Comunicado do Comité Central do PCP

Reforçar o Partido, ampliar luta de massas

O Co­mité Cen­tral, reu­nido a 2 de Julho de 2011, ana­lisou os de­sen­vol­vi­mentos mais re­centes da si­tu­ação po­lí­tica, de­sig­na­da­mente os de­cor­rentes da for­mação do Go­verno e da apre­sen­tação do seu pro­grama; pro­cedeu, a partir da ava­li­ação da si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do País, à de­fi­nição dos prin­ci­pais eixos da acção e ini­ci­a­tiva po­lí­ticas do PCP, com par­ti­cular atenção para o de­sen­vol­vi­mento da luta dos tra­ba­lha­dores e de ou­tros sec­tores da po­pu­lação, factor in­dis­pen­sável para a de­fesa de di­reitos e para a afir­mação da exi­gência de uma rup­tura com o ac­tual rumo de de­clínio, re­tro­cesso e em­po­bre­ci­mento do País; fixou as prin­ci­pais di­rec­ções de tra­balho para pros­se­guir a acção de re­forço da or­ga­ni­zação do Par­tido.

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I.

 

Go­verno PSD/​CDS – Um pro­grama de sub­missão e agressão

 

di­ri­gido contra os tra­ba­lha­dores e o povo

 

 

1. A sub­missão ao pro­grama de agressão, em­po­bre­ci­mento e de­clínio do País, es­ta­be­le­cido pelo PS, PSD e CDS com a União Eu­ro­peia, o BCE e o Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal cons­titui o ele­mento cen­tral e do­mi­nante do ac­tual quadro po­lí­tico. Um quadro po­lí­tico que é também de­fi­nido pelos re­sul­tados e a re­lação de forças ins­ti­tu­ci­onal que de­correm das úl­timas elei­ções le­gis­la­tivas.

Uma sub­missão as­su­mida e re­a­fir­mada em cada uma das de­ci­sões, op­ções e ob­jec­tivos que têm mar­cado os re­centes de­sen­vol­vi­mentos da ac­tual mai­oria PSD/​CDS, acom­pa­nhada pela so­lí­cita cum­pli­ci­dade e ma­ni­fes­ta­ções de em­penho por parte do PS a um pro­grama pro­fun­da­mente anti-pa­trió­tico e an­ti­de­mo­crá­tico e de uma cres­cente as­sumpção pelo Pre­si­dente da Re­pú­blica de um papel ac­tivo no apoio à sua con­cre­ti­zação. Uma sub­missão pre­sente no acordo po­lí­tico «mai­oria para a mu­dança», subs­crito pelos par­tidos da nova mai­oria, apre­sen­tado com o ob­jec­tivo de dar cum­pri­mento aos com­pro­missos as­su­midos com as ins­ti­tui­ções es­tran­geiras; na es­colha de uma com­po­sição do Go­verno para dar con­cre­ti­zação ao que a troika es­tran­geira e o grande ca­pital pre­tendem impor ao País; num ca­len­dário, cons­truído não para dar res­posta aos prin­ci­pais pro­blemas que atingem as con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, mas para ace­le­ra­da­mente dar cum­pri­mento ao pro­grama de ex­plo­ração e com­pro­me­ti­mento do fu­turo do País; num Pro­grama de Go­verno que se as­sume como uma ver­da­deira de­cla­ração de guerra aos tra­ba­lha­dores e ao povo que, a ser con­cre­ti­zado, con­de­nará o País ao re­tro­cesso eco­nó­mico e so­cial e à de­pen­dência ex­terna.

 

2. O Pro­grama de Go­verno PSD/​CDS con­firma a sua sub­missão ao me­mo­rando as­si­nado por estes dois par­tidos e pelo PS com a União Eu­ro­peia e o FMI, in­ten­si­fi­cando a po­lí­tica de di­reita pros­se­guida há 35 anos por estes par­tidos.

No pros­se­gui­mento do acordo com a troika, o Pro­grama de Go­verno: ataca os di­reitos dos tra­ba­lha­dores com a pers­pec­tiva de al­te­ra­ções à le­gis­lação la­boral de­sig­na­da­mente em ma­téria de fa­ci­li­tação dos des­pe­di­mentos, des­re­gu­lação dos ho­rá­rios de tra­balho, ataque à con­tra­tação co­lec­tiva e ao mo­vi­mento sin­dical uni­tário, e também na eter­ni­zação dos con­tratos a prazo, no re­curso in­dis­cri­mi­nado ao tra­balho tem­po­rário e pre­vendo a pos­si­bi­li­dade de não re­mu­nerar o tra­balho su­ple­mentar; avança com um ace­le­rado con­junto de pri­va­ti­za­ções que se es­tende, para além das em­presas pú­blicas, a ser­viços pú­blicos, de­sig­na­da­mente cen­tros de saúde e hos­pi­tais; em si­mul­tâneo apro­funda a res­trição de di­reitos so­ciais; avança com um novo ataque à ad­mi­nis­tração pú­blica e aos seus tra­ba­lha­dores; prevê a res­trição do di­reito à Saúde, a de­sa­gre­gação da Es­cola Pú­blica e o pla­fo­na­mento da Se­gu­rança So­cial; au­menta os im­postos sobre o tra­balho, a ha­bi­tação e o con­sumo, entre ou­tras ma­té­rias.

