Pobreza energética aumenta no Reino Unido
Desde que os efeitos da crise se agravaram em 2008, o número de famílias no Reino Unido em situação de «pobreza energética» aumentou um milhão, segundo revela um relatório divulgado dia 16, pelo Ministério da Energia (Department of Energy and Climate Change).
Embora só disponham de dados relativos a 2009, as autoridades britânicas confirmam que 5,5 milhões de famílias (mais 22,5 por cento que em 2008) eram obrigadas a destinar mais de dez por cento dos seus rendimentos para pagar as facturas de energia.
Como assinala o próprio relatório, este índice tem aumentado constantemente desde 2004, em consequência da acentuada subida dos preços, que só em 2009 foram agravados em 14 por cento no que respeita ao gás e em nove por cento para a electricidade.
Entretanto, os gigantes privatizados da energia, como a British Gas ou a Scottish Poweravait, acabam de anunciar novos aumentos escandalosos de 18 por cento para o gás e 16 por cento para a electricidade, no primeiro caso, e 19 e dez por cento respectivamente no caso da segunda empresa.
Espera-se que as restantes multinacionais que operam no sector, nomeadamente a francesa EDF ou a alemã Eon, façam anúncios semelhantes, restringindo cada vez mais o acesso dos britânicos a este serviço essencial.
Segundo a associação de consumidores Consumer focus, as novas tarifas provocarão um agravamento médio de 100 libras (114 euros) da factura anual das famílias, sobrecarga que tem como único objectivo a acumulação de mais lucros.
O facto é que a British Gas registou no último exercício lucros recorde de 742 milhões de libras (845 milhões de euros), ou seja, mais 27 por cento do que no ano anterior. Quanto à Scottish Power, apesar da sua pequena dimensão relativa alcançou lucros de 1,2 mil milhões de libras (1,38 mil milhões de euros).
Estes lucros são o resultado conjugado da descida dos preços internacionais (menos 30% em relação ao pico de 2008) e da subida das tarifas do gás e electricidade (21 e 44% respectivamente), desde aquela data.