Jerónimo de Sousa no distrito do Porto

Fazer frente à ofensiva

Je­ró­nimo de Sousa par­ti­cipou, no sá­bado, em dois co­mí­cios no dis­trito do Porto – junto à praia, em Vila Nova de Gaia, e na tra­di­ci­onal Festa da Uni­dade em São Pedro da Cova. Duas ex­pres­sivas afir­ma­ções pú­blicas da ne­ces­si­dade de Fazer Frente! à ofen­siva contra os di­reitos do povo por­tu­guês.

Po­lí­tica de di­reita não vai durar para sempre

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O úl­timo sá­bado foi mais um da­queles dias atí­picos de Agosto com que este Verão nos tem pre­sen­teado. Pe­rante a manhã de chuva in­tensa no dis­trito do Porto e o co­mício ao ar livre mar­cado para as 16 horas – à beira-mar, ainda por cima – cer­ta­mente foram muitos os que se in­ter­ro­garam se exis­ti­riam con­di­ções para re­a­lizar a ini­ci­a­tiva pro­mo­vida pela or­ga­ni­zação con­ce­lhia de Vila Nova de Gaia.

Como se não bas­tasse o facto de a Câ­mara Mu­ni­cipal ter pro­cu­rado co­locar en­traves à re­a­li­zação da­quele co­mício e re­mo­vido ile­gal­mente a pro­pa­ganda que o anun­ciava, a chuva co­piosa que se abatia sobre Mi­ramar afi­gu­rava-se como mais um obs­tá­culo a ul­tra­passar.  

Mas a chuva foi de pouca dura e, à hora mar­cada para o início do co­mício, quem se apro­xi­mava do local en­con­trava uma mul­tidão ro­de­ando o palco do PCP, com o seu fundo ver­melho em gar­rido con­traste com o céu azul que en­tre­tanto se havia fi­xado sobre a Ave­nida do Se­nhor da Pedra.

E foi nesse belo ce­nário que Diana Fer­reira deu início – pe­rante as cen­tenas de pes­soas ali pre­sentes – à in­ter­venção da Co­missão Con­ce­lhia de Vila Nova de Gaia, des­cre­vendo o con­traste das zonas pri­vi­le­gi­adas do con­celho, de que a mar­ginal de Gaia é exemplo, com as res­tantes fre­gue­sias, aban­do­nadas pela Câ­mara Mu­ni­cipal, mas onde ha­bitam 90 por cento dos gai­enses.

De se­guida in­ter­veio o Se­cre­tário-geral do PCP que co­meçou por dizer que «vale sempre a pena re­sistir e per­sistir», pois da mesma forma que o mau tempo cli­ma­té­rico pode mudar, também o tempo das po­lí­ticas de di­reita não pode durar para sempre e com a luta do povo por­tu­guês também esse há-de passar. Je­ró­nimo de Sousa, alu­dindo às úl­timas elei­ções, em que o povo, can­sado de Só­crates e da sua po­lí­tica, optou pela su­posta al­ter­na­tiva do PSD, re­cordou os avisos então feitos pelo PCP e que di­ziam ser falsa essa al­ter­na­tiva, que «PSD, tal como o CDS, iden­ti­ficam-se com o pro­grama da troika. São fa­rinha do mesmo saco». E que, de facto, «foi pre­ciso pouco tempo para de­mons­trar a razão dos nossos alertas». «O que é mar­cante na ac­tual si­tu­ação do País não é o pro­grama do Go­verno, é o pro­grama da troika

 

Há al­ter­na­tiva

 

A me­dida em­ble­má­tica deste Go­verno, o roubo de parte subs­tan­cial do sub­sídio de Natal, «visa mos­trar ser­viço e au­mentar a ex­plo­ração e in­jus­tiça», de tal forma que «o Go­verno neste pouco tempo de exer­cício tem sido mais troi­kista que a troika», acusou o di­ri­gente do PCP. Também em re­lação aos au­mentos bru­tais do custo dos trans­portes, Je­ró­nimo de Sousa re­feriu que «par­ti­cu­lar­mente a se­guir ao início do ano es­colar as pes­soas vão ter de fazer contas à vida», com o «au­mento dos im­postos, com os sa­lá­rios e pen­sões con­ge­lados e com me­didas destas, o Go­verno vai in­fer­nizar cada vez mais a vida às fa­mí­lias».

«Em con­tra­par­tida, deixa-se in­to­cá­veis as grandes for­tunas e in­te­resses dos po­de­rosos» e, para de­mons­trar que afinal os sa­cri­fí­cios e aus­te­ri­dade não são para todos, o Se­cre­tário-geral do PCP re­cordou as úl­timas no­tí­cias que dão conta da banca na­ci­onal ter tido menos lu­cros do que no ano pas­sado: «não foram ca­pazes de dizer esta coisa sim­ples: mesmo assim ti­veram 2,5 mi­lhões de euros de lucro por dia! Isto no tal sector em crise e que vai re­ceber a fatia grossa do em­prés­timo da troika.» Con­cluindo, «para esses há sempre lucro, há sempre ga­ran­tias».