A an­te­ci­pação de um con­junto de me­didas di­ri­gidas contra os in­te­resses do País e do povo, dão ex­pressão ainda mais ní­tida à na­tu­reza e ob­jec­tivos do Pro­grama do Go­verno, en­quanto ins­tru­mento ao ser­viço da acu­mu­lação de lu­cros pelo grande ca­pital e de ex­plo­ração e sa­cri­fí­cios sobre os tra­ba­lha­dores. A an­te­ci­pação do ca­len­dário de pri­va­ti­za­ções, o ataque di­ri­gido contra o Sector Em­pre­sa­rial do Es­tado e em par­ti­cular o anúncio do roubo no sub­sídio de Natal que PSD e CDS pre­tendem impor a quem vive do seu sa­lário ou pensão de re­forma, de­pois de terem es­con­dido aos por­tu­gueses este novo as­salto aos seus ren­di­mentos, dão ex­pressão a uma po­lí­tica di­ri­gida para acen­tuar in­jus­tiças e manter in­to­cá­veis os be­ne­fí­cios e apoios aos bancos e grupos eco­nó­micos, trans­fe­rindo para estes re­cursos sa­que­ados ao povo e ao País.

O Co­mité Cen­tral re­jeita a ideia de que o re­sul­tado elei­toral dos três par­tidos que subs­cre­veram o acordo com o FMI e a União Eu­ro­peia cor­res­ponda à sua le­gi­ti­mação, quando os mesmos não só se re­cu­saram no pe­ríodo elei­toral a de­bater o seu con­teúdo e a as­sumir a in­tenção de o con­cre­tizar como de­li­be­ra­da­mente o es­con­deram, como o PCP re­pe­ti­da­mente de­nun­ciou.

 

3. Trinta e cinco anos de po­lí­tica de di­reita ao ser­viço da re­cons­ti­tuição do ca­pi­ta­lismo mo­no­po­lista – pro­mo­vida e apoiada por PS, PSD e CDS no quadro de do­mi­nação dos in­te­resses dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros e do rui­noso pro­cesso de in­te­gração eu­ro­peia – con­du­ziram o País a uma si­tu­ação de re­tro­cesso so­cial e cres­cente de­pen­dência que o ile­gí­timo pro­grama subs­crito com o FMI e a UE, a não ser der­ro­tado, acen­tuará, com­pro­me­tendo as pos­si­bi­li­dades de de­sen­vol­vi­mento e cres­ci­mento in­dis­pen­sá­veis à afir­mação de um país de pro­gresso e so­be­rano.

O Co­mité Cen­tral su­blinha a ex­pressão e con­sequên­cias que a ac­tual si­tu­ação apre­senta:

‒        no plano eco­nó­mico, com o cres­cente agra­va­mento dos dé­fices es­tru­tu­rais, com o pros­se­gui­mento da des­truição do te­cido pro­du­tivo e o aban­dono da pro­dução na­ci­onal, com a su­bor­di­nação da ac­ti­vi­dade eco­nó­mica às di­nâ­micas e in­te­resses das ac­ti­vi­dades es­pe­cu­la­tivas e fi­nan­ceiras, com a pre­sença cada vez mais ex­pres­siva do ca­pital es­tran­geiro, tra­du­zidas num quadro de uma pro­lon­gada es­tag­nação e re­cessão eco­nó­micas que o pre­sente pro­grama de agressão vem acen­tuar com novas po­lí­ticas re­ces­sivas, mais pri­va­ti­za­ções e des­truição de ser­viços pú­blicos, ruína de mi­lhares de micro, pe­quenas e mé­dias em­presas, com­pro­me­tendo não apenas as pos­si­bi­li­dades de cres­ci­mento do País bem como de cum­pri­mento dos seus com­pro­missos fi­nan­ceiros;

no plano so­cial, ca­rac­te­ri­zada pelo cres­cente agra­va­mento das de­si­gual­dades, pelo alas­tra­mento da po­breza e da fome, pelo au­mento do de­sem­prego, pela fra­gi­li­zação ex­trema da pro­tecção so­cial e pelo au­mento da emi­gração, de­cor­rentes de uma po­lí­tica de classe di­tada por uma ori­en­tação de agra­va­mento das in­jus­tiças e de pro­tecção e be­ne­fício ao ca­pital que o pro­grama de acção di­tado pela UE e FMI se propõe acen­tuar, re­du­zindo sa­lá­rios e pen­sões, vi­sando li­quidar o ca­rácter uni­versal da Se­gu­rança So­cial e li­mi­tando dras­ti­ca­mente o acesso à Saúde e à Edu­cação, con­de­nando mi­lhares de fa­mí­lias à mi­séria;

no plano do re­gime de­mo­crá­tico, com um pro­cesso de li­mi­tação da de­mo­cracia po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e cul­tural e a pro­moção de uma linha de ataque à Cons­ti­tuição da Re­pú­blica vi­sando a sua re­visão, sub­versão e su­bor­di­nação aos planos de li­qui­dação das suas prin­ci­pais con­quistas e va­lores, a par dos pro­jectos para animar e jus­ti­ficar o cer­ce­a­mento das li­ber­dades e di­reitos e re­forçar o apa­relho re­pres­sivo, a pre­texto da ne­ces­si­dade da im­po­sição de um pro­grama que, pelo seu con­teúdo e bru­tais con­sequên­cias, sabem vir a ser ob­jecto de uma forte e ine­vi­tável re­sis­tência e opo­sição por parte dos tra­ba­lha­dores e do povo;

no plano da so­be­rania, com a pro­gres­siva ali­e­nação da in­de­pen­dência na­ci­onal tra­du­zida na ab­di­cação do in­te­resse na­ci­onal e na su­bor­di­nação aos ob­jec­tivos da in­te­gração ca­pi­ta­lista de­ter­mi­nados pelo grande ca­pital e as prin­ci­pais po­tên­cias eu­ro­peias, num pro­cesso de en­trega do País con­subs­tan­ciado numa ver­da­deira co­lo­ni­zação eco­nó­mica e po­lí­tica que a grande bur­guesia na­ci­onal par­tilha e as­sume em ar­ti­cu­lação com o ca­pital in­ter­na­ci­onal;

