Os povos do Médio Oriente e Norte de África prosseguiram esta semana os protestos pela democratização das respectivas nações. No Egipto, centenas de milhares de pessoas desafiaram as advertências do Conselho Militar e voltaram a encher a emblemática Praça Tahir, no Cairo, e as ruas de outras grandes cidades para exigirem maior celeridade nos processos contra responsáveis da ditadura liderada por Hosni Mubarak, bem como o afastamento de membros das forças envolvidos na repressão dos protestos iniciados em Janeiro deste ano.
Os manifestantes acusaram ainda as Forças Armadas de faltarem ao prometido aquando do derrube do regime, e de nada fazerem para a realização de eleições gerais em Setembro, por isso exigiram medidas tangíveis que indiquem transformações de sentido progressista.
Sem outro rumo que não seja o de tentar aplacar a onda de contestação popular, o primeiro-ministro interino, Esam Sharaf, demitiu o vice-primeiro-ministro, Yehia Gamal, promoveu o afastamento de mais de 600 polícias e lançou uma consulta no Facebook questionando quais as personalidades que deveria chamar para a anunciada remodelação governamental. As respostas jucosas à iniciativa são um sintoma do descrédito do poder vigente.
Em Marrocos, por seu lado, dezenas de milhares prosseguiram, domingo, as acções de contestação ao referendo constitucional promovido por Mohamed VI, iniciativas acompanhadas por contra-manifestações de apoio à monarquia, enquanto que no Iémen, no mesmo dia, uma multidão contestou o presidente Ali Saleh. Em Taez, os manifestantes aproveitaram o 33.º aniversário da chegada de Saleh ao poder para reiterarem a exigência da sua demissão, e denunciarem a repressão policial que, na sexta-feira, voltou a provocar vítimas na cidade.
Já no Bahrein, o principal grupo opositor ao regime retirou-se do fórum de diálogo nacional qualificando a iniciativa de arremedo de diálogo, e na Jordânia uma manifestação de dezenas de jornalistas na capital, Amã, terminou em confrontos com a polícia. O presidente da Associação de Imprensa local disse que os profissionais da comunicação social caíram numa armadilha, já que o protesto seguido por centenas de jovens tinha sido autorizado.
Na Tunísia, em Sidi Bouzid, cidade onde se iniciou a revolta que derrubou o regime de Ben Ali, os protestos de domingo terminaram com a morte de um rapaz de 14 anos.