Geórgia

Continua a «caça às bruxas»

A cru­zada an­ti­co­mu­nista pros­segue na ex-re­pú­blica so­vié­tica da Geórgia. O úl­timo epi­sódio desta sanha foi a re­ti­rada por parte das au­to­ri­dades de uma es­tátua de Iossif Stá­line na ci­dade de Zemo.

Se­gundo a EFE, o acto foi ime­di­a­ta­mente con­tes­tado pela po­pu­lação, que tinha agen­dada para hoje, junto do mo­nu­mento, uma ini­ci­a­tiva para as­si­nalar o 70.º ani­ver­sário do início da Grande Guerra Pá­tria.

Entre 1941 e 1945, 700 mil geór­gi­anos in­te­graram as fi­leiras do exér­cito ver­melho, 300 mil dos quais mor­reram a com­bater as hordas nazi-fas­cistas, uma das mai­ores taxas de mor­ta­li­dade entre as então re­pú­blicas so­vié­ticas.

A de­mo­lição dos mo­nu­mentos e sím­bolos so­vié­ticos é parte de uma cam­panha que in­clui, ainda, a trans­fe­rência do centro po­lí­tico da ca­pital, Ti­blissi, para a ci­dade de Ku­taisi, a se­cunda ci­dade do país. O ob­jec­tivo é re­tirar a câ­mara le­gis­la­tiva na­ci­onal do com­plexo cuja fa­chada ainda os­tenta a foice e o mar­telo.

O pro­jecto da «nova casa da de­mo­cracia», or­çado em pelo menos 12,5 mi­lhões de euros, não é novo. Em 2009, foi des­truído o mo­nu­mento que em Ku­taisi ho­me­na­geava os sol­dados so­vié­ticos mortos du­rante a Se­gunda Grande Guerra Mun­dial, para, no seu lugar, se ini­ciar a cons­trução do edi­fício par­la­mentar. A sua con­clusão está pre­vista para 2013, jus­ta­mente quando o pre­si­dente, Mikhail Sa­a­kash­vili, ter­mina o seu man­dato.

A de­mo­lição do mo­nu­mento custou a vida a duas pes­soas, atin­gidas por frag­mentos de ci­mento pro­jec­tados du­rante o re­ben­ta­mento, e le­vantou fortes pro­testos no país.

 

Sem ver­gonha

 

Sa­a­kash­vili e os de­pu­tados eleitos não re­ga­teiam es­forços na cri­mi­na­li­zação dos co­mu­nistas do ter­ri­tório, e aos actos de van­da­lismo de Es­tado contra imó­veis que con­servam a me­mória de um tempo novo acres­centam a re­visão da his­tória.

No úl­timo dia do mês de Maio, a as­sem­bleia na­ci­onal votou por una­ni­mi­dade a proi­bição de qual­quer sím­bolo alu­sivo ao co­mu­nismo ou à URSS, e a sua equi­pa­ração à ico­no­grafia nazi.

Caso o chefe do Es­tado pro­mulgue o di­ploma, os ve­te­ranos de guerra, ou qual­quer outro ci­dadão que, por exemplo, exiba uma me­dalha atri­buída por mé­rito em com­bate, ou por um outro acto de de­fesa da pá­tria e do povo contra os in­va­sores nazis, será le­vado pe­rante uma co­missão es­pe­cí­fica que pode de­ter­minar a sua acu­sação.

A mesma co­missão passa a de­cidir sobre o des­man­te­la­mento dos edi­fí­cios que re­cordem o pas­sado so­ci­a­lista, fica en­car­regue de re­no­mear todas as ruas, ci­dades, vilas, al­deias, lo­ca­li­dades e lu­gares cujo nome es­teja re­la­ci­o­nado com a edi­fi­cação do so­ci­a­lismo na União So­vié­tica e o ideal co­mu­nista, e re­ce­berá os ar­quivos com a iden­ti­fi­cação dos an­tigos mem­bros do KGB a fim de os per­se­guir.

O mesmo con­junto de normas apro­vadas im­pede também os an­tigos fun­ci­o­ná­rios dos ser­viços se­cretos so­vié­ticos, bem como os do Par­tido ou da Ju­ven­tude Co­mu­nista de man­terem os em­pregos em nu­me­rosos lu­gares da ad­mi­nis­tração pú­blica.

Os co­mu­nistas ou ex-co­mu­nistas também não podem ser juizes, chefes de de­par­ta­mentos lec­tivos em uni­ver­si­dades ou mem­bros de equipas ges­toras em ca­nais de te­le­visão, pre­vendo-se, por isso, um re­no­vado im­pulso na «caça às bruxas».



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