‒        no plano ide­o­ló­gico, com a acen­tuada in­ten­si­fi­cação de pressão e co­acção ide­o­ló­gicas, su­por­tada numa ampla cor­rente de con­di­ci­o­na­mento da opi­nião des­ti­nada a uma pas­siva acei­tação do au­mento da ex­plo­ração, das in­jus­tiças e da po­breza, em nome de uma su­posta uni­dade na­ci­onal que de­veria jus­ti­ficar a re­sig­nada acei­tação do pro­grama de agressão e sub­missão, acom­pa­nhada já por ina­cei­tá­veis apelos à cri­mi­na­li­zação da luta e da re­sis­tência face à ofen­siva.

O Co­mité Cen­tral su­blinha que o pro­grama que agora o Go­verno, em co­la­bo­ração com o PS, se pre­para para con­cre­tizar não cons­titui uma so­lução para os pro­blemas na­ci­o­nais, mas antes um factor que con­du­ziria ao seu dra­má­tico agra­va­mento. Um pro­grama que os tra­ba­lha­dores e o povo têm não só o di­reito mas o dever de con­testar e de der­rotar, to­mando nas suas mãos a res­pon­sa­bi­li­dade de er­guer com a sua luta a de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais e a de­núncia dos pro­jectos que visam amarrar o País a um fu­turo de de­pen­dência e co­lo­ni­zação.

 

4. A pre­sente si­tu­ação do País torna mais ur­gente e in­dis­pen­sável uma rup­tura com o ac­tual rumo da vida na­ci­onal e a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda capaz de dar res­posta aos pro­blemas do País, vencer as di­fi­cul­dades e as­se­gurar o seu de­sen­vol­vi­mento.

Re­jeitar o pro­grama ile­gí­timo de sub­missão ex­terna, re­ne­go­ciar a dí­vida pú­blica, de­fender a pro­dução na­ci­onal e uma justa dis­tri­buição da ri­queza, va­lo­rizar di­reitos, cons­titui a res­posta pa­trió­tica e de es­querda de que o País pre­cisa, em torno da qual se devem mo­bi­lizar e unir os tra­ba­lha­dores e o povo, todas as ca­madas an­ti­mo­no­po­listas, todos os de­mo­cratas e pa­tri­otas que, não se re­sig­nando com o rumo im­posto pela po­lí­tica de di­reita, as­piram e con­fiam nas po­ten­ci­a­li­dades do País e nas pos­si­bi­li­dades da su­pe­ração dos seus prin­ci­pais pro­blemas.

Um pro­cesso de re­ne­go­ci­ação – nos seus prazos, juros e mon­tantes – que, com­pa­tível com uma es­tra­tégia de es­ta­bi­li­zação fi­nan­ceira sus­ten­tável, com o cres­ci­mento eco­nó­mico, o equi­lí­brio das contas pú­blicas e o em­prego com di­reitos, é também ga­rantia do cum­pri­mento dos com­pro­missos le­gi­ti­ma­mente as­su­midos. Uma po­lí­tica de pro­moção da pro­dução na­ci­onal que va­lo­rize a agri­cul­tura e as pescas; pro­mova um pro­grama de in­dus­tri­a­li­zação do País; va­lo­rize o mer­cado in­terno com a in­dis­pen­sável ele­vação dos sa­lá­rios, pen­sões de re­forma e ren­di­mentos da po­pu­lação; re­force o in­ves­ti­mento pú­blico ori­en­tado para o cres­ci­mento eco­nó­mico; de­fenda e re­force o sector em­pre­sa­rial do Es­tado nos sec­tores bá­sicos e es­tra­té­gicos; apoie as micro, pe­quenas e mé­dias em­presas, de­sig­na­da­mente por via do con­trolo dos custos dos prin­ci­pais fac­tores de pro­dução e do fi­nan­ci­a­mento pú­blico.

 

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II

A crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo

e o de­sen­vol­vi­mento da luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos

 

1. O agra­va­mento da crise do ca­pi­ta­lismo – com o cres­cente en­di­vi­da­mento dos EUA e o es­pectro dum novo crash fi­nan­ceiro, a per­sis­tente re­cessão no Japão e a crise que per­corre a União Eu­ro­peia e de forma par­ti­cular a zona euro –, con­firma que a re­toma da eco­nomia está longe de se ve­ri­ficar e que se agu­dizam con­tra­di­ções e ri­va­li­dades de con­sequên­cias im­pre­vi­sí­veis, como as que se ve­ri­ficam em torno do sis­tema mo­ne­tário e do apro­vi­si­o­na­mento de ma­té­rias primas, num quadro de vi­o­lento re­tro­cesso so­cial, com o de­sem­prego a atingir ní­veis sem pre­ce­dentes, com a in­ten­si­fi­cação ge­ne­ra­li­zada da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e o ataque a di­reitos e con­quistas de­mo­crá­ticas.

