Solidariedade com os trabalhadores

Com os votos contra do PS e do PSD, fiéis de­fen­sores do poder eco­nó­mico e dos in­te­resses dos grupos fi­nan­ceiros, os ve­re­a­dores do PCP na Câ­mara do Seixal ma­ni­fes­taram, numa to­mada de po­sição, o seu «apoio» e «so­li­da­ri­e­dade» para com as an­tigas tra­ba­lha­doras da Mundet.

Uma po­sição to­mada em reu­nião de Câ­mara, após a con­clusão de um mo­roso pro­cesso (cerca de 23 anos), com os tri­bu­nais a con­cluírem que, de cerca de um mi­lhão de euros de in­dem­ni­za­ções e sa­lá­rios em atraso, a verba a atri­buir aos tra­ba­lha­dores só será de nove mil, com mon­tantes a va­riar entre os 0,26 e os 30 euros por pessoa. Por seu lado, as in­dem­ni­za­ções de­ci­didas a favor das en­ti­dades ban­cá­rias as­cen­deram a mais de cinco mi­lhões de euros, o que acentua a in­jus­tiça da de­cisão.

Desta forma, os ve­re­a­dores co­mu­nistas ma­ni­fes­taram a sua «pro­funda in­dig­nação pela de­cisão to­mada pelos tri­bu­nais, so­li­da­ri­zando-se com os tra­ba­lha­dores e as suas fa­mí­lias, la­men­tando que estes con­ti­nuem a ser pre­ju­di­cados em prol do sector fi­nan­ceiro, de que este pro­cesso é mais um exemplo», e as­su­miram «o em­penho [da­quele órgão au­tár­quico] na pre­ser­vação da me­mória his­tó­rica e cul­tural do tra­balho e da in­dús­tria cor­ti­ceira do con­celho do Seixal e das tra­di­ções ope­rá­rias das suas co­mu­ni­dades».

A fá­brica da Mundet, ins­ta­lada no Seixal desde 1905, re­pre­sentou um dos ex­po­entes má­ximos da in­dus­tri­a­li­zação do con­celho, con­tri­buindo de forma muito re­le­vante para a pro­dução na­ci­onal cor­ti­ceira, e che­gando a ter 2500 tra­ba­lha­dores (em 1938).

A partir de 1974, no quadro da Re­vo­lução de Abril, as­sistiu-se a um pro­cesso de luta dos tra­ba­lha­dores, pela re­cu­pe­ração e vi­a­bi­li­zação da Mundet, em­presa que se en­con­trava em fa­lência de­vido a pro­blemas de gestão, e que re­toma novo fô­lego graças a uma co­missão ad­mi­nis­tra­tiva no­meada pelo go­verno da al­tura. O en­cer­ra­mento da fá­brica, em 1988, foi con­sequência da de­cisão de um go­verno de Mário So­ares, ao não trans­formar a Mundet numa em­presa de ca­pital pú­blico, op­tando por en­tregar a sua gestão aos an­tigos pro­pri­e­tá­rios, le­vando ao seu de­fi­nha­mento.

Ao todo, foram lan­çados no de­sem­prego vá­rias cen­tenas de tra­ba­lha­dores, com sa­lá­rios em atraso, re­pre­sen­tando um duro golpe na eco­nomia local e na­ci­onal, com graves con­sequên­cias do ponto de vista so­cial.

Em 1996, a Câ­mara do Seixal ad­quiriu a an­tiga fá­brica cor­ti­ceira por 3,1 mi­lhões de euros, com o ob­jec­tivo de pre­servar o pa­tri­mónio e con­tri­buir para as­se­gurar o res­sar­ci­mento dos tra­ba­lha­dores, o que não veio a su­ceder, como se cons­tata com a de­cisão do Tri­bunal da Re­lação de Lisboa. «Esta de­cisão des­res­peita pro­fun­da­mente os tra­ba­lha­dores, o valor do tra­balho e a his­tória da fá­brica e dos seus ope­rá­rios», lê-se no do­cu­mento apro­vado no dia 10 de Agosto.



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