Pe­rante esta si­tu­ação, con­ti­nuou Je­ró­nimo de Sousa, vem o Go­verno com um Plano de Emer­gência So­cial, para «acudir aos po­bres», um plano que, na opi­nião do PCP, car­rega uma dra­má­tica marca de classe e visa lançar sobre os po­bres um es­tigma, pois mais do que serem aju­dados, o que qerem fun­da­men­tal­mente, como su­blimhou Je­ró­nimo de Sousa, «Se um pobre gosta de ser aju­dado», disse Je­ró­nimo de Sousa, «é deixar de ser pobre, en­con­trar tra­balho, so­lu­ções para a sua vida, e não per­pe­tuar a sua si­tu­ação de po­breza». «É com ci­nismo que falam dos po­bres, pois estão a roubar o pão a muitos e de­pois dão uma mi­galha para com­pensar.»

Exemplo disto, acres­centou, é a forma como pro­curam «em­ba­ra­tecer o des­pe­di­mento», uma me­dida que nada tem a ver com a crise eco­nó­mica e fi­nan­ceira. O que o Go­verno propõe é «al­terar a le­gis­lação la­boral apenas para au­mentar a ex­plo­ração, au­mentar ainda mais as de­si­gual­dades» e que terá como con­sequên­cias o agra­va­mento do de­sem­prego e a re­cessão. Já o PCP de­fende um «rumo al­ter­na­tivo» a esta po­lí­tica: a re­ne­go­ci­ação da dí­vida, em termos justos, as­so­ciada ao au­mento da pro­dução na­ci­onal e à cri­ação de em­prego, pois se não o fi­zermos, «a si­tu­ação será ainda mais dra­má­tica».


Um dos mai­ores co­mí­cios de sempre
na Festa da Uni­dade

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Não houve ex­cepção à regra e a Co­missão de Fre­guesia de São Pedro da Cova do PCP voltou a or­ga­nizar, nos dias 5 e 6, mais uma Festa da Uni­dade, re­a­li­zação ímpar no pa­no­rama local, con­ce­lhio ou mesmo re­gi­onal. Com mais de 30 edi­ções re­a­li­zadas, a edição deste ano contou com um ele­mento que a di­fe­ren­ciava das an­te­ri­ores: a pre­sença do Se­cre­tário-geral do PCP tor­nava aquele mo­mento po­lí­tico, todos os anos com en­contro mar­cado para sá­bado à noite, numa oca­sião de re­do­brada afir­mação do Par­tido. E nem a chuva, que também sobre este local tombou du­rante quase toda a ma­dru­gada e manhã, con­se­guiu as­sustar a or­ga­ni­zação – tal como já é há­bito nas ini­ci­a­tivas em que os co­mu­nistas se em­pe­nham.

Quando Je­ró­nimo de Sousa chegou, o mú­sico Jorge Lomba brin­dava os pre­sentes com cân­ticos que chei­ravam a Abril, mú­sica essa que acom­pa­nhou a re­cepção ca­lo­rosa com que os pre­sentes sau­daram a pre­sença do Se­cre­tário-geral do Par­tido.

Pouco de­pois chegou o mo­mento das in­ter­ven­ções po­lí­ticas, ca­bendo a Hum­berto Sousa, da Co­missão de Fre­guesia do PCP e da Junta de Fre­guesia de São Pedro da Cova, a in­ter­venção que foi de sau­dação aos pre­sentes, aos que con­tri­buíram para o êxito da festa, e que abordou ainda as­pectos da re­a­li­dade local e da luta que tem sido tra­vada no úl­timo ano em torno da ne­ces­sária re­moção dos re­sí­duos tó­xicos de­po­si­tados em São Pedro da Cova.

Je­ró­nimo de Sousa falou logo em se­guida, tra­zendo à Festa da Uni­dade a men­sagem do Par­tido, o apelo à mo­bi­li­zação, à luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções por uma vida me­lhor, contra a ofen­siva brutal de­se­nhada pelo PSD/​CDS/​PS e pela troika es­tran­geira. O Se­cre­tário-geral do PCP falou para vá­rias cen­tenas de pes­soas, que o ou­viram aten­ta­mente, num dos mai­ores co­mí­cios de sempre a que aquela Festa deu corpo e re­a­firmou que «ao con­trário do que dizem os de­fen­sores desta po­li­tica de de­sastre na­ci­onal, o País e os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses não estão pe­rante ine­vi­ta­bi­li­dades e existem ou­tras al­ter­na­tivas», re­for­çando as pro­postas pelas quais o Par­tido se tem vindo a bater.

O Se­cre­tário-geral do PCP apro­veitou a oca­sião para saudar a or­ga­ni­zação local, uma vez que em 2007, aquando da inau­gu­ração do novo Centro de Tra­balho, os co­mu­nistas da fre­guesia es­ta­be­le­ceram um com­pro­misso fi­nan­ceiro com a es­tru­tura cen­tral do Par­tido, sal­dado antes do tempo es­ta­be­le­cido.



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