 

Na União Eu­ro­peia esta si­tu­ação é par­ti­cu­lar­mente grave. Os avanços em torno da «go­ver­nação eco­nó­mica» que o Con­selho Eu­ropeu de 23 e 24 de Junho adoptou e que in­cluem a re­gu­la­men­tação obri­ga­tória para o cha­mado «Se­mestre Eu­ropeu» e o re­forço do sis­tema de san­ções para os es­tados-membro que não cum­prem as normas di­tadas pela Co­missão e o Con­selho, no­me­a­da­mente quanto à ela­bo­ração e exe­cução dos or­ça­mentos na­ci­o­nais, con­fi­guram, a par dum sig­ni­fi­ca­tivo passo no apro­fun­da­mento do ne­o­li­be­ra­lismo e do fe­de­ra­lismo, um novo salto na vi­o­lação das so­be­ra­nias na­ci­o­nais e no do­mínio do di­rec­tório das grandes po­tên­cias, he­ge­mo­ni­zado pela Ale­manha. E cau­sarão mais de­sem­prego, mais ata­ques aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, re­dução do in­ves­ti­mento pú­blico, mais pri­va­ti­za­ções com a apro­pri­ação de im­por­tantes sec­tores pelos grandes grupos eco­nó­micos in­ter­na­ci­o­nais, as­pectos que em con­junto ar­ras­tarão o pro­lon­ga­mento e apro­fun­da­mento das cha­madas «crises da dí­vida so­be­rana».

O Co­mité Cen­tral do PCP de­nun­ciou os ob­jec­tivos dos planos de res­gate da troika – que visam de­fender o sis­tema fi­nan­ceiro mesmo que à custa da ban­car­rota dos países e dos res­pec­tivos povos – como está a su­ceder na Grécia, onde os tra­ba­lha­dores e o povo de­sen­volvem há mais de um ano uma co­ra­josa e com­ba­tiva re­sis­tência e luta contra os planos de aus­te­ri­dade que lhes querem impor.

A acres­cida de­pen­dência de vá­rios países face às im­po­si­ções das grandes po­tên­cias eu­ro­peias, a in­ge­rência cres­cente que atenta contra a so­be­rania e a in­de­pen­dência dos es­tados e a pre­sente crise do euro evi­den­ciam, como o PCP sempre afirmou, quão ar­ti­fi­cial é a cha­mada «cons­trução eu­ro­peia», con­fir­mando a União Eu­ro­peia como um bloco im­pe­ri­a­lista criado e im­posto de cima para baixo, à margem da von­tade e da in­ter­venção dos povos.

 

2. O Co­mité Cen­tral do PCP alerta para a es­tra­tégia dum in­ter­ven­ci­o­nismo cres­cente do im­pe­ri­a­lismo face à crise es­tru­tural e sis­té­mica do ca­pi­ta­lismo. Mas a ten­dência para res­postas de força do im­pe­ri­a­lismo está a de­frontar-se com grandes di­fi­cul­dades face à re­sis­tência dos povos. É o exemplo do Peru onde o can­di­dato apoiado por uma ampla frente de forças de­mo­crá­ticas e pro­gres­sistas venceu as elei­ções pre­si­den­ciais. É o caso da Líbia onde a NATO anun­ciava uma in­ter­venção rá­pida, como também é pa­tente no caso do Afe­ga­nistão onde os EUA e a NATO ma­no­bram para en­con­trar uma saída para o ato­leiro em que se me­teram.

O Co­mité Cen­tral do PCP ma­ni­festa a sua so­li­da­ri­e­dade para com a luta dos povos do Mundo Árabe e de­nuncia a agressão à Líbia como mais uma guerra em que o im­pe­ri­a­lismo, na ten­ta­tiva de frus­trar as as­pi­ra­ções dos povos árabes e des­troçar a causa na­ci­onal pa­les­ti­niana, visa con­so­lidar as suas po­si­ções na re­gião pro­cu­rando apo­derar-se dos seus re­cursos na­tu­rais.

Face à agres­si­vi­dade do im­pe­ri­a­lismo, à ex­plo­ração e à opressão que se acen­tuam sobre os tra­ba­lha­dores e os povos, o Co­mité Cen­tral do PCP ma­ni­festa a sua ac­tiva so­li­da­ri­e­dade com as mais di­versas formas de luta que se de­sen­volvem em todo o mundo, com des­taque para a luta dos tra­ba­lha­dores e dos jo­vens que ma­ni­festam, em nu­me­rosos países, o seu pro­testo face a um pre­sente e fu­turo in­certos. Lutas com con­teúdos e ob­jec­tivos di­fe­ren­ci­ados, que ex­pressam uma clara von­tade de mu­dança e re­flectem reais po­ten­ci­a­li­dades e pos­si­bi­li­dades de de­sen­vol­vi­mentos pro­gres­sistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rios.

 

3. O Co­mité Cen­tral do PCP con­si­dera que a re­cu­pe­ração, afir­mação e re­forço dos par­tidos co­mu­nistas e da sua so­li­da­ri­e­dade re­cí­proca são uma exi­gência que ganha nas ac­tuais cir­cuns­tân­cias par­ti­cular im­por­tância. O PCP pela sua acção no plano na­ci­onal e no quadro das suas am­plas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais con­ti­nuará a agir para o for­ta­le­ci­mento da frente anti-im­pe­ri­a­lista e do mo­vi­mento co­mu­nista e re­vo­lu­ci­o­nário in­ter­na­ci­onal.

