de­sem­prego (13,5 por cento de taxa ofi­cial, bem acima da média na­ci­onal, afec­tando mais de 150 mil, das quais apenas 66 mil re­cebem sub­sídio) e para a des­truição do apa­relho pro­du­tivo (li­qui­dação de 16 por cento das em­presas in­dus­triais, de 2006 a 2008, de­pois de uma quebra de 12 por cento no biénio an­te­rior). Em des­file, os par­ti­ci­pantes na jor­nada per­cor­reram a baixa da ci­dade e vol­taram à Praça da Li­ber­dade, para cantar e dançar com a Bri­gada Victor Jara.

No dis­trito de Por­ta­legre, as ini­ci­a­tivas em torno do 1.º de Maio mo­bi­li­zaram mais de duas mil pes­soas, com re­alce para a con­cen­tração e ma­ni­fes­tação, de manhã, na ca­pital. Também aqui teve des­taque, na in­ter­venção do co­or­de­nador da União dos Sin­di­catos do Norte Alen­te­jano, da CGTP-IN, o en­cer­ra­mento das mais im­por­tantes uni­dades in­dus­triais, ao longo dos úl­timos dois anos, lan­çando no de­sem­prego mais de duas mil pes­soas. Ao longo do dia, Maio foi fes­te­jado ainda nou­tros quatro con­ce­lhos: Avis, Crato, Mon­forte (As­sumar) e Ponte de Sôr (festa da CDU em Mon­targil).

Na Guarda, à 30.ª Cor­rida Po­pular se­guiu-se uma Marcha pelo em­prego e um mo­mento de con­vívio com as Con­cer­tinas de Pi­nhel.

No Fun­chal, uma ma­ni­fes­tação pelas ruas da ci­dade deu de­pois lugar a uma festa-co­mício no Jardim Mu­ni­cipal.

As co­me­mo­ra­ções em Coimbra cen­traram-se na Praça 8 de Maio. A União de Sin­di­catos do dis­trito exigiu ex­pli­ca­ções do go­ver­nador-civil, que es­tava desde Ja­neiro in­for­mado sobre o des­file e a con­cen­tração do 1.º de Maio, mas acabou por au­to­rizar para a mesma praça uma ini­ci­a­tiva par­ti­dária (do PNR), cri­ando um des­ne­ces­sário clima de tensão e fun­dadas pre­o­cu­pa­ções quanto à se­gu­rança.

A co­me­mo­ração do 1.º de Maio reuniu em Gui­ma­rães mi­lhares de tra­ba­lha­dores do dis­trito de Braga, que se ma­ni­fes­taram nas ruas da ci­dade.

O rol de lo­ca­li­dades onde a CGTP-IN pro­moveu ini­ci­a­tivas in­cluiu ainda Angra do He­roísmo, Horta, Ponta Del­gada, Beja, Er­videl, Pias, Bra­gança, Torre de Mon­corvo, Cas­telo Branco, Co­vilhã, Pa­nas­queira, Unhais da Serra, Tor­to­sendo, Fi­gueira da Foz, Évora, Mon­temor-o-Novo, Vendas Novas, Faro, Leiria, Torres Ve­dras, Ar­ron­ches, San­tarém, Se­túbal, Al­cácer do Sal, Ca­se­bres, Torrão, Grân­dola, San­tiago do Cacém, Sines, Santo André, Viana do Cas­telo, Vila Real, Chaves, Peso da Régua, Viseu, La­mego e Man­gualde.

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