LEVAR A LUTA AO VOTO

«Do­mingo é um dia de luta a exigir a par­ti­ci­pação ac­tiva dos tra­ba­lha­dores»

Domingo é dia de luta. Luta im­por­tante na qual as massas po­pu­lares vão in­tervir tendo o voto como arma prin­cipal e assim exer­cendo um di­reito con­quis­tado à custa de muitas e di­fí­ceis lutas ao longo da his­tória; um di­reito que o fas­cismo nos roubou du­rante quase meio sé­culo; um di­reito que re­con­quis­támos com a Re­vo­lução de Abril.

Tudo isto a con­firmar que aos tra­ba­lha­dores e aos povos nada é ofe­re­cido e tudo tem que ser con­quis­tado pela luta. Mostra a vida que, para as classes do­mi­nantes, o único di­reito que conta, o único di­reito que co­nhecem é o de ex­plorar e oprimir os tra­ba­lha­dores e os povos – e que uma das suas pre­o­cu­pa­ções de todos os mo­mentos é a de roubar aos tra­ba­lha­dores di­reitos por estes al­can­çados graças a muita de­ter­mi­nação e co­ragem.

Roubar di­reitos la­bo­rais foi, como é sa­bido, uma das prin­ci­pais ta­refas dos su­ces­sivos go­vernos da troika da po­lí­tica de di­reita ao longo dos úl­timos trinta e cinco anos, destas três dé­cadas e meia de cons­tantes ata­ques a todas as con­quistas de­mo­crá­ticas de Abril, aí in­cluída a de­mo­cracia po­lí­tica; de vi­o­lação de di­reitos fun­da­men­tais da imensa mai­oria dos por­tu­gueses; de des­truição da nossa eco­nomia e do nosso te­cido pro­du­tivo; de en­trega da in­de­pen­dência e da so­be­rania ao grande ca­pital in­ter­na­ci­onal; de des­prezo e des­res­peito pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa – e, por isso tudo, de de­clínio na­ci­onal.

Uma ta­refa que, com o acordo de sub­missão e de agressão agora as­si­nado pelo PS, PSD e CDS/​PP – que, não es­que­çamos, é o pro­grama elei­toral comum aos três – cons­titui mais um gra­vís­simo passo em frente rumo ao afun­da­mento do País – em todos os as­pectos e também, na­tu­ral­mente, em ma­téria de di­reitos dos tra­ba­lha­dores: como lem­brou o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa no co­mício de San­tiago do Cacém, do «pro­grama de agressão constam novos e graves ata­ques à le­gis­lação la­boral, ata­ques que ferem bru­tal­mente os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e, em par­ti­cular, dos mais jo­vens».

 

Domingo vamos votar e a me­lhor forma de uti­lizar esse di­reito con­quis­tado é, com o voto, de­fender ou­tros di­reitos, usando-o como arma de luta, fa­zendo dele um ins­tru­mento que dê mais força à luta que tem que con­ti­nuar no dia 6.

Por isso, do­mingo é um dia de luta a exigir a par­ti­ci­pação ac­tiva e cons­ci­ente das massas tra­ba­lha­doras.

Para os tra­ba­lha­dores, os jo­vens, os re­for­mados, as mu­lheres, as po­pu­la­ções, trata-se mesmo de uma im­por­tante jor­nada de luta. Di­fe­rente, sem dú­vida, das que cen­tenas e cen­tenas de mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens têm vindo a levar à prá­tica, nos úl­timos meses; di­fe­rente dos ple­ná­rios para dis­cutir e de­cidir rei­vin­di­ca­ções e formas de in­ter­venção; di­fe­rente das gi­gan­tescas ma­ni­fes­ta­ções de massas re­a­li­zadas em todo o País; di­fe­rente das pa­ra­li­sa­ções e greves, in­cluindo a his­tó­rica Greve Geral de No­vembro do ano pas­sado; di­fe­rente das ac­ções de pro­testo e exi­gência or­ga­ni­zadas pelas di­versas co­mis­sões de utentes – di­fe­rente de todas essas formas de luta, mas in­te­grando-as, fa­zendo parte delas e, so­bre­tudo, con­tri­buindo para lhes dar mais força e maior ex­pressão no fu­turo ime­diato.

Mas, sendo certo que isso já seria muito, o voto não é apenas isso: com o voto – com o voto certo, ob­vi­a­mente – é pos­sível dar passos no sen­tido da mu­dança que a si­tu­ação dra­má­tica que vi­vemos exige; é pos­sível eleger mais de­pu­tados da CDU e, assim, au­mentar a força dos que na As­sem­bleia da Re­pú­blica, cum­prindo o que pro­metem nas cam­pa­nhas elei­to­rais, são os mais fiéis re­pre­sen­tantes dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País: os de­pu­tados eleitos nas listas da CDU.

Por tudo isso, é tempo agora de levar a luta ao voto. É tempo de fazer do voto uma arma de luta e do acto elei­toral um mo­mento de in­ter­venção com um con­teúdo igual ao das grandes jor­nadas da luta de massas – vo­tando como quem par­ti­cipa numa ma­ni­fes­tação ou numa greve: de­fen­dendo os seus in­te­resses e di­reitos.

 

Em vés­peras de en­cer­ra­mento da cam­panha elei­toral, e sem pre­ten­sões a fazer, aqui e agora, o ba­lanço do que ela foi, do que foi a in­ter­venção dos mi­lhares e mi­lhares de ac­ti­vistas da CDU – mem­bros do PCP, do PEV e da ID, e os muitos e muitos ci­da­dãos que, não tendo fi­li­ação par­ti­dária, são parte in­te­grante deste es­paço de­mo­crá­tico, aberto, fra­terno, so­li­dário e plural que é a Co­li­gação De­mo­crá­tica Uni­tária – im­porta su­bli­nhar, desde já, o es­forço, a de­di­cação, a de­ter­mi­nação com que esses ca­ma­radas e amigos se en­tre­garam à ta­refa de levar junto do maior nú­mero de pes­soas, em todo o País – pri­vi­le­gi­ando sempre o con­tacto di­recto ge­rador do diá­logo e do es­cla­re­ci­mento – a aná­lise à si­tu­ação ac­tual e a de­núncia das causas e dos cau­sa­dores dos dramas vi­vidos pela imensa mai­oria dos por­tu­gueses; o des­mas­ca­ra­mento da farsa re­pre­sen­tada pelos par­tidos da troika na­ci­onal – cada um ati­rando para cima do outro as res­pon­sa­bi­li­dades que são de todos eles e cada um fin­gindo apre­sentar-se com um pro­grama pró­prio, es­con­dendo o pro­grama comum aos três e de­ci­dido pela troika in­ter­na­ci­onal; as pro­postas para en­frentar os gra­vís­simos pro­blemas cri­ados pela po­lí­tica de di­reita e a apre­sen­tação e fun­da­men­tação da al­ter­na­tiva ne­ces­sária: pa­trió­tica e de es­querda.

Im­porta igual­mente fazer uma re­fe­rência à forma como a co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante (com ra­rís­simas ex­cep­ções) mal­tratou a cam­panha da CDU – sem sur­presa, sa­bendo-se que ela é pro­pri­e­dade dos grandes be­ne­fi­ciá­rios e man­dantes da po­lí­tica de di­reita: os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.

Mas im­porta, acima de tudo, re­a­firmar que seja qual for o re­sul­tado das elei­ções, no dia 6, a luta con­tinua.