 

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III.

Am­pliar a luta de massas, con­dição para com­bater e der­rotar os pro­jectos

de ex­ploração, de li­quidação de di­reitos e de ab­dicação na­ci­onal

 

1. O Co­mité Cen­tral alerta para o pro­pó­sito do Go­verno PSD/​CDS-PP querer aprovar nos pró­ximos meses, no Go­verno e na As­sem­bleia da Re­pú­blica, um grave con­junto de me­didas. Re­a­fir­mando que cada uma das me­didas do ex­tenso pro­grama de agressão que o Go­verno e o grande ca­pital as­piram impor está de­pen­dente da apro­vação e con­cre­ti­zação, o Co­mité Cen­tral do PCP sa­li­enta que no quadro da pro­lon­gada luta que se­gu­ra­mente se in­ten­si­fi­cará ao longo dos pró­ximos meses e anos, é da maior im­por­tância as­se­gurar desde já uma forte in­ter­venção no plano da acção po­lí­tica e da luta de massas.

A luta de massas em que tem papel de­ter­mi­nante a luta da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores di­na­mi­zada pela CGTP-IN e o mo­vi­mento sin­dical uni­tário, as­sume uma im­por­tância de­ci­siva. O de­sen­vol­vi­mento da luta de massas, as­sente nas ac­ções a partir dos sec­tores e em­presas, de pro­blemas e as­pi­ra­ções de ca­madas da po­pu­lação e ques­tões lo­cais con­cre­ti­zando as am­plas pos­si­bi­li­dades de alar­ga­mento, deve ser ar­ti­cu­lada com a re­a­li­zação de grandes ac­ções de con­ver­gência de todos os tra­ba­lha­dores e ou­tras ca­madas da po­pu­lação.

A in­ten­si­fi­cação da luta, com ac­ções de maior ou menor di­mensão, or­ga­ni­zando e de­sen­vol­vendo a ini­ci­a­tiva e a ca­pa­ci­dade de re­sis­tência à pressão e à in­ti­mi­dação ide­o­ló­gica e re­pres­siva e si­mul­ta­ne­a­mente pre­ve­nindo e com­ba­tendo ac­ções pro­vo­ca­tó­rias que visam a sua des­cre­di­bi­li­zação e iso­la­mento, co­loca-se como questão cen­tral de ori­en­tação e de acção prá­tica.

A di­mensão dos pro­blemas, a forma como am­plos sec­tores de tra­ba­lha­dores e de ou­tras ca­madas po­pu­lares estão a ser atin­gidos nas suas vidas e a ver com­pro­me­tidas as suas as­pi­ra­ções, pro­voca re­sig­nação e medo, mas também in­dig­nação, re­volta e dis­po­ni­bi­li­dade para a luta. A si­tu­ação exis­tente e o seu pre­vi­sível agra­va­mento cria con­di­ções para que am­plos sec­tores que até hoje não par­ti­ci­param na luta, ou que o fazem es­po­ra­di­ca­mente, par­ti­cipem ac­ti­va­mente. Sec­tores e ca­madas que em­bora sus­cep­tí­veis de po­derem ser atraídos para di­nâ­micas po­pu­listas e pro­cessos dis­persos e in­con­se­quentes, são um po­ten­cial es­sen­cial para alargar e trazer novas ener­gias à luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês. A di­nâ­mica da sua par­ti­ci­pação exige atenção e me­didas con­cretas.

A luta de massas, di­reito fun­da­mental, que a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica con­sagra, cons­titui na ac­tual si­tu­ação, si­mul­ta­ne­a­mente a res­posta de­ter­mi­nante ao as­salto e à agressão a que os tra­ba­lha­dores, o povo e o País estão a ser su­jeitos e o ele­mento es­sen­cial de cons­trução de um Por­tugal mais de­sen­vol­vido e mais justo.

Na luta dos tra­ba­lha­dores des­taca-se como ob­jec­tivos o au­mento dos sa­lá­rios, in­cluindo o sa­lário mí­nimo na­ci­onal, a de­fesa dos ho­rá­rios de tra­balho e a exi­gência da sua re­dução, o com­bate à pre­ca­ri­e­dade, a de­fesa dos di­reitos na con­tra­tação co­lec­tiva, do di­reito à greve, dos di­reitos de acção e or­ga­ni­zação sin­dical. O com­bate à al­te­ração para pior da le­gis­lação la­boral (de­sig­na­da­mente a fa­ci­li­tação dos des­pe­di­mentos com a re­dução das in­dem­ni­za­ções e o des­pe­di­mento ar­bi­trário e a ex­pro­pri­ação da con­tra­tação co­lec­tiva aos sin­di­catos), à re­dução do sub­sídio de de­sem­prego, ao ataque à Se­gu­rança So­cial com a trans­fe­rência dos des­contos dos tra­ba­lha­dores para os lu­cros do ca­pital, aos des­pe­di­mentos e ao de­sem­prego, cons­ti­tuem igual­mente ob­jec­tivos da maior im­por­tância.

A luta dos tra­ba­lha­dores en­volve também ob­jec­tivos co­muns a ou­tros sec­tores e à ge­ne­ra­li­dade do povo por­tu­guês como a luta contra as pri­va­ti­za­ções e a ex­tinção de em­presas e ser­viços pú­blicos, a luta contra o au­mento dos preços ou em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, da Es­cola Pú­blica e de um sis­tema de trans­portes pú­blicos.

