Num dia dedicado à produção nacional e à indústria, Jerónimo de Sousa esteve no distrito de Setúbal acompanhado por dirigentes do PCP e do PEV e por vários candidatos da coligação, entre os quais os actuais deputados Francisco Lopes, Heloísa Apolónia e Bruno Dias. No almoço com ferroviários num restaurante junto às oficinas da EMEF no Barreiro, o Secretário-geral do PCP alertou para os perigos que pairam sobre o sector e os seus trabalhadores na sequência do acordo assinado entre a troika estrangeira (FMI/BCE/CE) e a troika nacional que se lhe submete (PS, PSD e CDS): CP Carga, as linhas suburbanas de Lisboa e Porto da CP e a EMEF estão na lista das empresas a privatizar. O pacto prevê ainda o congelamento dos salários, a facilitação dos despedimentos, a desregulamentação dos horários, a liquidação da contratação colectiva e a marginalização das organizações sindicais.
No dia 5 de Junho, acrescentou Jerónimo de Sousa, os trabalhadores têm uma de duas opções: votar nos partidos da troika e isso significa votar contra os seus próprios interesses ou, por outro lado, reforçar a CDU e dar mais força a uma política patriótica e de esquerda, que valorize os direitos dos trabalhadores e potencie o aparelho produtivo nacional. Pelo mesmo diapasão afinou Francisco Lopes, destacando a importância de votar na CDU. Trata-se mesmo, em sua opinião, de um voto que conta «duas vezes»: uma ao servir para eleger mais deputados do PCP e do PEV e outra ao ser essencial para eleger menos deputados do PS, PSD e CDS, responsáveis pela situação a que o sector ferroviário, o distrito de Setúbal e o País se encontram.
Ambos realçaram que para além do voto é essencial que os trabalhadores lutem em defesa dos seus direitos. Os tempos que aí vêm não serão fáceis, garantiu Jerónimo de Sousa, mas agora como sempre «quem luta nem sempre ganha mas quem não luta perde sempre». Suceda o que suceder, reafirmou o Secretário-geral do PCP, uma coisa é certa: no dia 6 de Junho, os comunistas e os seus aliados estarão com os trabalhadores, lado a lado, na luta de todos os dias.
Na Autoeuropa, à hora de saída de um dos turnos, os candidatos e activistas da coligação PCP-PEV distribuíram centenas de folhetos contendo as principais propostas para o distrito e para o País. Dos milhares de trabalhadores que abandonavam o trabalho àquela hora grande parte corria para os autocarros que os levariam de volta a casa – mas apesar da pressa muitos fizeram questão de saudar o Secretário-geral do PCP e os candidatos, manifestando-lhes o seu apoio. Outros, que regressariam de automóvel, aproveitaram para conversar com os activistas da coligação ao passo que alguns se juntaram mesmo à comitiva da CDU. Foi o caso de José Carlos Silva, montador de peças na Autoeuropa e membro da Comissão de Trabalhadores e do Sindicato dos Metalúrgicos, que integra a lista de candidatos à Assembleia da República.
No Arsenal do Alfeite, a delegação da CDU pôde testemunhar a degradação em que se encontra aquele estaleiro pouco mais de um ano depois da sua passagem a Sociedade Anónima. Com cerca de metade dos trabalhadores que antes tinha, está praticamente sem trabalho.