As di­fe­rentes classes e ca­madas so­ciais que estão a ser for­te­mente atin­gidas pela po­lí­tica ao ser­viço do ca­pital mo­no­po­lista na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal têm na acção e na luta o único ca­minho para a de­fesa dos seus in­te­resses. A si­tu­ação exige que se de­sen­volva, a partir dos ob­jec­tivos es­pe­cí­ficos, a luta dos micro, pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, dos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores, dos re­for­mados, das pes­soas com de­fi­ci­ência, dos imi­grantes, das mu­lheres e ju­ven­tude.

A luta dos tra­ba­lha­dores e das massas po­pu­lares pelos seus ob­jec­tivos con­cretos e ime­di­atos deve ser en­qua­drada numa con­ver­gência geral para com­bater e der­rotar o pacto de sub­missão e agressão, pela rup­tura e mu­dança, por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, na de­fesa e afir­mação do pro­jecto con­subs­tan­ciado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa, de de­mo­cracia po­lí­tica, eco­nó­mica, so­cial e cul­tural, da so­be­rania na­ci­onal, e na luta por uma so­ci­e­dade livre da ex­plo­ração.

 

2. O Co­mité Cen­tral saúda a luta dos tra­ba­lha­dores nos vá­rios sec­tores, de todos os que ven­cendo di­fi­cul­dades e obs­tá­culos, ame­aças, con­di­ci­o­na­mentos e re­pressão, usam os seus di­reitos e fazem ouvir a força da sua razão e des­taca os êxitos ob­tidos no­me­a­da­mente pelos tra­ba­lha­dores do sector fer­ro­viário.

O Co­mité Cen­tral saúda os tra­ba­lha­dores dos Es­ta­leiros Na­vais de Viana do Cas­telo pela sua im­por­tante luta em de­fesa dos postos de tra­balho, da pro­dução na­ci­onal, da ga­rantia da con­ti­nui­dade e de­sen­vol­vi­mento do único grande es­ta­leiro com ca­pa­ci­dade de pro­jecto e cons­trução naval que hoje existe em Por­tugal, sa­li­en­tando que a sua luta contra a pri­va­ti­zação da em­presa é a luta de todos os tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês.

O Co­mité Cen­tral apela ao de­sen­vol­vi­mento e in­ten­si­fi­cação da luta de massas, su­blinha a im­por­tância da se­mana de luta pro­mo­vida pela CGTP-IN entre 11 e 15 de Julho, com ac­ções em todo o País de que se des­tacam as ac­ções dia 14 no Porto e em Lisboa, e des­taca o En­contro/​Con­vívio, contra a pre­ca­ri­e­dade e o de­sem­prego pro­mo­vido pela In­ter­jovem e ou­tras es­tru­turas no pró­ximo dia 9 de Julho em Lisboa sob o lema «To­memos nas nossas mãos, os des­tinos das nossas vidas».

O Co­mité Cen­tral apela ao em­pe­nha­mento dos co­mu­nistas e à par­ti­ci­pação dos tra­ba­lha­dores e das massas po­pu­lares e sa­li­enta que este é um tempo de es­cla­re­ci­mento, de uni­dade, or­ga­ni­zação e luta, tempo de pros­se­guir as po­de­rosas ac­ções dos úl­timos anos em que a par das di­ver­si­fi­cadas formas de luta, so­bres­saem grandes ma­ni­fes­ta­ções e greves, de­sig­na­da­mente a Greve Geral de 24 de No­vembro de 2010. Um tempo de avanço para uma nova fase das luta dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês.

 

IV

For­ta­lecer a acção e ini­ci­a­tiva po­lí­ticas, re­forçar o Par­tido

 

1. A si­tu­ação criada com a po­lí­tica de di­reita e de ab­di­cação na­ci­onal, re­flec­tindo o pro­cesso de in­te­gração na União Eu­ro­peia e a na­tu­reza do ca­pi­ta­lismo, as con­sequên­cias do seu pros­se­gui­mento, co­locam o im­pe­ra­tivo da in­ten­si­fi­cação da in­ter­venção po­lí­tica e da luta de massas como o único ca­minho capaz de as­se­gurar a rup­tura e mu­dança, na con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda e da afir­mação da de­mo­cracia avan­çada e do so­ci­a­lismo para Por­tugal.

O Co­mité Cen­tral aponta como di­rec­ções prin­ci­pais de in­ter­venção na ac­tual si­tu­ação:

‒        a di­na­mi­zação da in­ter­venção e ini­ci­a­tiva po­lí­tica pró­pria do Par­tido, no plano na­ci­onal, no plano re­gi­onal, local e sec­to­rial, bem como da acção dos eleitos do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica, no Par­la­mento Eu­ropeu, nas As­sem­bleias Le­gis­la­tivas das Re­giões Au­tó­nomas e nas au­tar­quias lo­cais;

a in­ter­venção a todos os ní­veis para o es­cla­re­ci­mento, a uni­dade, a or­ga­ni­zação e a mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores e das massas po­pu­lares vi­sando o de­sen­vol­vi­mento, alar­ga­mento e in­ten­si­fi­cação da luta;

o con­tri­buto para o for­ta­le­ci­mento das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas, com par­ti­cular des­taque para a CGTP-IN e o Mo­vi­mento Sin­dical Uni­tário, da sua in­fluência, en­rai­za­mento, ca­pa­ci­dade de in­ter­venção e mo­bi­li­zação, am­pli­tude uni­tária em torno das áreas e sec­tores es­pe­cí­ficos onde in­tervêm e na con­ver­gência geral da sua acção;

o de­sen­vol­vi­mento do tra­balho po­lí­tico uni­tário, com o pros­se­gui­mento e de­sen­vol­vi­mento de con­tactos com sec­tores, per­so­na­li­dades e es­tru­turas, es­ti­mu­lando ac­ções e alar­gando o campo de re­sis­tência e luta, de exi­gência da rup­tura e mu­dança e con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda;

a in­ten­si­fi­cação da co­o­pe­ração e so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­listas, para a di­na­mi­zação da luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos, o com­bate à re­gressão so­cial na Eu­ropa e no mundo, o for­ta­le­ci­mento da frente anti-im­pe­ri­a­lista e do mo­vi­mento co­mu­nista e re­vo­lu­ci­o­nário in­ter­na­ci­onal;

o re­forço do Par­tido, con­cre­ti­zando as me­didas de­ci­didas pelo Co­mité Cen­tral no âm­bito da acção «Avante! Por um PCP mais forte» e con­si­de­rando as novas exi­gên­cias que a si­tu­ação co­loca.

 

2. O Co­mité Cen­tral do PCP aponta a ne­ces­si­dade de pro­mover aos vá­rios ní­veis a in­ter­venção e ini­ci­a­tiva do Par­tido, no plano na­ci­onal, na acção dos co­mu­nistas nos mo­vi­mentos e or­ga­ni­za­ções de massas, na ini­ci­a­tiva nas ins­ti­tui­ções, na in­ter­venção di­recta das or­ga­ni­za­ções par­ti­dá­rias e des­taca:

‒        a en­trega no pri­meiro dia de fun­ci­o­na­mento da As­sem­bleia da Re­pú­blica do pro­jecto de re­so­lução com a pro­posta pi­o­neira para a re­ne­go­ci­ação da dí­vida deu início à in­ter­venção do Grupo Par­la­mentar do PCP na ac­tual le­gis­la­tura. O PCP usou en­tre­tanto o seu di­reito de agen­da­mento po­tes­ta­tivo para que esta questão seja de­ba­tida ime­di­a­ta­mente após o de­bate do Pro­grama de Go­verno. Os de­pu­tados do PCP re­a­li­zarão uma jor­nada de con­tacto com as po­pu­la­ções e de di­vul­gação desta ini­ci­a­tiva antes da re­a­li­zação do de­bate. Já esta se­mana foram en­tre­gues ini­ci­a­tivas para a con­versão dos falsos re­cibos verdes em con­tratos de tra­balho, bem como para a vi­a­bi­li­zação e de­fesa do ca­rácter pú­blico dos Es­ta­leiros Na­vais de Viana do Cas­telo;

a re­a­li­zação duma jor­nada de acção po­lí­tica du­rante o mês de Julho sobre a re­ne­go­ci­ação da dí­vida pú­blica, a pro­dução na­ci­onal, os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, o roubo no sub­sídio de Natal e a le­gis­lação la­boral com a con­cre­ti­zação de ac­ções pú­blicas, de um co­mício em Lisboa no dia 8 de Julho, uma venda es­pe­cial do Avante! a 14 de Julho e ac­ções em todo o País até 24 de Julho;

a re­a­li­zação nas vá­rias re­giões, bem como em ou­tros sec­tores, de reu­niões abertas à par­ti­ci­pação da­queles que in­te­gram o es­paço de apoio à CDU e de ou­tros ci­da­dãos sem fi­li­ação par­ti­dária para troca de opi­niões sobre a a si­tu­ação do País e aponta a ne­ces­si­dade, no quadro da im­por­tância do tra­balho po­lí­tico uni­tário, de um pro­cesso alar­gado de con­tactos com pes­soas de di­versas áreas de ac­ti­vi­dade e de in­ter­venção;

a im­por­tância do en­vol­vi­mento de todo o Par­tido e da JCP na pre­pa­ração da Festa do Avante!, com a par­ti­ci­pação nas jor­nadas de tra­balho, a pro­moção e di­vul­gação, a venda da EP, as ta­refas de fun­ci­o­na­mento e a ela­bo­ração de con­teúdos, ele­mentos de­ci­sivos para o êxito da 35.ª edição da Festa do Avante!, como tes­te­munho de ale­gria, con­fi­ança e luta e afir­mação do pro­jecto do PCP, no ano do seu 90.º Ani­ver­sário.

 

O Co­mité Cen­tral su­blinha as par­ti­cu­lares exi­gên­cias e im­por­tância que a pre­pa­ração e re­a­li­zação das elei­ções para a As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira do pró­ximo mês de Ou­tubro as­sume no sen­tido de ga­rantir pelo re­forço da CDU, um con­tri­buto para a de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo da re­gião e para a afir­mação do pro­jecto al­ter­na­tivo ao rumo de in­sol­vência eco­nó­mica e de in­jus­tiças im­posto pelo PSD e por Al­berto João Jardim ao longo de mais de três dé­cadas e meia.

 

3. No quadro de agra­va­mento da si­tu­ação po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial, o Co­mité Cen­tral su­blinha a im­por­tância da to­mada de me­didas nas or­ga­ni­za­ções do Par­tido para a con­cre­ti­zação da acção «Avante! Por um PCP mais forte!» lan­çada pelo XVIII Con­gresso.

 

Quando se adensam as ten­ta­tivas de si­len­ci­a­mento do Par­tido e de des­va­lo­ri­zação do seu papel e in­ter­venção, o Co­mité Cen­tral do PCP rei­tera que a questão cen­tral, para ga­rantir a res­posta que a grave si­tu­ação po­lí­tica exige, para a de­núncia das con­sequên­cias da po­lí­tica de di­reita e para a afir­mação das pro­postas al­ter­na­tivas do PCP, é o re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária, o re­forço da sua ini­ci­a­tiva po­lí­tica, o re­forço da sua acção po­lí­tica e ide­o­ló­gica, a afir­mação do seu pro­jecto, va­lores e ideais.

O CC chama par­ti­cu­lar­mente a atenção para o de­sen­vol­vi­mento das se­guintes li­nhas de tra­balho:

‒        o pros­se­gui­mento da dis­cussão em todas as or­ga­ni­za­ções sobre o novo quadro po­lí­tico e sobre as ta­refas que estão co­lo­cados aos co­mu­nistas;

o fun­ci­o­na­mento re­gular das or­ga­ni­za­ções de base, com o re­forço da ca­pa­ci­dade de di­recção do Par­tido a todos os ní­veis, o apro­fun­da­mento do tra­balho co­lec­tivo, a as­sumpção da ini­ci­a­tiva po­lí­tica cor­res­pon­dente e a to­mada das me­didas or­ga­ni­za­tivas para o seu re­forço;

a ava­li­ação da linha de res­pon­sa­bi­li­zação de qua­dros e a con­si­de­ração de novas me­didas, com o acom­pa­nha­mento e ajuda por parte dos or­ga­nismos de di­recção;

o re­forço da es­tru­tura par­ti­dária, in­cluindo a cri­ação de cé­lulas es­pe­cí­ficas de ca­ma­radas re­for­mados; a in­ten­si­fi­cação do tra­balho junto de ca­madas so­ciais es­pe­cí­ficas, a in­ten­si­fi­cação da mi­li­tância e a in­te­gração de ca­ma­radas em or­ga­nismos;

uma atenção re­do­brada à im­plan­tação do Par­tido junto da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores, nas em­presas e lo­cais de tra­balho, com es­pe­cial atenção às em­presas com mais de 1000 tra­ba­lha­dores e ou­tras con­si­de­radas pri­o­ri­tá­rias;

o apro­fun­da­mento da li­gação do Par­tido às massas po­pu­lares, aos seus pro­blemas e as­pi­ra­ções, de­sen­vol­vendo, em cada uma das or­ga­ni­za­ções as ex­pe­ri­ên­cias po­si­tivas da acção «Um milhão de con­tactos por uma política patriótica e de es­querda»;

o alar­ga­mento do re­cru­ta­mento para o Par­tido, na base de lis­ta­gens de pes­soas a con­tactar, em par­ti­cular jo­vens, ope­rá­rios, mu­lheres e ac­ti­vistas das or­ga­ni­za­ções so­ciais de massas e a con­cre­ti­zação da in­te­gração par­ti­dária dos novos mi­li­tantes;

o re­forço da ca­pa­ci­dade fi­nan­ceira do Par­tido – questão de­ci­siva para o êxito das ta­refas que temos pela frente – com a de­fi­nição de ob­jec­tivos quanto à evo­lução de quo­ti­za­ções pagas e do seu valor e ao au­mento das con­tri­bui­ções e com a cri­ação de es­tru­turas para a dis­cussão desta questão e para a to­mada de me­didas;

o re­forço das es­tru­turas de pro­pa­ganda nas or­ga­ni­za­ções de Par­tido para ga­rantir uma ca­pa­ci­dade de res­posta ime­diata aos de­sen­vol­vi­mentos do si­tu­ação po­lí­tica e so­cial;

o de­sen­vol­vi­mento da afir­mação po­lí­tica e ide­o­ló­gica do Par­tido, dos seus va­lores e pro­jecto, o que in­clui uma maior pro­moção do Avante!, da re­vista O Mi­li­tante e do con­junto dos ma­te­riais edi­tados pelas Edi­ções Avante!, bem como a pro­gra­mação de ac­ções de de­bate e for­mação ide­o­ló­gica.

 

4. O Co­mité Cen­tral di­rige-se às or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do Par­tido e da JCP sau­dando a sua mi­li­tância e em­penho, para que se pre­parem para a in­ten­si­fi­cação da acção po­lí­tica e da luta, su­bli­nhando que nas cir­cuns­tân­cias em que vi­vemos e vamos viver o seu papel é de­ci­sivo para que o Par­tido, com os tra­ba­lha­dores, a ju­ven­tude e o povo por­tu­guês, di­na­mize a re­sis­tência e abra um ca­minho de de­sen­vol­vi­mento, jus­tiça e pro­gresso so­cial que tem no pro­jecto do PCP a mais só­lida ga­rantia.

O Co­mité Cen­tral do PCP di­rige-se aos tra­ba­lha­dores, à ju­ven­tude, ao povo por­tu­guês nesta si­tu­ação di­fícil apon­tando o ca­minho da luta e da al­ter­na­tiva, sa­li­en­tando que está nas suas mãos a mu­dança de que Por­tugal pre­cisa e as­su­mindo que po­derão contar com o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, como pu­deram contar ao longo das nove dé­cadas da sua he­róica his­tória na afir­mação do seu ina­ba­lável com­pro­misso de fu­turo com a li­ber­dade, a de­mo­cracia e o so­ci­a­lismo.

 

Lisboa, 2 de Julho de 2011

 

O Co­mité Cen­tral do

Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês